Textos Históricos da Revolução

Organização e introdução de Orlando Neves


DO COPCON (16/6/1975) — O CASO REPÚBLICA


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1 — Conforme é do conhecimento público foi determinado por este Comando, obtida a concordância da administração, a reabertura do jornal «República» para o dia 16, em hora a determinar oportunamente.

2 — Por acordo com um elemento da administração, foi marcada a desselagem e abertura das instalações para as 16 horas, tendo comparecido no local elementos do COPCON, além do referido administrador.

3 — Entre as 16 e as 16.50, desenrolaram-se conversações entre os representantes do COPCON e da administração, tendo sido por aqueles garantido o cumprimento da Lei de Imprensa e das resoluções do Conselho da Revolução, nomeadamente quanto a não despedimentos e não saneamentos, tendo-se procedido à desselagem pelas 16.55.

4 — A administração do jornal, dizendo não acreditar nas garantias dadas pelo COPCON, declarou não aceitar a desselagen negando-se a cumprir o determinado pelo Conselho da Revolução. Negou-se, ainda, ao pagamento de 10 dias de salário, contrariando o compromisso assumido perante os trabalhadores do «República» e o próprio Conselho da Revolução.

5 — Às 18.45 foi entregue no comando do COPCON um carta da administração na qual esta não autorizava a desselagem do jornal, contrariando tudo o que anteriormente fora combinado e desrespeitando o parecer do Conselho da Revolução.

6 — Às 19 horas foi o «República» aberto simbolicamente como garantia do direito ao trabalho, tendo sido fechado de imediato atendendo ao horário de encerramento habitual.

7 — Foram entregues simbolicamente as chaves de uma mesma entrada a um representante da administração e a outra da comissão de trabalhadores, tendo também o representante djj COPCON ficado com um exemplar.

8 — As instalações foram novamente seladas para garantia de que nelas não penetrem elementos durante a noite. Serão desseladas, em princípio, às 8 horas do dia 17.

9 — Lamenta o COPCON as atitudes contraditórias da administração do «República», o seu desrespeito pelo direito ao trabalho e a sua não observância quanto às decisões do Conselho da Revolução, o que não contribui de modo algum para o avanço do processo revolucionário que, devendo empenhar todos os Portugueses conscientes, tão mal compreendido é por alguns.

continua>>>
Inclusão 14/05/2019