O Trabalho de Educação no Partido Comunista Húngaro

Zoltan Biró


Primeira edição: ....
Fonte: Problemas Revista Mensal de Cultura Política, nº 4, novembro 1947.
Transcrição e HTML: Fernando A. S. Araújo.
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Matias Rakosi
Ministro húngaro
e líder comunista

A partir de 1919, os comunistas húngaros foram obrigados a prosseguir clandestinamente sua atividade; assim, ficaram privados, durante vinte e cinco anos ininterruptos de estudar o marxismo às claras. Com a libertação do país pelo Exército Vermelho, o pequeno Partido formado por um punhado de bravos militantes transformou-se num potente Partido de massas. Foi então que se fez sentir a falta de quadros experimentados, conhecedores da ideologia marxista-leninista e da política comunista, o que entravava enormemente a capacidade de ação do Partido. Eis porque a direção do nosso Partido teve um cuidado todo especial com a educação e a instrução dos quadros. Imediatamente após a libertação, em março de 1945, abriram-se escolas centrais do Partido, ministrando-se cursos de seis semanas e de três meses. A seguir, nossa rede de educação desenvolveu-se rapidamente e mais de 65.000 membros receberam um ensino regular da parte do Partido.

Nossa atividade no trabalho de educação baseia-se no seguinte plano: — um curso de seis meses com 50 participantes e três cursos de dois meses com 150 a 200 participantes. É através desses cursos que estamos formando nossos quadros superiores e médios. Durante um ano e meio, mais de 1.500 camaradas os seguiram. Ao lado desses cursos centrais, temos escolas estaduais de três semanas — atualmente em número de 23 — com cerca de 400 participantes. Por esses cursos estaduais passaram, até agora, 10.000 camaradas. Além desses cursos do Partido com caráter geral, temos também cursos especiais: cursos de duas a três semanas para os camaradas que trabalham nas organizações da Juventude, cursos especiais para nossos quadros das minas de carvão, de responsáveis culturais para os camaradas que trabalham na administração pública, na economia.

Nos últimos meses funcionam, também, cursos noturnos do Partido, com a duração de um a dois meses, para os camaradas que não podem deixar seu trabalho durante o dia, e, em primeiro lugar, para os ativistas das empresas.

Ao lado das escolas do Partido, esses cursos — chamados seminários noturnos do Partido, cujo número passa de 1.000 e nos quais tomam parte ao mesmo tempo 15 a 20.000 camaradas, — desempenham um grande papel em nossas atividades práticas no trabalho de educação. Depois de passar pelos seminários para principiantes, uma boa parte dos alunos segue os seminários médios, e dali, se termina bem o curso, passa aos seminários de grau superior ou ideológicos.

Toda a rede de escolas do Partido funciona segundo as diretivas emitidas pela Seção de Propaganda do Comitê Central, de acordo com métodos adequados e com folhetos e outros materiais de ensino fornecidos pela Seção de Propaganda. O método fundamental do nosso ensino é o seguinte: — exposição do assunto, estudo pessoal ou em grupo, e, depois, seminário — discussão das diferentes questões e perguntas. Os participantes das escolas centrais fazem os seus trabalhos práticos, também fora da escola.

Ultimamente, foi inaugurada a Academia Política do nosso Partido, com uma série de 20 conferencias, visando atingir, sobretudo, as camadas intelectuais e os simpatizantes, frequentados por cerca de 5 a 6 mil pessoas, em média. Para os operários organizamos, também, em Budapeste, a Academia Operária, com 10 cursos contando 2.000 participantes. Além disso, organizamos as reuniões científicas e artísticas de discussão, do Partido Comunista Húngaro, com cinco séries de conferencias, — para engenheiros, pedagogos, juristas, escritores e para os artistas. Nos Estados, fundamos igualmente Academias Políticas em 12 cidades, para os intelectuais do Partido. No campo, lançamos o que se chama — serões de inverno do "Szabad Fold" ("Terra Livre" — órgão camponês do Partido Comunista Húngaro). Esses serões são constituídos de uma série de 15 conferencias que tratam de questões sociais, culturais, agrícolas e outras, destinadas não somente aos camponeses comunistas, mas a todos os demais camponeses que deles queiram participar.

Atualmente estamos organizando também os estudos individuais por correspondência, com uma direção central, sobretudo para que os quadros que já seguiram uma escola do Partido possam aperfeiçoar-se. Nos dois primeiros meses apresentaram-se 700 camaradas para esses cursos "à distância". O que mostra a sua importância.

A maior dificuldade, entretanto, que encontramos em nosso trabalho de educação é a escolha dos quadros que devem fazer as conferencias e a edição do material necessário ao ensino. Quarenta conferencistas trabalham em nossas escolas federais e estaduais, e, ao lado deles, os funcionários dirigentes e os chefes de seção do Partido se encarregam de cursos sobre os mais importantes problemas políticos e as questões práticas do trabalho do Partido. Para o ensino, editamos até agora mais de 150 folhetos diferentes. Faltam-nos alguns trabalhos fundamentais de marxismo e leninismo, sobretudo para os camaradas funcionários superiores do Partido.

A ampliação rápida de nossa rede de ensino não foi acompanhada de um melhoramento do nível qualitativo de nosso trabalho de educação. Nossa primeira tarefa no momento é, pois, assegurar além do "desenvolvimento" gradual da nossa rede de ensino, a melhoria do trabalho nas escolas do Partido, e na coordenação mais estreita de nosso sistema escolar com a vida prática partidária.


Inclusão 09/07/2015