A Teoria Leninista do Imperialismo Desenvolvida pelo Camarada Stálin

A. Leontiev


Primeira Edição: ......
Fonte: Problemas - Revista Mensal de Cultura Política nº 27 - Junho de 1950.
Transcrição e HTML: Fernando A. S. Araújo.
Direitos de Reprodução: A cópia ou distribuição deste documento é livre e indefinidamente garantida nos termos da GNU Free Documentation License.

foto Dimitrov

A teoria leninista-stalinista do imperialismo é uma das maiores realizações do marxismo militante e criador. Ela atesta claramente a grande força e a vitalidade da doutrina marxista, ciência vitoriosa, ciência das leis do desenvolvimento da sociedade humana que arma a classe operária na sua luta revolucionária pela supressão da escravidão capitalista e pela edificação de uma sociedade nova, comunista.

Marx e Engels, ao criar a concepção revolucionária do proletariado, analisaram cientificamente o capitalismo pré-monopolista de sua época. Partiam da ideia de que a revolução socialista venceria nas condições do capitalismo pré-monopolista. Vivendo e lutando no século XIX, não podiam chegar a outra dedução. Eles não viveram até a época do imperialismo e não podiam, portanto, fazer uma análise científica do mesmo.

Contudo, durante o último terço do século XIX e no começo do século XX, numerosos fenômenos novos surgiram nos países capitalistas avançados,, adquirindo pouco a pouco uma importância decisiva em sua vida econômica e política. A concentração da produção, atingindo a um nível elevado de desenvolvimento, conduziu à formação dos monopólios capitalistas, polvos gigantes que detêm os postos de comando na economia dos países burgueses. Ao atingir igualmente o domínio do crédito bancário, o processo de concentração do capital transformou os bancos, de modestos intermediários que eram, em centros financeiros todo-poderosos, que centralizam gigantescos volumes de capital. Em consequência da concentração da produção, que conduz à formação dos monopólios capitalistas e à fusão do capital bancário com o capital industrial, surgiu e se desenvolveu o capital financeiro, que ocupa uma posição dominante na economia e na política dos países capitalistas. Os magnatas do capital financeiro, a oligarquia financeira, concentraram nas suas mãos um poder e uma influência desconhecidos antes, em todos os domínios da vida da sociedade burguesa.

Paralelamente ao crescimento impetuoso do comércio mundial, que lançava massas gigantescas de mercadorias de um extremo a outro do mundo, um fenômeno característico do capital monopolista se propagou e adquiriu imensa importância: a exportação do capital. Nova forma de dependência econômica surgiu entre os países: as relações de escravização financeira da grande maioria da população do globo por um punhado de países monopolistas, usurários. Poderosos monopólios, gozando de um domínio sem reservas sobre os mercados internos, se lançaram à tarefa de dividir entre si o mercado mundial. Assim, surgiram os trustes internacionais — um dos frutos mais funestos da etapa monopolista do capitalismo. Enfim, o açambarcamento crescente das colônias, pelos Estados europeus, durante o último quartel do século passado, completou a partilha territorial do mundo entre as potências colonialistas. Nas condições do reforçamento agudo da desigualdade do desenvolvimento do capitalismo, se colocou na ordem do dia a luta encarniçada por uma nova partilha do mundo pela violência. A substituição da livre concorrência pela etapa monopolista se processou da seguinte forma: o desenvolvimento mais ou menos regular dos países capitalistas, considerados isoladamente, em que alguns deles se adiantavam e ultrapassavam outros, se transformou em desenvolvimento brusco, de caráter catastrófico, cheio de conflitos, de guerras, de choques armados e de cataclismas de âmbito mundial. Todas estas circunstâncias não podiam deixar de enfraquecer o capitalismo, o que fez surgir a possibilidade de rutura da cadeia imperialista no seu elo mais fraco.

As transformações essenciais que se operavam na vida econômica e política dos países capitalistas, em relação com a passagem à etapa monopolista do capitalismo, modificaram as condições da luta de classe do proletariado pela sua libertação da escravidão capitalista. O jugo monstruoso dos monopólios e em consequência, a tendência de uma reação feroz predominar sobre a arena política e social, a preparação de conflitos armados de âmbito mundial entre os principais Estados imperialistas, o crescimento das premissas para um assalto imediato contra as posições do capitalismo da parte da classe operária, exigiram desta última uma modificação fundamental de seus antigos métodos de luta, a sua substituição por novos métodos, mais decisivos, mais ativos e eficazes.

A nova etapa do desenvolvimento do capitalismo exigiu da parte dos marxistas uma análise científica. Os teóricos da Segunda Internacional de antes da primeira guerra mundial fracassaram completamente e traíram a causa da classe operária. Da mesma forma que os inimigos declarados do marxismo, os oportunistas da Segunda Internacional, sob a máscara mentirosa de “ortodoxia”, tentaram desarmar ideologicamente o proletariado.

Os revisionistas oficiais exigiram a substituição das posições fundamentais do marxismo pelos dogmas mentirosos e anticientíficos da ciência burguesa. Os traidores da classe operária, disfarçados de “ortodoxos” empregaram, por sua vez, todos os esforços para substituir a teoria revolucionária do marxismo pelo reformismo diluído da burguesia, por transformar a doutrina revolucionária do marxismo em um dogma morto, incapaz de desenvolvimento.

Na sua luta encarniçada contra os oportunistas da Segunda Internacional, Lênin e Stálin elevaram bem alto a bandeira do marxismo vivo, criador, que se desenvolve em relação com as transformações da situação histórica e que se enriquece com as experiências novas da luta de classes do proletariado.

Enquanto que os oportunistas se apegavam a posições particulares, já envelhecidas, do marxismo e as transformavam em dogmas a fim de frear o desenvolvimento ulterior do marxismo e desarmar o proletariado na sua lata contra a burguesia, Lênin e Stálin se colocaram no caminho do desenvolvimento da teoria marxista, enriquecendo-a com novas deduções baseadas sobre a nova experiência das lutas da classe operária.

A teoria leninista-stalinista do imperialismo é fundamental para a nova teoria da revolução socialista, criada pelos geniais dirigentes do Partido Bolchevique — teoria que demonstrou ser o guia para a ação na maior Revolução da história da humanidade. Antes, no período do capitalismo pré-imperialista, os marxistas pensavam que a vitória do socialismo num só país era impossível, que o socialismo seria vitorioso ao mesmo tempo em todos os países capitalistas avançados.

Baseando-se no estudo do capitalismo imperialista, Lênin e Stálin, partindo das bases da teoria marxista, rejeitaram tal posição como envelhecida e a substituíram por uma posição teórica nova, segundo a qual a vitória simultânea do socialismo em todos os países é impossível, enquanto que a sua vitória inicial em alguns ou mesmo num único país capitalista tomado separadamente, é reconhecida como possível.

Lênin elaborou a teoria do imperialismo e da revolução socialista na luta contra o kautskismo, contra Trotski, Bukhárin e outros inimigos do marxismo. O camarada Stálin elaborou posteriormente a teoria do imperialismo na luta decisiva pela derrota ideológica final do trotskismo e do bukharinismo. Nas obras do camarada Stálin está popularizada a gigantesca experiência do desenvolvimento histórico de algumas dezenas de anos, mais ricos em acontecimentos de importância fundamental que numerosos séculos. O camarada Stálin apresentou uma análise marxista-leninista da nova era histórica mundial, que teve como resultado a vitória da grande Revolução Socialista de Outubro na URSS. Apoiando-se na análise feita por Lênin, dos fundamentos do capitalismo monopolista, do imperialismo, o camarada Stálin submeteu a um estudo científico as particularidades fundamentais da crise geral do capitalismo: o período do seu desmoronamento, o seu traço distintivo principal que é a luta dos dois sistemas — socialista e capitalista.

Stálin Defendeu e Generalizou a Teoria Leninsta Sobre o Imperialismo

As obras do camarada Stálin têm uma imensa importância no que diz respeito à defesa, à argumentação e ao desenvolvimento do leninismo. A este respeito, a sua obra clássica “Sobre os Fundamentos do Leninismo”, publicada em 1924, representa um papel eminente. Esta obra constitui uma exposição magistral e uma profunda argumentação teórica do leninismo.

Em “Sobre os Fundamentos do Leninismo”, o camarada Stálin esclarece a importância histórica mundial da teoria leninista do imperialismo e a conclusão que dela decorre da possibilidade da vitória do socialismo num só país. Generalizando o que Lênin trouxe de novo para o marxismo, o camarada Stálin definiu o lugar que ocupa a doutrina leninista sobre o imperialismo no tesouro teórico do marxismo.

Por isso mesmo, uma tarefa de importância teórica e política imensa foi cumprida. Os piores inimigos da classe operária se esforçavam por desarmar o proletariado, assim como o seu Partido, ao diminuir caluniosamente a importância do papel das grandes descobertas científicas de Lênin. Faziam as suas intrigas desonrosas antes de tudo contra a teoria leninista do imperialismo, contra a lei descoberta por Lênin sobre a desigualdade do desenvolvimento econômico e político dos países capitalistas na época imperialista, contra a conclusão que daí decorre da possibilidade da vitória do socialismo num só país.

O camarada Stálin resistiu vitoriosamente a todas as intrigas dos inimigos do leninismo. Desmascarou os traidores que se esforçavam por diminuir a importância do leninismo, considerando-o unicamente como uma teoria nova qualquer sobre a questão camponesa. O camarada Stálin demonstrou a unidade do marxismo e do leninismo. Sublinhou que o leninismo, na sua qualidade de “marxismo da época do imperialismo e da revolução proletária” é um fenômeno internacional que tem raízes em todo o desenvolvimento internacional. O camarada Stálin escreveu:

“O leninismo cresceu e se formou nas condições do imperialismo, quando as contradições do capitalismo chegaram a um ponto extremo, quando a revolução proletária se converteu numa questão de atividade prática imediata; quando o antigo período de preparação da classe operária para a revolução chegou ao auge e se transformou em um novo período de assalto direto contra o capitalismo”(1).

Desmascarando a teoria social-democrata que faz a apologia do “capitalismo organizado”, o camarada Stálin demonstrou que o imperialismo acentua todas as contradições do regime capitalista a um grau extremo. O imperialismo leva essas contradições “ao último grau, ao limite extremo, além dos quais começa a Revolução”(2).

Entre todas essas contradições três são mais importantes, como o indica o camarada Stálin.

A primeira é a que existe entre o trabalho e o capital. Sob o imperialismo, o poderio de um punhado de magnatas dos monopólios e dos bancos é tão forte, o seu jugo é tão pesado, que os antigos métodos de luta da classe operária — sindicatos e cooperativas, partidos e lutas parlamentares — são absolutamente insuficientes. O imperialismo, conduzindo ao extremo o empobrecimento da classe operária, ao reforçar a sua exploração, coloca claramente perante ela a questão de novos métodos de luta revolucionária.

“Ou te entregas à mercê do capital, vegetas como no passado e desces cada vez mais baixo, ou então lanças mão de uma arma nova; é assim que o imperialismo apresenta a questão perante as massas de milhões de proletários”(3).

A segunda contradição é a que existe entre os diferentes grupos do capital financeiro, e entre as potências imperialistas na sua luta pelo açambarcamento de territórios estrangeiros, de fontes de matérias primas, de mercados e esferas de inversões de capitais. Essa luta por uma nova partilha de um mundo já dividido conduz inevitavelmente às guerras imperialistas,

“conduz ao mútuo enfraquecimento dos imperialistas, ao enfraquecimento das posições do capitalismo em geral, à aproximação do momento da revolução proletária, à necessidade prática desta revolução”(4).

A terceira contradição é a que existe entre um grupo de países “civilizados” dominadores e os milhões de homens oprimidos nas colônias e países dependentes. Na sua corrida aos super-lucros, os imperialistas constroem, nas colônias e semi-colonias, estradas de ferro, fábricas e usinas, destroem a antiga estrutura, abrem caminho, a ferro e fogo, para a ordem capitalista. A intensificação da opressão e da exploração conduz à intensificação do movimento revolucionário e de libertação nas colônias. O reforçamento do movimento revolucionário nas colônias

“solapa pela raiz as posições do capitalismo, convertendo as colônias e os países dependentes de reservas do imperialismo, em reservas da revolução proletária”(5).

Esta definição stalinista da mais importante contradição do imperialismo não é apenas uma análise brilhante, mas também um desenvolvimento da teoria leninista do imperialismo. Ao definir a principal contradição do imperialismo como capitalismo agonizante, o camarada Stálin assinala que a primeira guerra mundial reuniu todas estas contradições num só bloco e as lançou sobre a balança, acelerando e facilitando as batalhas revolucionárias do proletariado.

Como indicou o camarada Stálin, a Rússia foi a pátria do leninismo, a pátria da teoria e da tática da revolução proletária, precisamente porque o nosso país era o ponto nevrálgico de todas as contradições do imperialismo, porque, mais que todos os outros países, a Rússia estava prenhe da Revolução. O proletariado russo, dirigido pelo partido de Lênin e Stálin, foi o primeiro na história da humanidade a romper a frente mundial do imperialismo e a derrubar a dominação burguesa. Nossa pátria foi a primeira a se desligar do sistema imperialista mundial e a tomar o caminho ainda inexplorado da Revolução Socialista.

A característica, genialmente definida por Stálin, das contradições fundamentais do imperialismo tem uma importância imensa no que diz respeito ao desenvolvimento da doutrina leninista sobre o imperialismo e à crise geral do capitalismo, assim como à experiência da luta do primeiro país socialista do mundo, nas condições do cerco capitalista. Isso porque as contradições do campo imperialista servem de reserva à Revolução socialista vitoriosa em nosso país, que se tornou um poderoso centro de atração para centenas de milhões de trabalhadores e explorados do mundo inteiro.

No seu estudo sobre o imperialismo, Lênin foi o primeiro a demonstrar que todos os índices econômicos fundamentais do capitalismo monopolista — a dominação dos monopólios e a formação do capital financeiro, a exportação do capital e a partilha do mundo entre poderosas associações de capitalistas, a partilha territorial do mundo e a luta por uma nova partilha — estão indissoluvelmente ligados entre si. Lênin demonstrou que todas as particularidades básicas do imperialismo estão concentradas, como num campo focal, no caráter monopolista da última fase do capitalismo, em que a dominação dos monopólios adquiriu uma importância decisiva em todos os domínios da vida política e econômica.

Já durante a primeira guerra mundial Lênin assinalava que a guerra acelerara o desenvolvimento do capitalismo, passando da etapa do capitalismo pré-monopolista à etapa do imperialismo, dos monopólios ao estatismo e que em consequência da guerra e da desorganização, todos os países burgueses tinham sido obrigados a passar do capitalismo monopolista para o capitalismo monopolista de Estado.

Ao desmascarar as invencionices dos reformistas que se esforçavam por apresentar o capitalismo monopolista de Estado como uma variedade particular do socialismo, Lênin e Stálin desmascararam por completo a natureza profundamente contraditória do capitalismo monopolista de Estado. Lênin escreveu que o capitalismo monopolista de Estado é “a preparação material mais completa do socialismo”, mas que ao mesmo tempo representa uma prisão militar para os operários, e um paraíso para os capitalistas.

Engendrado pelo desenvolvimento da contradição fundamental do capitalismo, o capitalismo monopolista de Estado não somente não se encontra em condições de destruir ou enfraquecer tal contradição, mas, pelo contrário, conduz infalivelmente à sua agravação máxima.

O capitalismo monopolista de Estado provoca não a limitação ou a diminuição do poderio dos monopólios, mas, pelo contrário, um aumento, nunca antes igualado, deste poderio, porque a fusão do aparelho de Estado com os monopólios capitalistas se reforça, o poderio do Estado se transforma cada vez mais em instrumento de exploração em poder dos monopólios para satisfazer as suas tendências expansionistas, o que engendra inevitavelmente numerosos conflitos e contradições particularmente agudos. Isto esclarece o caráter absolutamente antimarxista das diversas tentativas de apresentar o capitalismo monopolista de Estado como uma atenuação da dominação de classe do grande e do muito grande capital, tentativas que se aliam às “teorias” burguesas reformistas sobro uma pretensa política acima das classes dos Estados burgueses durante a segunda guerra mundial.

O caráter profundamente contraditório do capitalismo monopolista de Estado ressalta claramente de toda a experiência da segunda guerra mundial e do após-guerra. O sistema resultante da guerra, das intervenções do Estado no domínio da vida econômica, conduziu a uma nacionalização da produção, mas a nacionalização assumiu um caráter antagônico, reforçando as posições e o jugo dos monopólios, elevando os seus super-lucros, acentuando o seu despotismo voraz em todos os domínios da vida, aumentando o caos geral e a desorganização do sistema capitalista, ressaltando com maior evidência a sua putrefação e o seu parasitismo.

Na sua entrevista com o escritor inglês Wells, que afirmava:

“... nos Estados Unidos, fala-se de uma profunda reorganização, da criação de uma economia planificada, isto é, socialista”, o camarada Stálin explicou que a ação reguladora de um Estado burguês não pode restringir ... a anarquia que é própria do sistema capitalista existente. Por isso, sem se desembaraçar dos capitalistas, sem se abolir o princípio da propriedade privada dos meios de produção, é impossível criar-se uma economia planificada”(6).

O Estado capitalista não está em condições de restringir a anarquia, que é própria da economia capitalista no seu conjunto. Toda a experiência do capitalismo monopolista militar de Estado demonstra que, não somente não pode superar mas não pode mesmo atenuar a anarquia da produção o da concorrência, porque sob o capitalismo a economia não se encontra nas mãos do Estado, mas, pelo contrário:

“... o Estado se encontra nas mãos da economia capitalista”, como afirmou o camarada Stálin na sua entrevista com Wells(7). A dominação dos monopólios capitalistas enreda num cipoal monstruoso as numerosas desigualdades e contradições que dilaceram a sociedade capitalista, e conduz à beira do caos e da anarquia a natureza cega da economia capitalista. A dominação dos monopólios, a despeito das invencionices dos apologistas do capitalismo, não somente não restringe a concorrência, mas, pelo contrário, torna-a incomparavelmente mais aguda, encarniçada e destruidora. A crise assume um caráter particularmente devastador. A existência dos monopólios, reunida à concorrência que caracteriza o capitalismo imperialista, engendra uma agravação excepcional de suas contradições.

A Teoria Stalinista Sobre a Questão Nacional

A passagem do capitalismo pré-monopolista ao capitalismo monopolista e assinalada por um crescimento tumultuoso das relações capitalistas no mundo inteiro. Ao mesmo tempo, o caráter dos laços econômicos entre os Estados Unidos adiantados e os países atrasados se modificou.

O camarada Stálin assinalou que:

“O imperialismo é o sistema mundial de escravização financeira e da opressão colonial da imensa maioria da população do globo por um punhado de países “adiantados”.(8)

Os apologistas burgueses de todos os matizes apresentam a economia capitalista mundial como um imenso benefício para a humanidade, como um processo idílico de expansão universal da “civilização”, da “democracia”, e outros “bens eternos” do capitalismo. Dissimulam e mascaram as chagas e as contradições do sistema capitalista de economia mundial. A teoria leninista-stalinista do imperialismo desmascara inteiramente essa burla. Apoiando-se sobre a tese fundamental de Lênin, o camarada Stálin desmascarou o caráter original do sistema econômico capitalista, pôs à nu o seu caráter antagônico, desmascarou as suas contradições inconciliáveis e insolúveis.

O camarada Stálin escreveu:

“Uma maior exportação dos capitais para os países coloniais e dependentes, a extensão das “esferas de influência” e das possessões coloniais a todo o globo; a transformação do capitalismo em um sistema mundial de escravização financeira e de opressão colonial da imensa maioria da população do globo por um punhado de países “adiantados” — tudo isto, por um lado, fez das diversas economias nacionais e dos diversos territórios nacionais, os elos de uma cadeia única, chamada economia mundial e, por outro lado, dividiu a população do globo em dois campos: um punhado de países capitalistas “adiantados” que exploram e oprimem vastas colônias e países dependentes, e uma grande maioria de países coloniais e dependentes obrigados a travar luta para se libertarem do jugo imperialista”(9).

Os defensores dos cofres-fortes tentam por todos os meios mascarar a realidade destas contradições, embelezá-la, executando as ordens dos capitalistas para enganar as massas trabalhadoras. É o caráter das famosas “teorias” ultra-imperialistas, do “imperialismo puro”, do “capitalismo organizado”, etc. ... A teoria leninista-stalinista do imperialismo não deixa pedra sobre pedra dessas tagarelices pérfidas dos lacaios da burguesia.

O desenvolvimento do sistema capitalista de economia mundial se processa sob uma forma que tem um caráter extremamente antagônico, cheia de conflitos e de catástrofes inevitáveis. A economia mundial está dividida em “esferas de influência” dependentes da correlação de forças dos monopólios mais poderosos e dos Estados imperialistas. À medida que se modifica a força econômica e militar dos Estados imperialistas, a luta por uma nova partilha do mundo se intensifica e, afinal de contas, conduz aos choques armados entre eles, para a divisão territorial de um mundo já dividido. Isso explica porque as guerras imperialistas constituem os resultados inevitáveis da etapa monopolista do capitalismo, as manifestações mais destruidoras de suas contradições fundamentais.

Analisando o imperialismo, como a última etapa do capitalismo, o camarada Stálin mostrou toda a dialética do processo de formação do sistema capitalista de economia mundial.

Escreveu ele:

“A dependência recíproca dos povos e a união econômica dos territórios se estabeleciam, no decurso do desenvolvimento do capitalismo, não pela colaboração dos povos, como unidades iguais em direito, mas pela subordinação de uns povos a outros povos, pela opressão e pela exploração dos povos menos evoluídos pelos povos mais evoluídos. As conquistas e as pilhagens coloniais, a opressão e a desigualdade nacionais, o despotismo e as violências imperialistas, a escravização colonial e a ausência de direitos para as nacionalidades, enfim a luta das nações “civilizadas” entre si pelo domínio a ser exercido sobre os povos “não civilizados”, tais são as formas em cujo âmbito se realizava o processo de aproximação econômica dos povos”.(10)

Disso decorre que paralelamente à tendência à unificação, cresce a tendência à destruição das formas violentas desta unificação, assim como a luta pela libertação das colônias oprimidas e das nacionalidades dependentes em relação ao jugo imperialista.

“Na medida em que esta segunda tendência significava a revolta das massas oprimidas contra as formas imperialistas de unificação, na medida em que exigia a unificação dos povos na base da colaboração e de uma aliança livremente consentida, foi e continua a ser uma tendência progressista, porque prepara as premissas morais da futura economia socialista mundial"(11).

A questão nacional se tornou particularmente aguda nas condições do imperialismo que intensificou monstruosamente a opressão nacional e a escravização da esmagadora maioria da humanidade pelas classes dominantes de alguns países capitalistas adiantados. Lênin e Stálin destruíram os dogmas oportunistas da Segunda Internacional sobre a questão nacional e elaboraram um programa marxista sobre tal questão. Nas obras do camarada Stálin encontra-se a teoria marxista da nação e a definição das bases da concepção do Partido Bolchevique relativamente à solução da questão nacional-colonial. Esta concepção exige que a questão nacional-colonial seja encarada como parte da questão geral da revolução socialista internacional. Nas obras do camarada Stálin o princípio bolchevique da união internacional dos trabalhadores e da importância da luta de libertação nacional das colônias e dos povos oprimidos, como reserva poderosa e aliada do proletariado revolucionário, é aprofundado de modo detalhado.

A dominação da oligarquia financeira mundial sobre a maioria da população do globo acentuou ao extremo todas as contradições do regime burguês.

Os laços universais do capital que escraviza e oprime os povos da terra, engendram a política arqui-reacionária da burguesia, exigem a renúncia à soberania nacional, a abolição das fronteiras nacionais, a passagem ao “ultra-imperialismo”, aos “Estados Unidos da Europa”, à criação da “igualdade mundial”, etc. A verdadeira base de tais palavras de ordem de traição foi desmascarada por Lênin ao escrever:

“O imperialismo significa o transbordamento do capital fora cios quadros dos estados nacionais, significa a ampliação e a acentuação da opressão nacional sobre bases históricas novas”(12).

A tendência, inerente ao imperialismo, à luta pela dominação mundial, encontra sua expressão ideológica na propaganda do cosmopolitismo burguês, propaganda corrompida e pérfida. Atualmente o cosmopolitismo é a arma envenenada do imperialismo anglo-americano, ocultando o nacionalismo burguês sob seu aspecto mais odioso: as “teorias” raciais anglo-saxônicas.

Quando o provocador de guerra Churchill, no seu discurso de Fulton, proclamou a teoria da superioridade das raças anglo-saxônicas, o camarada Stálin demonstrou que os racistas anglo-americanos seguem as pegadas dos seus antecessores hitleristas. Fez notar que, como Hitler, Churchill empreende a tarefa de desencadeamento da guerra com as teorias raciais, ao afirmar que somente as nações de língua inglesa são nações de valor real chamadas a arbitrar o destino do mundo.

Ao denunciar o caráter aventureiro dos planos anglo-americanos de dominação mundial, o camarada Stálin afirmou:

“Na realidade, o sr. Churchill e os seus amigos da Inglaterra e dos Estados Unidos apresentam às nações que não falam a língua inglesa qualquer cousa como um ultimatum: reconhecei voluntariamente a nossa dominação, e tudo marchará bem — em caso contrário, a guerra é inevitável. Mas as nações, durante cinco anos de uma guerra cruel, derramaram o seu sangue pela liberdade e independência de seus países, e não para substituir a dominação hitlerista pela dominação de Churchill”.

A Contribuição de Stálin à Lei de Desenvolvimento Desigual sob o Imperialismo

O estudo detalhado que fez o camarada Stálin da lei, descoberta por Lênin, desigualdade de desenvolvimento econômico e político dos países capitalistas na época imperialista constitui um dos capítulos mais marcantes e mais brilhantes na história do desenvolvimento da teoria marxista durante os cem anos de sua existência.

Este problema foi tratado pelo camarada Stálin na sua luta decisiva contra os piores inimigos do povo: os agentes trotskistaszinovievistas da burguesia internacional.

No período pré-monopolista que atingiu o seu ponto mais alto de desenvolvimento durante os anos 60-70 do século XIX, o capitalismo ainda estava em ascensão. Podia ainda se desenvolver de modo relativamente tranquilo e regular. O globo terrestre continha ainda imensos territórios não monopolizados pelas potências capitalistas. Países alcançavam outros países e em seguida os ultrapassavam durante um longo lapso de tempo, sem saltos, sem catástrofes militares de âmbito mundial, sem nova partilha do mundo já dividido. Uma desigualdade do mesmo gênero existia também no período do capitalismo pré-monopolista. Durante este período

“a lei da desigualdade do desenvolvimento não era ainda e não podia ser esse poderoso fator de decomposição do capitalismo em que se transformou em seguida, no período do capitalismo monopolista, no período do imperialismo”(13).

Não se deve confundir a desigualdade do desenvolvimento sob o capitalismo pré-monopolista e sob o imperialismo. Há aí uma profunda diferença qualitativa de princípio. A propósito, assinala o camarada Stálin:

“O capitalismo pré-monopolista, que se desenvolve inteiramente segundo uma linha ascendente, é uma cousa. Outra cousa é o capitalismo imperialista, quando o mundo já está dividido entre os grupos capitalistas, quando o desenvolvimento brusco do capitalismo exige novas partilhas do mundo já dividido, por meio de choques armados, quando os conflitos e as guerras surgem sobre esta base entre os grupos imperialistas, enfraquecendo a frente mundial do capitalismo, tornando-o facilmente vulnerável e criando as possibilidades de se romper em países considerados isoladamente. No primeiro caso, sob o capitalismo pré-monopolista, a vitória do socialismo em países separados parecia impossível. No segundo caso, sob o imperialismo, sob o capitalismo agonizante, a vitória do socialismo nos países considerados isoladamente tornou-se possível”(14).

A desigualdade do desenvolvimento econômico dos países capitalistas sob o imperialismo condicionou por sua vez a desigualdade de seu desenvolvimento político. O camarada Stálin assinalou que

“o lado econômico da lei de desigualdade constitui, por si mesmo, a base de todas as catástrofes no domínio do desenvolvimento da economia capitalista mundial inclusive as catástrofes políticas”.

Denunciando as manobras fraudulentas dos inimigos do leninismo que tentam “refutar” a lei de desigualdade do desenvolvimento referindo-se ao nivelamento crescente do nível econômico dos países considerados isoladamente, o camarada Stálin demonstrou que tal nivelamento é com efeito uma das condições do reforçamento da desigualdade sob o imperialismo, que é

“o pano de fundo e a base sobre os quais justamente é possível o reforçamento da ação de desigualdade do desenvolvimento sob o imperialismo”(15).

Os países atrasados aceleram o seu desenvolvimento e se aproximam do nível de desenvolvimento econômico dos países adiantados. Mas isto cria a possibilidade, para certos países, de ultrapassar outros países, tanto do ponto de vista econômico como do ponto de vista militar. Assim se criam

“as premissas para os choques armados, para o enfraquecimento da frente mundial do capitalismo, para a rutura dessa frente pelos proletários de diferentes países capitalistas”.(16)

O camarada Stálin fez uma exposição científica completa da lei de desigualdade do desenvolvimento do capitalismo. Definiu de modo detalhado o seu conteúdo, e demonstrou que resultava dos seguintes fatos:

“1.° — O capitalismo antigo, pré-monopolista, degenerou e se transformou em capitalismo monopolista, em imperialismo.

“2.° — A partilha do mundo em esferas de influência dos grupos e potências imperialistas já se realizou.

“3.° — A evolução da economia mundial se processa num ambiente de lutas encarniçadas e mortais entre os grupos imperialistas pelos mercados, pelas matérias primas, num ambiente de alargamento das antigas, esferas de influência.

“4.° — Essa evolução não se faz de maneira igual mas por saltos, pela expulsão do mercado das potências que chegaram primeiro e pelo avanço das novas potências.

“5.° — Uma tal evolução é determinada pela possibilidade, para certos grupos imperialistas, de desenvolver a técnica, o mais rapidamente possível, de reduzir o custo das mercadorias e monopolizar os mercados, em detrimento de outros grupos imperialistas.

“6.° — As transformações periódicas de um mundo já dividido se tornam assim absolutamente indispensáveis.

“7.° — Tais transformações não podem ocorrer senão pela violência, pela prova do poderio de tais ou quais grupos de forças imperialistas.

“8.° — Estas circunstâncias não podem deixar de conduzir à acentuação dos conflitos e a guerras gigantescas entre os grupos imperialistas.

“9.° — Uma tal situação conduz inevitavelmente ao enfraquecimento recíproco dos imperialistas e cria a possibilidade de uma rutura da frente imperialista em países separados.

“10.° — A possibilidade de uma rutura da frente imperialista em países separados não pode deixar de criar condições favoráveis à vitória do socialismo num só país(17).

A teoria leninista-stalinista do imperialismo demonstrou cientificamente que os conflitos armados de envergadura mundial são inevitáveis nas condições do capitalismo monopolista. Fazendo o resumo da análise leninista do imperialismo, o camarada Stálin, na “História do Partido Comunista (bolchevique) da URSS”, demonstrou que a inelutabilidade das guerras mundiais é engendrada por três circunstâncias extremamente importantes:

— Em primeiro lugar, sob o imperialismo o papel dirigente na vida das potências capitalistas passou para os monopólios e os bancos, o capital financeiro adquiriu enorme importância, exigindo o monopólio de esferas de influência cada vez mais numerosas: colônias, fontes de matérias primas, mercados, campos de inversões de capitais.

— Em segundo lugar, desde o fim do século XIX todo o território do globo terrestre já se encontrava dividido entre os Estados capitalistas: criou-se uma situação tal que a tomada de um território qualquer não podia ser realizada senão pela sua subtração a um outro saqueador imperialista; não restava mais terra livre no mundo.

— Enfim, em terceiro lugar, em consequência do desenvolvimento desigual e por saltos dos países capitalistas sob o imperialismo, modificações incessantes intervém nas relações das forças econômicas e militares das potências imperialistas.

A lei da desigualdade do desenvolvimento do capitalismo na época imperialista modifica radicalmente as condições de luta do proletariado pelo socialismo. Baseando-se nessa lei, Lênin chegou à conclusão genial sobre a impossibilidade da vitória simultânea do socialismo em todos ou na maioria dos países, e a possibilidade de tal vitória num único país capitalista em primeiro lugar, tomado separadamente. Por isso foi criada uma nova teoria da revolução socialista que dá ao proletariado uma arma teórica invencível na sua luta contra a dominação burguesa. Diz o camarada Stálin:

“O que constitui o valor inapreciável da teoria de Lênin sobre a revolução socialista, não é somente que enriqueceu o marxismo com uma nova teoria e que o fez progredir. O que faz o seu valor, é ainda o fato de apresentar uma perspectiva revolucionária aos proletários dos diferentes países; o fato de estimular a sua iniciativa para empreender o assalto contra a sua burguesia nacional; ensina-os a se utilizarem das circunstâncias de guerra para organizar esse assalto e fortalecer a sua fé na vitória da revolução proletária”(18).

Após a morte de Lênin, os agentes do inimigo de classe vibraram ataques furiosos contra o Partido e sua política de edificação do socialismo baseada no ensinamento de Lênin sobre a vitória do socialismo num único país. Na sua luta contra os agentes trotskistasbukarinistas do imperialismo, o camarada Stálin defendeu, desenvolveu e elaborou em detalhe a teoria leninista da revolução socialista, a teoria da possibilidade da vitória do socialismo num só país, como ocorre atualmente na URSS.

Sob a direção do camarada Stálin, o Partido Bolchevique aniquilou os capitulacionistas e os traidores, e conduziu a classe operária da URSS na luta decisiva contra o inimigo de classe, na luta pela edificação do socialismo em nosso país.

A vitória histórica mundial do socialismo na URSS surge como um imenso triunfo da teoria leninista-stalinista da revolução socialista, da doutrina leninista-stalinista sobre a possibilidade da vitória do socialismo num único país considerado isoladamente. Sobre o assunto diz Molotov:

“Não é necessário, hoje, discutir sobre a justeza científica desta teoria, e demonstrar que, nas condições de desigualdade do desenvolvimento dos países capitalistas na época do imperialismo, o socialismo não pode alcançar a vitória simultaneamente em todos os países, mas pode vencer em primeiro lugar somente em países separados, dado que a possibilidade da vitória do socialismo em primeiro lugar num único país já se transformou em vitória efetiva do regime socialista na URSS, onde hoje se criam rapidamente as premissas para a passagem à etapa superior do comunismo. Diante disso ruíram não somente do ponto de vista teórico, mas pelo próprio fato da vitória do socialismo em nosso país, todas as tagarelices tomadas de empréstimo nas fontes reacionárias da ideologia burguesa e social-democrata, sobre a impossibilidade de edificação do socialismo num país tão atrasado, econômica e tecnicamente, como a Rússia”.

As Crises e Bancarrota Total do Capitalismo

Baseando-se nas indicações de Lênin, o camarada Stálin fez um estudo detalhadamente marxista-leninista da crise geral do capitalismo.

Uma análise científica desta crise não podia ser feita senão na base da teoria leninista-stalinista do imperialismo, que revelou o caráter do imperialismo na história como capitalismo agonizante, que se desenvolve no conjunto segundo uma linha não ascendente, mas descendente, que caminha não no sentido da regeneração, mas no sentido da ruína, e que representa a antecâmara da revolução social proletária.

O camarada Stálin, ao desenvolver o doutrina de Lênin, formulou uma teoria marxista-leninista, profundamente elaborada, da crise geral do capitalismo, elevando assim a teoria do imperialismo a um plano novo, superior, correspondente a um novo período histórico caracterizado pela coexistência e a luta de dois sistemas: o que agoniza mas ainda não morreu, do capitalismo, e o que marcha com segurança para o futuro do socialismo.

A definição clássica da essência e das particularidades fundamentais da crise geral do capitalismo foi feita pelo camarada Stálin no seu informe ao XVI.° Congresso do Partido em 1930. Analisando a crise econômica mundial de 1929, o camarada Stálin afirmou:

“A crise econômica atual se desenvolve na base da crise geral do capitalismo, crise que já nasceu no período da guerra imperialista, que mina os fundamentos do capitalismo e que facilitou o advento da crise econômica.

“O que isso significa?

“Significa, antes de tudo, que a guerra imperialista e suas consequências acentuaram a putrefação do capitalismo e comprometeram o seu equilíbrio; que vivemos atualmente numa época de guerras e de revoluções; que o capitalismo não constitui mais o único e universal sistema de economia mundial; que, ao lado do sistema capitalista de economia, existe o sistema socialista que cresce, prospera e se ergue em face do sistema capitalista e que, pelo próprio fato da sua existência, demonstra a podridão do capitalismo, cujos fundamentos abala.

“Isso significa em seguida que a guerra imperialista e a vitória da revolução na URSS abalaram os fundamentos do imperialismo nos países coloniais e dependentes; que a autoridade do imperialismo nesses países já está comprometida; que não se encontra mais em condições, como no passado, de reinar na qualidade de senhor nesses países.

"Isso significa ainda que, durante e depois da guerra, nos países coloniais e dependentes, surgiu e cresceu o seu próprio jovem capitalismo que estabelece concorrência, com êxito, nos mercados, com os velhos países capitalistas, agravando e complicando a luta pelos mercados.

“Isso significa, enfim, que a guerra deixou para a maioria dos países capitalistas uma pesada herança sob a forma de subprodução crônica das empresas e da existência de exércitos de milhões de desempregados que, da sua qualidade de exércitos de reserva, se transformaram em exércitos permanentes de desempregados, o que criou para o capitalismo grandes dificuldades já antes da crise econômica atual, e isto deve complicar ainda mais as coisas durante a crise”(19).

Ressalta claramente desta definição da crise geral do capitalismo que o sintoma fundamental da mesma se encontra na divisão do mundo em dois sistemas — capitalista e socialista. A luta dos dois sistemas tornou-se o fator mais importante da história do mundo. A concorrência histórica entre o socialismo e o capitalismo revela, em cada etapa, sob todos os aspectos e de maneira cada vez mais clara, mais evidente e mais completa, a superioridade decisiva do socialismo, sua estrutura social progressista e superior em comparação com o sistema capitalista apodrecido e que já passou de época. Em numerosos informes e intervenções do camarada Stálin encontram-se análises científicas brilhantes sobre a concorrência econômica entre os dois sistemas, a grande superioridade do socialismo e os grandes horrores do capitalismo no período da sua crise geral.

No seu informe sobre os resultados do primeiro plano quinquenal, o camarada Stálin afirmou:

"Os resultados do plano quinquenal demonstraram que o sistema capitalista de economia é precário e não tem solidez, já passou de época e deve ceder o lugar a um outro sistema, superior, ao sistema soviético, socialista; que o único sistema de economia que não teme as crises e é capaz de vencer as dificuldades insolúveis para o capitalismo, é o sistema de economia soviético”(20).

Todos os acontecimentos posteriores confirmaram brilhantemente esta tese do camarada Stálin. O camarada Stálin formulou uma análise científica da crise geral do capitalismo no decurso de uma luta encarniçada contra os piores inimigos da classe operária — os social-traidores da Segunda Internacional e os desprezíveis agentes trotskistasbukarinistas do imperialismo internacional. No período de estabilização parcial, provisória, do capitalismo, sobrevindo depois que a burguesia conseguira, à custa da classe operária, mais ou menos cicatrizar as chagas mais vivas infligidas pela primeira guerra mundial, os inimigos do socialismo se esforçavam, babando de raiva, por demonstrar que se acabara com a crise geral do capitalismo, que um novo período começava, de desenvolvimento progressista da sociedade burguesa. Envenenando a classe operária ao lhe insuflar dúvida em suas próprias forças, os serviçais da burguesia, inclusive os lacaios “socialistas” e mercenários trotskistasbukarinistas, falavam sem cessar do novo surto do capitalismo, afirmando haver conseguido solucionar as suas contradições e que o reino da prosperidade capitalista chegara.

O camarada Stálin desmascarou plenamente todas estas ficções pérfidas: com uma clarividência genial, apresentou uma análise marxista, verdadeiramente científica, da estabilização do capitalismo; revelou o seu caráter relativo, parcial, provisório, instável e apodrecido. O camarada Stálin indicou que não se pode falar de estabilização do capitalismo deixando de lado uma outra estabilização, isto é, a estabilização e o reforçamento do regime socialista soviético na URSS.

A situação do campo capitalista, indicou o camarada Stálin, não pode ser examinada separadamente da situação no país do socialismo; é preciso falar não somente estabilização do capitalismo mas também da estabilização do regime soviético.

“Como se explica que uma estabilização acompanhe outra? É porque não existe mais um capitalismo senhor único do mundo. É porque, atualmente, a terra está dividida em dois campos: de um lado, o capitalismo sob os auspícios do capitalismo anglo-americano; do outro o socialismo que tem à sua frente a União Soviética. É por isso que a situação internacional será determinada pela correlação de forças destes dois campos adversos”(21).

Ao mesma tempo, o camarada Stálin desmascarou a profunda oposição de princípios existentes entre as duas estabilizações. Mostrou que a estabilização capitalista apresentava um caráter instável, parcial, apodrecido, que não se encontrava em condições de solucionar qualquer uma das contradições do capitalismo e conduzia inevitavelmente à sua acentuação, que tais contradições trariam, em si mesmas, o fim de toda estabilização do capitalismo. Por outro lado, a estabilização do regime socialista era de caráter sólido e durável, significava o crescimento infalível das forças e do poderio do Estado soviético, a solução das contradições que nele existem e, por isso mesmo, o fortalecimento do regime econômico e político soviético.

Revelando claramente os contrastes entre essas duas estabilizações, decorrentes da oposição fundamental entre as leis do desenvolvimento dos países capitalistas, por um lado, e do país dos Soviets, por outro lado. o camarada Stálin afirmou:

“A estabilização, em regime capitalista, traduzindo-se pelo reforçamento momentâneo do capital, conduz, necessariamente à agravação das contradições do capitalismo: a) entre os grupos imperialistas dos diversos países; b) entre os operários e os capitalistas de cada país; c) entre o imperialismo e os povos coloniais de todos os países”(22).

Em toda a análise de Stálin sobre a estabilização do capitalismo, um valor particular está ligado à tese segundo a qual o desenvolvimento e o crescimento do capitalismo, um reforço provisório qualquer das posições burguesas, conduzem à acentuação das contradições capitalistas, porque o capitalismo não pode existir e se desenvolver sem reforçar a sua exploração sobre o proletariado, sem votar a uma existência semi-famélica a maioria dos trabalhadores, sem reforçar o jugo sobre os países coloniais e dependentes, sem provocar conflitos entre os diferentes grupos de países imperialistas. Diz o camarada Stálin:

“A estabilização parcial causa o aprofundamento da crise do capitalismo e a crise crescente desagrega a estabilização: tal é a dialética do desenvolvimento do capitalismo na fase histórica atual”(23).

A história justificou brilhantemente esta previsão científica. Dois anos depois, em 1929, se desencadeava a mais profunda e a mais aguda de todas as crises que jamais abalaram a economia capitalista. Esta crise devastou durante quatro anos os países capitalistas, levando a miséria e a ruína a milhões de trabalhadores. Pôs fim à estabilização capitalista. A crise geral do capitalismo entrou na sua nova etapa — um novo período de tempestades e abalos começou no mundo burguês.

O camarada Stálin fez uma análise científica profunda da crise econômica de 1929-1933. Esta crise atingiu a todo o mundo capitalista, todos os países burgueses sem exceção. Tratava-se de uma crise cíclica e periódica de superprodução. Entretanto nunca antes o mundo capitalista vira uma crise de tal força destruidora, de uma tal envergadura, de uma tal duração.

Esta crise foi a mais profunda e a mais aguda de todas as crises econômicas conhecidas na história da capitalismo, As suas características fundamentais foram descobertas pelo camarada Stálin. Após a crise, o camarada Stálin formulou uma definição marxista da depressão de tipo especial, que a sucedeu e que, após um curto período de recuperação, conduziu a uma nova crise econômica em 1937-39.

A longa duração da crise econômica conduziu a uma acentuação sem precedente das contradições internas e externas do capitalismo. O descontentamento do proletariado começou a se transformar em indignação revolucionária. As contradições de classe se aguçaram particularmente na Alemanha, onde os encargos impostos pelos vencedores da guerra de 1914-1918 — os imperialistas anglo-americanos — se juntavam ao jugo da burguesia nacional. Tremendo em face do destino reservado à sua dominação, sentindo a impossibilidade de salvaguardar o seu poder pelos velhos métodos do parlamentarismo e da democracia burguesa, a burguesia imperialista alemã estabeleceu em 1933 uma ditadura fascista no país, um regime de opressão e de violência. O caminho do fascismo foi aplainado pelos traidores da classe operária: os chefes reacionários da social-democracia alemã.

O camarada Stálin desmascarou a essência de classe do fascismo como ditadura terrorista dos elementos mais agressivos do capital financeiro. A denúncia da verdadeira natureza do fascismo representou papel inestimável na luta contra os camisas-pardas.

Durante a grande guerra patriótica o povo soviético, armado com a imortal ciência de vencer, ensinada por Stálin, destruiu o principal centro do fascismo na Europa e na Ásia e, por isso, salvou a civilização humana das garras dos bandidos fascistas.

A teoria leninista-stalinista do imperialismo revelou cientificamente a origem e o caráter da primeira e da segunda guerras mundiais. Generalizando a gigantesca experiência histórica da época contemporânea, o camarada Stálin, no seu discurso aos eleitores na reunião pré-eleitoral de sua circunscrição em Moscou, a 9 de fevereiro de 1946, chamou a atenção sobre o fato de que, tendo por base a extrema acentuação das contradições resultantes da desigualdade de desenvolvimento dos países capitalistas, duas crises se desencadearam no sistema capitalista de economia mundial; manifestaram-se pela rutura do equilíbrio no interior de tal sistema e conduziram a duas guerras mundiais. O camarada Stálin indicou então que:

“... a primeira crise do sistema capitalista de economia mundial deu nascimento à primeira guerra mundial e a segunda crise à segunda guerra mundial”.

A segunda guerra mundial não constituiu um acaso na vida dos povos; surgiu em consequência do desenvolvimento das forças políticas e econômicas mundiais sobre a base do capitalismo monopolista contemporâneo. O camarada Stálin afirmou no discurso citado acima:

“... a desigualdade de desenvolvimento dos países capitalistas conduz habitualmente, com o tempo, a uma brusca rutura do equilíbrio no interior do sistema mundial do capitalismo e, nessa época, o grupo de países capitalistas que se considera como menos provido de matérias primas e de mercados tenta habitualmente modificar a situação e proceder, pelo emprego da forca armada, a uma nova partilha das “esferas de influência” em seu próprio benefício. O mundo capitalista se divide então em dois campos inimigos entre os quais explode a guerra”.

Contudo, se pelas suas origens a segunda guerra mundial tem suas raízes no capitalismo monopolista contemporâneo, como a primeira guerra mundial, isso não quer dizer que apresente o mesmo caráter. Pelo contrário, como indicou o camarada Stálin no seu discurso de 9 de fevereiro de 1946, a segunda guerra mundial se diferencia essencialmente da primeira.

A primeira guerra era, como se sabe, uma guerra imperialista da parte das duas coalizões antagônicas. A segunda guerra era uma guerra de banditismo e de pilhagem da parte da Alemanha, do Japão, da Itália e de seus satélites. Ao mesmo tempo, era uma guerra justa, libertadora, de parte dos povos que lutavam contra os seus usurpadores fascistas e, antes de tudo, de parte da União Soviética. Em consequência da vitória histórica do grande Estado socialista sobre os agressores fascistas na Europa e no Extremo Oriente, o sistema capitalista se enfraqueceu ainda mais, a crise geral do capitalismo se aprofundou e se acentuou ainda mais.

Após o estabelecimento do regime hitlerista de banditismo na Alemanha, o camarada Stálin, desmascarando os planos agressivos da guerra contra a União Soviética, elaborados no campo do imperialismo internacional, indicava no seu informe ao XVII Congresso do Partido Bolchevique:

“Não se pode duvidar de que a segunda guerra contra a URSS conduzirá à completa derrota dos agressores, à revolução em uma série de países da Europa e da Ásia e ao esmagamento dos governos burgueses e latifundiários desses países”(24).

A previsto genial do camarada Stálin foi brilhantemente confirmada por toda a marcha do desenvolvimento histórico. A segunda guerra mundial conduziu ao aprofundamento e à acentuação ulterior da crise geral do capitalismo. A destruição, pela União Soviética, dos principais centros do fascismo mundial — a Alemanha hitlerista e o Japão militarista — franqueou diante de numerosos povos da Europa e da Ásia o caminho para a libertação do jugo do imperialismo. O sistema imperialista mundial sofreu perdas essenciais: numerosos países da Europa central e sul-oriental e da Ásia oriental se desligaram do mesmo. A formação da República Democrática Alemã vibrou um golpe nos planos do imperialismo anglo-americano sobre o renascimento de um centro de agressão. Hoje, com a histórica vitória do grande povo chinês sobre a reação do Kuomintang e de seus patrões americanos, os países de democracia popular na Europa e na Ásia contam; incluindo o grande Estado socialista — a União Soviética, com uma população de cerca de 800 milhões de indivíduos. O poderoso campo da democracia e do socialismo, dirigido pela União Soviética, atrai a simpatia sem reservas e o apoio caloroso de centenas de milhões do trabalhadores dos países capitalistas e coloniais. A formação dos países de democracia popular, que é uma das formas da ditadura do proletariado, representa um novo triunfo da tese leninista-stalinista da revolução socialista, baseada sobre a teoria leninista-stalinista do imperialismo.

Já no primeiro período da construção econômica pacífica da República Soviética, Lênin assinalou que nossa principal influência sobre a revolução internacional é exercida atualmente pela nossa política econômica: apoiando-se nessas indicações, o camarada Stálin esclareceu a imensa importância internacional que representam os êxitos da edificação socialista na União Soviética. Na sua entrevista com a primeira delegação dos trabalhadores americanos, em setembro de 1927, o camarada Stálin, ao indicar que o movimento dos países de ditadura proletária no sentido do socialismo e, ainda mais, no sentido do comunismo, seria seguido de um movimento irresistível da classe operária dos países capitalistas no sentido da conquista do poder e do socialismo nesses países, afirmou:

“Assim, no decurso do desenvolvimento ulterior da revolução internacional, se formarão dois centros de escala mundial: um centro socialista que atrairá para si os países que marcham para o socialismo, e um outro capitalista que atrairá para si os países que têm por objetivo o capitalismo. A luta entre esses centros pela posse da economia mundial, decidirá da sorte do capitalismo e do comunismo no mundo inteiro.”

Com a acentuação ulterior, mais aguda que nunca, da crise geral do capitalismo após a segunda guerra mundial, a autoridade do socialismo como estrutura social progressista e superior crescia aos olhos de centenas de milhões de pessoas, enquanto que diminuía a autoridade do capitalismo, que representa um sistema social reacionário ultrapassado e que se tornou um enorme entrave ao desenvolvimento progressista da humanidade e que não se mantém senão graças à mais feroz violência e à mais baixa fraude.

O poderoso desenvolvimento da União Soviética, assim como o contínuo desenvolvimento econômico dos países de democracia popular, representa um contraste flagrante com a situação reinante no campo capitalista. No país capitalista mais importante, os Estados Unidos, intensifica-se uma nova crise econômica. A indústria dos Estados Unidos, em julho de 1948, produzia a um nível que atingia somente 65% do nível mais elevado registrado durante a guerra. Os países capitalistas da Europa Ocidental, que mal chegam ao nível da produção de pré-guerra, são atingidos pelo nova crise econômica cujo efeito é ainda mais acentuado pelo famoso Plano Marshall. Atualmente o número de desempregados totais e parciais, nos países capitalistas, passa de 40 milhões. Esta cifra é superior a toda a população da França e é aproximadamente igual à toda população da Inglaterra.

A vida confirma cada vez mais claramente as deduções do camarada Stálin sobre a grande superioridade do socialismo em face do capitalismo, sobre as chagas incuráveis da economia burguesa no período da crise geral do capitalismo.

No decorrer de uma única geração o sistema capitalista causou à humanidade duas guerras mundiais devastadoras, numerosas crises econômicas destruidoras, inclusive a crise econômica de 1929-33 — a maior na história do capitalismo — os crimes monstruosos da tirania fascista em numerosos países da Europa, o desencadeamento inaudito do despotismo e da opressão da oligarquia financeira dos Estados Unidos, os horrores da dominação desumana dos modernos escravagistas nos países coloniais e dependentes — Ásia, África, América Latina.

Na conjuntura atual da acentuação da crise geral do capitalismo, a falência do sistema capitalista, posta a nu pela teoria leninista-stalinista do imperialismo, é particularmente evidente na sua incapacidade total em solucionar os problemas apresentados pela vida econômica mundial, na sua incapacidade de encontrar saída para a crescente crise econômica, que já causou imensas privações à classe operária e a todos os trabalhadores, nas provocações monstruosas dos fautores de novas guerras que estão prontos a precipitar a humanidade no abismo de terríveis desgraças em nome dos interesses vorazes de ínfimo punhado de monopolistas atômicos e outros fabricantes de armamentos.

A realidade contemporânea demonstra claramente toda a podridão e a instabilidade do sistema capitalista. A vida desmascarou completamente as afirmações mentirosas dos políticos imperialistas e de seus lacaios socialistas de direita, que afirma que ó capitalismo está em condições de assegurar às massas populares os direitos democráticos e a liberdade, que lhes tira todo o temor relativamente ao futuro, garante-lhes o emprego integral, um nível de vida digno do homem, uma paz durável e a segurança internacional. Na realidade, porém, o poder da burguesia causa às massas papulares dos países capitalistas agressões incessantes da parte dos dirigentes da oligarquia financeira contra os direitos cívicos mais elementares dos trabalhadores, uma crescente precariedade de existência, o temível flagelo do desemprego, que já é o destino de dezenas de milhões de pessoas, o rebaixamento do nível de vida da classe operária e da esmagadora maioria da população dos países capitalistas até o limite extremo da pobreza e da fome.

São nada mais que engodo as promessas das camarilhas dirigentes dos Estados Unidos e dos países da Europa Ocidental ligados ao Plano Marshall, o qual, de um lado, é apresentado como um plano de restabelecimento econômico dos países europeus e, de outro lado, como um plano para assegurar pleno emprego nos Estados Unidos. A realidade confirmou plenamente a análise do Plano Marshall feita pelos representantes da União Soviética, dos países de democracia popular e dos Partidos Comunistas do mundo inteiro. Trata-se de um plano de escravização impiedosa, econômica e política, dos países da Europa Ocidental ao imperialismo americano, um plano de sufocamento das indústrias europeias para o aumento dos super-lucros dos monopólios americanos, um plano de militarização forçada da economia da Europa Ocidental.

O Plano Marshall, a União Ocidental e o Pacto do Atlântico Norte não somente não solucionaram as contradições do campo imperialista, mas as acentuaram ainda mais. Não é por acaso que a crise do Plano Marshall se evidenciou antes de tudo como uma crise das relações anglo-americanas.

Imediatamente após o fim da guerra, o imperialismo americano se atirou a uma luta decisiva por uma nova repartição do mundo, fazendo passar para as suas próprias mãos as possessões territoriais estrangeiras, estendendo uma rede de bases estratégicas em todo o mundo, empregando diferentes métodos de infiltração econômica e política com o objetivo de açambarcar os melhores quinhões dos impérios coloniais dos países da Europa Ocidental. Não obstante a existência do bloco anglo-americano, unido pelo ódio intransigente e comum dos exploradores contra as forcas da democracia, da paz e do socialismo, as contradições entre os Estados Unidos, por um lado, e a Inglaterra e os outros Estados capitalistas, por outro lado, se aguçaram profundamente.

A despeito das promessas feitas pelos defensores do Plano Marshall, não somente este último não evitou uma nova crise econômica nos Estados Unidos e nos outros países capitalistas, mas, sem dúvida alguma, acelerou o seu desenvolvimento. A crise atual se desenvolve em meio a um reforçamento extraordinário da exploração da classe operária, de um empobrecimento sem precedentes entre as massas, de uma retração extrema do mercado interno dos países capitalistas, de uma contração do campo de exploração capitalista, resultante do fato de que os países de democracia popular se desligaram do campo imperialista e em meio do reforçamento das lutas de libertação nacional das colônias e dos povos oprimidos, em meio de uma acentuação extrema da luta pelos mercados exteriores.

Segundo a sua tática habitual, os imperialistas procuram uma saída de suas dificuldades e contradições internas insolúveis por meio da expansão e da agressão externas. Nesta política aventureira, os imperialistas americanos utilizaram todo o rebotalho, todo o lodo da reação, apoiando-se nos seus agentes criminosos que se encontram no campo dos socialistas de direita e dos bandos de espiões de Tito, na Iugoslávia. Todavia, com a atual correlação de forças na arena internacional, a linha de agressão aberta seguida pelo imperialismo anglo-americano após a segunda guerra mundial está inevitavelmente votada a fracassos sucessivos e encerra um perigo mortal para a própria existência do regime imperialista.

As forças do campo da democracia, do socialismo e da paz aumentam, e se reforçam em consequência do crescente poderio da União Soviética, do progresso contínuo dos países de democracia popular, do reforçamento da influência, do peso específico e da autoridade dos Partidos Comunistas, dos sindicatos revolucionários e outras organizações progressistas nos países capitalistas; em consequência do desenvolvimento do movimento de libertação nacional nas colônias e países dependentes, nas condições de desagregação inicial do sistema colonial do imperialismo. Testemunho particularmente vivo dessa desagregação é apresentado pela histórica vitória da democracia chinesa, dirigida pelo Partido Comunista.

A vitória do povo chinês sobre a contrarrevolução dos latifundiários e dos burgueses e seus patrões americanos constitui um fato histórico de imensa importância. Isso porque tal vitória significa incontestavelmente o início de uma nova etapa na luta de centenas de milhões de seres humanos das colônias e países dependentes contra o sistema colonial do imperialismo, de há muito ultrapassado e podre. Por isso, as retaguardas coloniais do sistema imperialista se arriscam a receber golpes decisivos, que encerram um perigo mortal para o imperialismo.

As forças, do campo imperialista, da reação e da guerra se enfraquecem cada vez mais em consequência do aprofundamento das contradições internas econômicas, políticas e sociais, nos países capitalistas, em consequência da acentuação das lutas de classe entre o proletariado e a burguesia dos prejuízos causados pelo sistema imperialista de exploração do mundo colonial, da crescente rivalidade entre as potências imperialistas na sua luta pela repartição das esferas de influência, do desenvolvimento de uma nova crise econômica que ameaça sepultar sob as suas ruínas a pretensa “restauração de após-guerra” formulada em todos os planos utópicos e reacionários destinados a salvar o regime burguês já passado de época.

Na base de toda a estratégia e tática do campo imperialista e dos seus dirigentes — os imperialistas americanos — se encontra a consciência não de sua força mas, de sua crescente fraqueja. Por seu turno, a política aventureira dos meios dirigentes atuais dos Estados Unidos e da Inglaterra, no final de contas, mina ainda mais as posições do campo imperialista e o enfraquece.

Esta política se manifesta nos golpes vibrados nas bases da colaboração internacional, na “guerra fria” contra a União Soviética e as democracias populares, nas tentativas de minar a Organização das Nações Unidas, na sabotagem a um acordo pacífico com a Alemanha e o Japão, na “doutrina Truman” que constitui uma declaração de guerra contra todas os forcas democráticas e progressistas atuais, sob a desmoralizada bandeira hitlerista de luta contra o comunismo, no “Plano Marshall” de escravização econômica e política da Europa em relação aos monopólios de Wall Street, na criação da União Ocidental e na conclusão do pacto de agressão do Atlântico Norte, verdadeiro pacto contra a paz, que tem por objetivo a preparação e o desencadeamento de uma nova guerra em benefício los ávidos interesses dos monopólios norte-americanos. Diz o camarada Stálin:

“A política dos dirigentes atuais dos Estados Unidos e da Inglaterra é uma política de agressão, uma política de desencadeamento de uma nova guerra”.

Os planos dos monopólios americanos, que visam salvar o capitalismo agonizante através de uma nova guerra pela dominação mundial, encontram uma poderosa oposição no campo da democracia, da paz e do socialismo. A política decidida e clara da URSS, apoiando sem reservas os países de democracia popular e calorosamente aprovada pelas massas populares do mundo inteiro, conduz à unidade das forças da paz, à denúncia e ao isolamento dos fautores de guerra. Os planos criminosos destes últimos estão condenados a fracassar de maneira ainda mais decisiva que os planos de seus antecessores hitleristas. O camarada Stálin afirmou:

“Os horrores da guerra recente estão ainda muito vivos na memória dos povos e as forças sociais favoráveis à paz são bastante numerosas para que os discípulos de Churchill em matéria de agressão possam triunfar sobre as mesmas e dirigi-las no sentido de uma nova guerra"(25).

Atualmente criou-se uma situação de tal ordem que, segundo o camarada Molotov:

“Os imperialistas que desencadeassem uma nova guerra mundial provocariam inevitavelmente uma tal resistência da parte dos povos amantes da paz e de todo o campo democrático, que conduziria não simplesmente à derrota de tal ou qual potência agressora, como acontecia até há pouco, mas à liquidação de todo o sistema imperialista mundial”.

À frente do campo da paz, que cresce e se reforça, se encontra a grande União Soviética, baluarte e porta-bandeira da paz no mundo inteiro. Em torno da União Soviética se consolidam as forças progressistas de todos os países, toda a poderosa frente dos combatentes da paz, da democracia e do socialismo.

Segundo as indicações de Lênin, o camarada Stálin apresentou as provas teóricas da possibilidade da coexistência pacífica dos dois sistemas, ao mesmo tempo que denunciava os perigos que ameaçam essa coexistência e que provêm dos pretendentes imperialistas ao domínio mundial.

Denunciando as afirmações mentirosas dos fautores de guerra, segundo as quais os comunistas consideram impossível a coexistência pacífica do país do socialismo e dos países capitalistas, o camarada Stálin declarou, por diversas vezes, que a União Soviética parte do fato de que os dois sistemas — socialismo e capitalismo — devem inevitavelmente coexistir durante um longo período e que encontra na emulação pacífica com o capitalismo um caminho perfeitamente aceitável. Assim, ao responder à carta aberta de Wallace, em maio de 1948, o camarada Stálin afirmou:

“... o Governo da URSS considera que, apesar da diferença dos sistemas econômicos e das ideologias, a coexistência desses sistemas e a conclusão de acordo entre a URSS e os Estados Unidos não são somente possíveis, mas também absolutamente indispensáveis no interesse da paz geral”.

A política externa stalinista da União Soviética constitui uma política de reforçamento da paz por todos os meios e de cooperação leal entre os povos. Esta política constitui o obstáculo principal no caminho dos fautores de guerra. É por isso que centenas de milhões de pessoas no mundo inteiro apoiam e aprovam a política de paz da União Soviética, como uma política que corresponde, em todos os pontos, aos interesses vitais fundamentais de todos os povos amantes da paz. A causa de uma paz durável é defendida, em conjunto com a União Soviética, pelos países de democracia popular na Europa e na China e pelo conjunto do poderoso campo internacional dos partidários da Paz em todos os países. O nome do camarada Stálin é a bandeira sob a qual os partidários da paz consolidam e unificam as suas forças, dispostos à luta decisiva contra os fautores de novas guerras.

O Maior Teórico e Dirigente do Movimento Comunista Internacional

As obras do camarada Stálin consagradas aos problemas do imperialismo e da crise geral do capitalismo constituem um capital inestimável que enriquece o tesouro da teoria marxista-leninista. Não há problema essencial, no capitalismo contemporâneo, que não tenha sido esclarecido de maneira científica e aprofundada nas obras do camarada Stálin. As particularidades do desenvolvimento dos principais países capitalistas — Estados Unidos, Inglaterra, Alemanha e França — a história das relações internacionais em todo o período transcorrido durante as duas guerras, assim como durante a segunda guerra mundial, o desenvolvimento das contradições no campo imperialista, todos os problemas fundamentais do movimento de libertação nacional nas colônias, os problemas da revolução chinesa, as funções e a significação do capitalismo monopolista de Estado — todos estes aspectos, assim como vários outros, da vida do capitalismo contemporâneo, são submetidos pelo camarada Stálin a uma profunda análise marxista- leninista.

O camarada Stálin é o maior teórico e dirigente do movimento comunista internacional. As suas obras armam os Partidos Comunistas do todos os países, ao lhes fornecer indicações básicas sobre as questões fundamentais de estratégia e tática da luta de classes. No artigo sobre a posição e as tarefas internacionais dos Partidos Comunistas, o camarada Stálin indicou que as tarefas dos Partidos Comunistas consistem em:

“1.°) Utilizar a fundo tedas as contradições no campo da burguesia com o objetivo de decompor e enfraquecer as suas forças, com o objetivo de reforçar as posições do proletariado.

2.º) Traçar as formas concretas e os meios de aproximação da classe operária dos países de vanguarda com o movimento nacional revolucionário das colônias e dos países dependentes, com o objetivo de apoiar por todos os meios esse movimento contra o o inimigo comum, contra o imperialismo.

3.º) Fazer progredir e travar até às suas últimas consequências a luta pela unidade do movimento sindical, tendo em vista que esta ação é o meio mais seguro de conquistar as numerosas massas da classe operária.

4.º) Traçar as formas concretas e os meios de aproximação da classe Operária com os pequenos camponeses esmagados pela máquina burocrática do Estado burguês e pelos preços de pilhagem dos trustes todo-poderosos, tendo em vista que a luta para ganhar os pequenos camponeses constitui uma tarefa inscrita na ordem do dia para o Partido que marcha no sentido da ditadura do proletariado.

5.º) Apoiar o poder soviético e derrotar as maquinações intervencionistas do imperialismo contra a União Soviética, tendo em vista que a União Soviética é o baluarte do movimento revolucionário de todos os países, que a salvaguarda e o reforçamento da União Soviética significa o aceleramento da vitória da classe operária sobre a burguesia mundial”(26).

As obras do camarada Stálin armam o povo soviético e todo o campo da paz, da democracia e do socialismo com uma clara compreensão dos problemas internacionais mais complexos, e de um conhecimento precioso do caminho a seguir na lufa pelo socialismo.

As ideias geniais de Stálin armam as forças de vanguarda da sociedade contemporânea na sua luta contra as forças negras da reação, do imperialismo e da guerra, contra os lacaios do imperialismo, os socialistas de direita.

Sob a sábia direção do grande Stálin, a União Soviética se tornou um poderoso e invencível Estado Socialista. Ela dirige o campo poderoso da Paz, da democracia e do socialismo. A doutrina marxista-leninista, elevada pelo grande Stálin a novas alturas, sem precedentes, conquistou as massas e se tornou uma força gigantesca na luta pela vitória do socialismo sobre o capitalismo.

Sob a direção do seu chefe e mestre genial, o camarada Stálin, o povo soviético marcha de vitória em vitória e sabe perfeitamente que a vitória do socialismo e da democracia no mundo inteiro é inevitável.


Notas de rodapé:

(1) J. Stálin — “Cuestiones del Leninismo”, pág. 11 — Ediciones en Lenguas Extranjeras — 1941 — Moscou. (retornar ao texto)

(2) J. Stálin — “Cuestiones del Leninismo”, pág. 11 — Ediciones en Lenguas Extranjeras — 1941 — Moscou. (retornar ao texto)

(3) J. Stálin — “Cuestiones del Leninismo”, pág. 11 — Ediciones en Lenguas Extranjeras — 1941 — Moscou. (retornar ao texto)

(4) J. Stálin — “Cuestiones del Leninismo”, pág. 12 — Ediciones en Lenguas Extranjeras — 1941 — Moscou. (retornar ao texto)

(5) J. Stálin — “Cuestiones del Leninismo”, pág. 12 — Ediciones en Lenguas Extranjeras — 1941 — Moscou. (retornar ao texto)

(6) “Marxismo e Liberalismo” — (Entrevista concedida por J. Stálin ao escritor inglês H. G. Wells), pág. 7, Editorial Vitória, Rio. (retornar ao texto)

(7) “Marxismo e Liberalismo” (Entrevista concedida por J. Stálin ao escritor inglês H. G. Wells) pág. 9, Editorial Vitória, Rio. (retornar ao texto)

(8) J. Stálin. “Cuestiones del Leninismo”, pág. 27, Ediciones en Lenguas Extranjeras, 1941, Moscou. (retornar ao texto)

(9) J. Stálin — “Cuestiones del Leninismo” — pgs. 27 e 28 Ediciones en Lenguas Extrangeras, 1941, Moscou. (retornar ao texto)

(10) J. Stálin — “O Marxismo e o Problema Nacional e Colonial”, pág. 164, E. S. I., Paris, 1937. (retornar ao texto)

(11) J. Stálin — “O Marxismo e o Problema Nacional e Colonial”, idem, idem. (retornar ao texto)

(12) V. I. Lênin — Obras Completas, págs. 371-372, Tomo XVI, 4.ª edição russa, Moscou. (retornar ao texto)

(13) J. Stálin — Informe ao VII.º Pleno Ampliado do Komintern, novembro e dezembro de 1926, Obras Completas, pág. 87, tomo IX, edição russa, Moscou. (retornar ao texto)

(14) J. Stálin — Idem, idem, págs. 88 e 89. (retornar ao texto)

(15) J. Stálin — Obras Completas, pág. 105, Tomo IX, edição russa, Moscou. (retornar ao texto)

(16) J. Stálin — Idem, idem. (retornar ao texto)

(17) J. Stálin — XV.ª Conferência do Partido Comunista (b.) da URSS, Obras Completas, pág. 314, Tomo VIII, edição russa, Moscou. (retornar ao texto)

(18) J. Stálin — “História do P. C. (b.) da URSS", pág. 69, Edições Horizonte, Rio. (retornar ao texto)

(19) J. Stálin — “Questões do Leninismo”, págs. 88 e 89, Todo II, E. S. L, 1939, Paris. (retornar ao texto)

(20) J. Stálin — “Cuestiones del Leninismo”, Ediciones en Lenguas Extranjeras, pág. 475, 1941, Moscou. (retornar ao texto)

(21) J. Stálin — “Questões do Leninismo", Trabalhos da XIV.ª Conferência do P. C. (b.) da URSS, 1925 — pág. 193, E. S. I. 1926, Paris. (retornar ao texto)

(22) J. Stálin — Idem, idem, pág. 193 e 194. (retornar ao texto)

(23) J. Stálin — “Questões do Leninismo”, Informe do C. C. ao XV.° Congresso do P. C. (b.) da URSS, pág. 76, Tomo II, Edição francesa de 1931, Paris. (retornar ao texto)

(24) J. Stálin — “Cuestiones del Leninismo”, Ediciones en Lenguas Extranjeras, pág. 518, 1941, Moscou. (retornar ao texto)

(25) J. Stálin — “Por una Paz Duradera, por una Democracia Popular!”, edição de 1-11-1948. (retornar ao texto)

(26) J. Stálin — Obras Completas, págs. 57 e 58, edição russa, Moscou. (retornar ao texto)

logotipo problemas
Inclusão 20/01/2013