Contra o nacional-comunismo
(as lições do plebiscito ''vermelho'')

Leon Trotsky


Que diz a Pravda?


Mas que diz a Pravda, o primeiro jornal do primeiro Partido da Internacional Comunista?A Pravda não deu um só artigo sério nem fez uma só análise da situação na Alemanha. Do grande discurso programático de Thaelmann, ela só cita pudicamente uma meia-dúzia de frases sem consistência. E que pode dizer a Pravda de hoje, a Pravda servil da burocracia, esta Pravda sem cabeça, sem espinha, confusa nas suas contradições?

Do quê pode falar a Pravda quando Estaline se cala?

No 24 de Julho, a Pravda explicava como segue a viragem berlinense: «não participar no referendo teria significado que os comunistas são para o Landtag reaccionário actual». Tudo é reduzido aqui ao simples voto de desconfiança. Mas porquê, nesse caso, os comunistas não tomaram a iniciativa do referendo; porquê eles lutaram durante meses contra esta iniciativa e porquê se ajoelharam subitamente diante dela no 21 de Julho? O argumento da Pravda é um argumento à posteriori do cretinismo parlamentar e nada de mais.

No 11 de Agosto, após o referendo, a Pravda muda de argumentação: «O sentido da participação no referendo consistia para o Partido na mobilização extra-parlamentar das massas». Mas é precisamente com esse fim, isto é para uma mobilização extra-parlamentar das massas que tinha sido designado a jornada do 1 de Agosto. Não paremos hoje na crítica das jornadas vermelhas do calendário. Mas de todas as maneiras esta mobilização das massas do 1 de Agosto se produziu sobre as palavras de ordem e sob a direcção próprias do Partido comunista. Porquê haveria necessidade de uma nova mobilização oito dias depois, e isso nas condições onde os mobilizados não se vêm uns aos outros, onde ninguém não os pode contar, onde nem eles próprios, nem seus amigos, nem seus inimigos, onde ninguém não pode diferenciar de seus inimigos mortais?

No dia seguinte, no número 12 de Agosto a Pravda declara nem mais nem menos que: «Os resultados do voto significam … o grande golpe que a classe operária jamais deu à social democracia». Não citamos os números do referendo. Eles são conhecidos de todos (salvo dos leitores da Pravda), e eles batem em plena cara a vaidade inepta e vergonhosa da Pravda. Essa gente acreditam que seja normal mentir aos operários e de lhes lançar pó nos olhos.

O leninismo oficial está esmagado e pisado sob os tacões da burocracia dos epígonos. Mas o leninismo não-oficial está vivo. Que os funcionários enfurecidos não acreditam que lhes passarão tudo impunemente. As ideias cientificamente fundadas na revolução proletária são mais fortes que o aparelho, que importa qual caixa, que as repressões as mais cruéis. Pelo aparelho, a caixa e a repressão, nosso inimigos de classe estavam incomparavelmente mais fortes que a burocracia estalinista actual. A apesar disso, nós os vencemos sobre o território da Rússia. Demonstrá-mos que podemos vencê-los. O proletariado revolucionário os vencerá em todo o lado. Para isso é preciso uma política justa. Na luta contra o aparelho estalinista, a vanguarda proletária conquistará o direito de levar a cabo a política de Marx e de Lénine.

25 de Agosto 1931.


Inclusão 14/05/2017