A Revolução Alemã e a Burocracia Estalinista
(Problemas Vitais do Proletariado Alemão)

Léon Trotsky


13. A estratégia das greves


Na questão sindical, a direcção comunista confundiu definitivamente o partido. O curso geral do ''terceiro período'' visava criar sindicatos paralelos. Partia-se da hipótese que o movimento de massas excedia as antigas organizações e que os órgãos do RGO (Oposição Sindical Revolucionária) tornar-se-iam os comités de iniciativa para a luta económica. Para realizar esse plano, só faltava um pequeno detalhe: o movimento de massa. Durante as inundações da primavera, a água arrastou um grande número de cercas. Tentemos retirar as cercas, decidiu Losovsky, talvez as águas da primavera comecem a correr.

Os sindicatos reformistas resistiram. O Partido comunista excluiu-se ele próprio das fábricas. A seguir, decidiu levar à política sindical correcções parciais. O Partido comunista recusou chamar os operários não organizados a entrar nos sindicatos reformistas. Mas ele pronunciou-se igualmente contra a saída dos sindicatos. Criando organizações paralelas, ele tornou a dar vida à palavra de ordem de luta no seio das organizações reformistas para ganhar aí influência. A mecânica no conjunto é um modelo de auto-sabotagem.

O Rote Fahne queixa-se que muitos comunistas consideram como inútil participar nos sindicatos reformistas. ''Para que serve voltar a dar vida a esse botequim? '' declaram. Com efeito: com qual objectivo? Se se trata de lutar seriamente para se apoderar dos antigos sindicatos, então é preciso chamar os que não estão organizados a entrar aí: são as camadas novas que podem criar uma base para uma ala esquerda. Mas nesse caso, não é preciso criar sindicatos paralelos, isto é uma agência concurrente para recrutar os trabalhadores.

A direcção na sua política em relação aos sindicatos reformistas atinge as mesmas cimeiras de confusão como nas outras questões. O Rote Fahne do 28 de Janeiro criticou os militantes comunistas do sindicato dos metalúrgicos de Düsseldorf por ter avançado a palavra de ordem de ''luta impiedosa contra a participação dos dirigentes sindicais'' ao apoio do governo Bruning. Essas reivindicações oportunistas são inaceitáveis, porque elas pressupõem (!) que os reformistas são susceptíveis de renunciar a aceitar Bruning e as suas leis de excepção. Na verdade, tudo isso parece uma brincadeira de mau gosto! O Rote Fahne considera que basta cobrir de injúrias os dirigentes, mas inaceitável de os submeter à prova política das massas.

Ora, actualmente os sindicatos reformistas oferecem um campo de acção extraordinariamente favorável. O partido social-democrata tem ainda a possibilidade de enganar os operários com a sua propaganda política; por outro lado, o impasse do capitalismo ergue-se diante dos sindicatos como uma muro de prisão. Os 200 ou 300 000 operários organizados nos sindicatos vermelhos independentes podem se tornar num precioso fermento no interior dos sindicatos reformistas.

No fim de Janeiro, uma conferência comunista dos comités de empresa de todo o país teve lugar em Berlim. O Rote Fahne, dá o relato seguinte: ''os comités de fábrica constroem a frente operários vermelho'' (2 de Fevereiro). Procurar-se-se ia em vão informações sobre a composição da conferência, sobre o número de operários e de empresas representada. Com a diferença dos bolcheviques que notavam cuidadosamente e publicamente toda modificação da relação de forças no seio da classe operária, os estalinistas alemãs, imitam nisso os da Rússia, jogam às escondidas. Ele não querem reconhecer que os comités de fábrica comunistas não representam senão 4% do total contra 84% dos sociais-democratas! O balanço político do ''terceiro período'' está contido nesse relato. O facto de baptizar ''frente única vermelha'' o isolamento dos comunistas nas empresas, fará avançar as coisas?

A crise prolongada do capitalismo marca no interior do proletariado a linha de partilha a mais dolorosa e a mais perigosa: entre os que trabalham e os desempregados. O facto que os reformistas sejam preponderantes nas empresas, e os comunistas entre os desempregados, paralisa as duas partes do proletariado. Os que têm trabalho podem esperar mais tempo. Os desempregado são mais impacientes. Hoje, a sua impaciência tem um carácter revolucionários. Mas, se o Partido comunista não consegue encontrar as formas e as palavras de ordem de luta que, unindo os desempregados e os que trabalham, abrirão a perspectiva de uma saída revolucionária, a impaciência dos desempregados se volta infalivelmente contra o Partido comunista.

Em 1917, apesar da política correcta do partido bolchevique e o rápido desenvolvimento da revolução, as camadas mais desfavorecidas e as mais impacientes do proletariado começavam mesmo em Petrogrado, desde Setembro-Outubro, a afastar o olhar do bolchevismo e a se voltar para os sindicalistas e os anarquistas. Se a Revolução de Outubro não tivesse rebentado a tempo, a desagregação do proletariado teria tomado um carácter agudo e levado ao apodrecimento da revolução. Na Alemanha, os anarquistas são inúteis: os nacionais-socialistas podem ocupar seus lugares, combinando a demagogia anarquista com seus objectivos abertamente reaccionários.

Os operários não são de forma alguma imunizados uma vez por todas contra a influência dos fascistas. O proletariado e a pequena burguesia se apresentam como vasos de comunicação, sobretudo nas condições presentes, quando o exército de reserva do proletariado não pode fornecer os pequenos comerciantes, os vendedores a domicilio, etc., e a pequena burguesia enraivecida, os proletários e o lupen-proletariado.

Os empregados, o pessoal técnico e administrativo, certas camadas de funcionários constituíam no passado um dos apoios importantes da social democracia. Hoje, esses elementos passaram ou passam aos nacionais-socialistas. Eles podem mobilizar, se ainda não começaram a fazer, a aristocracia operária. Segundo esta linha o nacional-socialismo penetra por cima no proletariado.

Todavia, a sua penetração eventual por baixo, quer dizer pelos desempregados, é muito mais perigosa. Nenhuma classe não pode viver muito tempo sem perspectivas e esperanças. Os desempregados não são uma classe mas eles constituem já uma camada social muito compacta e muito estável, que procura em vão sair das condições de vida insuportáveis. Se é verdade, em geral, que a única revolução proletária pode salvar a Alemanha do apodrecimento e da desagregação, isso é verdade em primeiro lutar para milhões de desempregados.

Dado a fraqueza do Partido comunista nas empresas e os sindicatos, o seu crescimento numérico não resolve nada. Numa nação abalada pela crise, minada pelas suas contradições, um partido de extrema esquerda pode encontrar dezenas de milhares de novos partidários, sobretudo se o aparelho do partido é, com um objectivo de ''competição'', exclusivamente voltado para o recrutamento individual. O que é decisivo, são as relações entre o partido e a classe. Um operário comunista eleito para um comité de fábrica ou para a direcção do seu sindicato tem mais importância que um milhar de novos membros, recrutados aqui e ali, entrando hoje no partido para o abandonar amanhã.

Mas este afluxo individual de novos membros não durará eternamente. Se ele persiste em afastar a luta até ao momento onde ele terá definitivamente afastado os reformistas, o Partido comunista compreenderá depressa que a partir de um certo momento a social-democracia deixa de perder influência a proveito do Partido comunista e que, por outro lado, os fascistas começam a desmoralizar os desempregados, principal base do Partido comunista. Um partido político não pode impunemente abster-se de mobilizar as suas forças para as tarefas que decorrem da situação. O Partido comunista esforça-se por desencadear greves sectoriais para abrir caminho a uma luta de massas. Os sucessos nesse domínio são magros. Como sempre os estalinistas ocupam-se da autocrítica: ''Nós não sabemos ainda organizar … '', ''não sabemos ainda treinar … '', além disso ''nós'' significa ''vocês''. A teoria de triste memória das jornadas de Março de 1921 reaparece; ''electrizar'' o proletariado por acções ofensivas minoritárias. Mas os operários não necessitam de serem ''electrizados''. Ele querem que lhes dêem perspectivas claras e e que os ajudem a criar premissas de um movimento de massa.

Na estratégia das greves, é claro que o Partido comunista apoia-se sobre citações isoladas de Lénine nas interpretação que delas dão Lozovsky e Manuilsky. Certamente que houve períodos onde os mencheviques, lutavam contra a ''grevemania'' enquanto que os bolcheviques tomavam a cabeça de cada nova greve, mobilizando o movimento de massas cada vez mais importantes. Isso correspondia a um período de despertar de novas camadas da classe. Tal foi a táctica dos bolcheviques em 1905, no período de desenvolvimento industrial que precedeu a guerra, nos primeiros meses da revolução de Fevereiro.

Mas no período precedendo directamente Outubro, a partir do conflito de Julho 1917, a táctica dos bolcheviques foi diferente: eles não favoreciam as greves, eles travavam-na porque cada grande greve tinha tendência a se transformar em confrontação decisiva, enquanto que as premissas políticas ainda não tinham amadurecido.

O que não lhes impedia, no decurso desses meses, tomar a cabeça de todas as greves que rebentavam apesar dos avisos, essencialmente nos sectores mais atrasados da indústria (têxteis, couros, etc.).

Se, em certas condições, os bolcheviques desencadeavam ousadamente greves no interesse da revolução, nas outras condições, sempre no interesse da revolução, eles refreavam os operários para não entrarem em greve. Nesse domínio como nos outros, não há receita pronta. A táctica das greves para cada período se integrava sempre numa estratégia global e o laço entre a parte e o todo era claro para os trabalhadores de vanguarda.

Como é que é na Alemanha? Os operários que têm trabalho não opõem resistência à redução dos salários, porque eles têm medo dos desempregados. Não há nada de espantoso: quando existem vários milhões de desempregados, a greve tradicional, organizada pelos sindicatos, é uma luta sem esperança. Ela é duplamente condenada quando existe um antagonismo político entre os desempregados e os que têm um emprego. O que não exclui as greves sectoriais, particularmente nos sectors mais atrasados da indústria. Em contra-partida, são os operários dos sectores mais importantes, que, numa tal situação, são os que são levados a escutar a voz dos dirigentes reformistas. As tentativas do Partido comunista para desencadear uma greve, sem que a situação no seio do proletariado não seja modificada, se reduzem a pequenas operações de partidários que, mesmo em caso de sucesso, não têm seguimento.

Segundo as narrativas dos operários comunistas (ver nem que seja Der Rote Aufbau), muitos operários nas empresas declaram que as greves sectoriais não têm actualmente qualquer sentido, que só a greve geral pode arrancar os operários à miséria. ''Greve geral'' significa aqui ''perspectivas de luta''. Os operários são tanto menos entusiasmados pela greves sectoriais que são directamente confrontados ao poder de Estado: o capital monopolista fala aos operários a linguagem das leis de excepção de Bruning.(1)

Na aurora do movimento operário, os agitadores abstiveram-se muitas vezes em desenvolver perspectivas revolucionárias e socialistas para não assustar os operários que procuravam mobilizar para uma greve. Hoje a situação apresenta-se de maneira totalmente oposta. As camadas dirigentes dos operários alemãs não podem decidir participar numa luta económica senão na perspectiva geral que as lutas a vir são claras. Essas perspectivas, elas não as encontram junto da direcção comunista.

A propósito da táctica das jornadas de Março de 1921 na Alemanha (''electrizar'' a minoria do proletariado em vez de ganhar a sua maioria), o autor destas linhas declarou no IIIº Congresso: ''Quando a esmagadora maioria da classe operária na se encontra no movimento, não simpatiza com ele ou ainda dúvida do seu sucesso, quando a minoria, por outro lado, corre em frente e esforça-se mecanicamente em empurrar os operários para a greve, neste caso esta minoria, impaciente pode, na pessoa do partido, entrar em conflito com a clase operária e aí quebrar a cabeça.''

Deve-se renunciar à greve como forma de luta? Não, não renunciar mas criar as premissas políticas e organizativas indispensáveis. O restabelecimento da unidade sindical é uma. A burocracia reformista não quer nada disso, naturalmente. Até agora a cisão assegurou-lhe a melhor posição possível. Mas a ameaça directa do fascismo modifica a situação nos sindicatos retira a vantagem à burocracia. A aspiração à unidade cresceu. A clique de Leipart pode sempre tentar, na situação actual, recusar em restabelecer a unidade: isso multiplicará por dois ou por três a influência dos comunistas no interior dos sindicatos. Se a unidade se realiza, tanto melhor, um largo campo de actividade abrir-se-á diante dos comunistas. Não são as meias medidas que são precisas mas uma viragem radical!

Sem uma grande campanha contra a carestia da vida, pela redução da semana de trabalho, contra a diminuição dos salários, sem a participação dos desempregados nessa luta, sem a aplicação da política da frente única, as pequenas greves improvisadas nunca farão desenvolver o movimento numa luta de conjunto.

Os sociais-democratas de esquerda falam da necessidade, ''em caso da tomado do poder pelos fascistas'', de recorrer à greve geral. É muito possível que o próprio Leipart mostre tais ameaça quando ele está entre quatro paredes. O Rote Fahne fala sobre este assunto do luxemburguismo. É caluniar a grande revolucionária. Se Rosa Luxemburgo sobrestimou a importância própria da greve geral na questão do poder, ela compreendeu muito bem que não se chama arbitrariamente à greve geral, que ela é preparada por todo o itinerário anterior do movimento operário, pela política do partido e dos sindicatos. Na boca dos sociais-democratas de esquerda, a greve geral é antes de tudo um mito consolante que lhe permite evadir da triste realidade.

Durante muitos anos os sociais-democratas franceses prometeram recorrer à greve geral em caso de guerra. O congresso de Basileia de 1912 prometia mesmo recorrer ao levantamento revolucionários. Mas a ameaça de greve e levantamento não foi nesses dois caso senão um trovão de opera. Não se trata de forma alguma de oposição entre greve e levantamento. O social-democrata bebeliano de antes da guerra era um reformista, armado do conceito abstracto de revolução; o reformista do após-guerra, agitando a ameaça da greve geral, é já uma verdadeira caricatura.

A atitude da direcção comunista em relação à greve geral é, evidentemente, muito mais séria. Mas a clareza lhe faz falta, mesmo nesta questão. Portanto a clareza é necessária. A greve geral é um meio de luta muito importante mas não é um remédio universal. Há situações onde a greve geral risca de enfraquecer mais os operários que o seu inimigo. A greve deve ser um elemento importante do cálculo estratégico, mas não uma panaceia na qual se afoga toda a estratégia.

De modo geral a greve geral é o instrumento de luta do mais fraco contra o mais forte, ou, mais exactamente, daquele que, no início da luta, se sente mais fraco contra aquele que considera como o mais forte: quando pessoalmente não posso utilizar um instrumento importante, tento pelo menos de evitar que o inimigo não se sirva; se não posso disparar com um canhão, retiro-lhe pelo menos o percutor. Tal é a ''ideia'' da greve geral.

A greve geral sempre apareceu como um instrumento de luta contra um poder de Estado estabelecido que dispõe dos caminhos de ferro, do telegrama, das forças militares e policiais, etc. Paralizando o aparelho de Estado a greve geral, seja ''assusta'' o poder, seja criando as premissas a uma solução revolucionária da questão do poder.

A greve geral mostra ser um meio de luta particularmente eficaz, quando só o entusiasmo revolucionário une as massas trabalhadoras, a ausência de organização e de um estado-maior de combate não lhe permitindo nem de apreciar antecipadamente a relação de forças nem de elaborar o plano de operações. Pode-se pensar que a revolução antifascista em Itália, cujo início será marcado por um certo número de conflitos localizados, passará inevitavelmente pelo estádio da greve geral. Não é somente por esta via que a classe operária de Itália, hoje atomizada, terá de novo consciência de formar uma só classe e medir a força de resistência do inimigo que ela deve derrubar.

A greve geral seria uma forma apropriada de luta contra o fascismo na Alemanha, somente se este último já estava no poder e mantinha firmemente o aparelho de Estado. Mas a palavra de ordem de greve geral é uma fórmula uma vazia se se tratasse de esmagar o fascismo na sua tentativa para se apoderar do poder.

Quando da marcha de Kornilov sobre Petrogrado, nem os bolcheviques nem os sovietes no seu conjunto não pensavam a desencadear uma greve geral. Nos caminhos de ferro os operários lutavam pelo transporte de tropas revolucionárias e reter os trens de Kornilov. As fábricas não paravam senão na medida onde os operários deviam partir para a frente. As empresas que trabalhavam para a frente revolucionária multiplicavam a actividade.

Estava fora de questão a greve geral durante a Revolução de Outubro. Na véspera da revolução, as fábricas e os regimentos na sua imensa maioria já se tinham associado à direcção do Soviete bolchevique. Chamar as fábricas para a greve geral nessas condições significava enfraquecer-se a si próprio e não enfraquecer o adversário. Nos caminhos de ferro, os operários esforçavam-se por ajudar o levantamento; os empregados, fingindo um ar de neutralidade, ajudavam a contra-revolução. A greve geral dos caminhos de ferro não tinha qualquer sentido: a questão foi resolvida quando os operários tomaram a vantagem.

Se, na Alemanha, a luta rebenta a partir de conflitos localizados, devidos a uma provocação fascista, é pouco provável que uma chamada à greve geral responda às exigências da situação. A greve geral significa antes de tudo: cortar uma cidade da outra, um bairro do outro, e mesmo uma fábrica de outra. Seria mais difícil de encontrar e de juntar os desempregados. Nessas condições os fascistas que não têm falta de estado-maior, podem ganhar uma certa superioridade, graças à sua direcção centralizada. Certamente, suas tropas estão nesse ponto atomizadas que mesmo então, a tentativa dos fascistas pode ser afastada. Mas é já um outro aspecto do problema.

A questão das comunicações ferroviárias deve ser abordada não do ponto de vista do ''prestígio'' da greve geral que implica que todos façam greve, mas do ponto de vista da sua utilidade no combate: para quem e contra quem as vias de comunicação servirão durante a confrontação?

Por consequência, é preciso preparar-se não para a greve geral mas para resistir aos fascistas. Isso implica: criar em todo o lado bases de resistência, destacamentos de choque, reservas, estados-maiores locais e centros de direcção, uma ligação eficaz, planos muito simples de mobilização.

O que fazem as organizações locais num canto da província, em Bruchsal ou em Klingental, onde os comunistas com o SAP e os sindicatos criaram uma organização de defesa, apesar do boicote da parte da cimeira reformista, é um exemplo para todo o país, em despeito das suas dimensões modestas. Ó chefes potentes, ó estrategas sete vezes doutos, temos vontade de lhes gritar, tomai uma lição junto dos operários de Bruchsal e de Klingental, imitem-os, alargai vossas experiências, tomai uma lição junto dos operários de Bruchsal e de Klingental!

A classe operária alemã dispõe de potentes organizações políticas, económicas e desportivas. É isso que faz a diferença entre o ''regime de Bruning'' e o ''regime de Hitler''. Bruning não tem nenhum mérito: a fraqueza burocrática não é um mérito. Mas é preciso ver as coisas de frente. O facto principal, capital, fundamental é que a classe operária na Alemanha está ainda em plena posse das suas organizações. Uma utilização incorrecta da sua força é a única razão da sua fraqueza. Basta estender a todos o país a experiências de Bruchsal e de Klingental, e a Alemanha apresentará outra cara. Nessas condições, a classe operária poderá recorrer a formas de luta contra os fascistas muito mais eficazes e directas que a greve geral. Se a evolução da situação tornasse necessária a utilização da greve geral (uma tal situação poderia nascer de um certo tipo de relações entre os fascistas e os órgão do Estado ), o sistema de comités de defesa constituidos na base da frente única garantiria previamente o sucesso da greve de massas.

A luta não pararia nessa etapa. De facto, o que é no fundo a organização de Bruchsal e de Klingental? É preciso saber discernir o que é importante nos acontecimentos aparentemente menores: esse comité local de defesa é de facto o comité local dos deputadas operários; ele não se chama assim e ele não tem consciência disso, porque trata-se de um pequeno lugar na província. Aqui também, a quantidade determina a qualidade. Transponham esta experiência em Berlim e terão o Soviete dos deputados operários de Berlim!

continua>>>

Notas de rodapé:

(1) Certos ultra-esquerda (por exemplo o grupo italiano dos Bordighistas consideram que a frente única só é aceitável para as lutas económicas. Hoje ainda mais que no passado é impossível separar as lutas económicas das lutas políticas. O exemplo da Alemanha onde as convenções tarifárias são suprimidas, onde os salários são diminuídos por decretos governamentais deveria fazer compreender esta verdade mesmo às crianças de tenra idade. Notemos de passagem que na hora actual, os estalinista dão vida a numerosos antigos preconceitos dos bordighistas. Nada de espantar a que o grupo ''Prometeo'', que não aprende nada e não progrediu uma polegada, seja hoje, na hora dos zig-zags ultra-esquerdas da Internacional comunista, muito mais próximo dos estalinistas que de nós. (retornar ao texto)

Inclusão 09/11/2018