Pelo aprofundamento da revolução no Partido e no Estado

Discurso realizado no Ativo das Células do Partido das minas de carvão de Kërrabë, da fábrica “Enver”, da cooperativa agrícola “Wilhelm Pieck”, da Universidade de Tirana e dos Departamentos Militares

Enver Hoxha

6 de fevereiro de 1967


Fonte: Obras Completas, volume 35, fevereiro de 1967 – junho de 1967, páginas 1-55, Casa de Publicações “8 Nëntori”, Tirana, 1982.
Tradução: Thales Caramante.
HTML: Lucas Schweppenstette.


Esse discurso é uma elaboração adicional das ideias estabelecidas na decisão do Birô Político do Comitê Central do Partido do Trabalho da Albânia (PTA), Sobre a Luta Contra a Burocracia, Por um Método de Trabalho Revolucionário. A discussão desse documento comprovou a justeza das decisões históricas de nosso partido, sua maturidade e vitalidade marxista-leninista.

Camaradas, as células do partido têm um evento importante diante de si. Durante os próximos dois meses, serão realizadas reuniões em todas as células da cidade e do campo, de várias instituições e das forças armadas, para prestar contas e eleger a direção das células e dos comitês do partido em regiões e distritos remotos.

A prestação de contas e as eleições são um evento de grande importância para o fortalecimento do partido. Nas reuniões que serão realizadas com esse fim, cada comunista deve analisar seu próprio trabalho, da célula e do comitê, avaliar todos os acertos e erros, no espírito de crítica e autocrítica, definir os objetivos e quais esforços devemos fazer no futuro, eleger o secretário, o birô ou o comitê entre os camaradas que trabalharam melhor, que provaram ser organizadores capazes e lutadores resolutos pela aplicação da linha do partido.

As reuniões das células e comitês, para prestação de contas e eleições, devem justificar sua realização. O que quero dizer é que deve ser exigida uma prestação de contas de cada militante, um por um, e não apenas como realizamos a tarefa em geral, mas como eu, como militante individual do partido, a realizei, não apenas no campo, na fábrica ou no escritório, mas como cumpri meu dever na sociedade, como me mobilizei e lutei para resolver problemas sociais, políticos e familiares e, quando digo problemas familiares, não me refiro, de forma alguma, aos assuntos internos da família, mas aos problemas sociais e políticos que preocupam a família albanesa.

Na célula e no comitê, os militantes revolucionários exigem uma prestação de contas de seus camaradas também revolucionários, uma vez que as questões sobre as quais a prestação de contas é exigida não são assuntos privados e pessoais, mas problemas políticos e organizacionais do partido, problemas do coletivo, das massas; portanto, nós, como militantes, temos grande responsabilidade com o coletivo do partido e como militantes, como militantes individuais desse coletivo.

Estamos travando uma grande e contínua luta pela maior revolução do partido, do qual obtivemos resultados bem positivos. Revolucionar o partido significa revolucionar os militantes. Eles devem ser militantes, duros como aço, claros politicamente, corajosos, gentis, diretos, sinceros e, quando necessário, também severos. Eles devem destruir tudo o que é ruim e apoiar, organizar o novo e o progressista, e lutar na linha de frente... Todo o partido e o país devem se levantar para erradicar os costumes retrógrados, para quebrar o pescoço de qualquer um que viole a lei sagrada do partido em defesa dos direitos das mulheres e das meninas. Esses são problemas morais e políticos de grande importância.

A exigência de prestação de contas por parte dos militantes é necessária, mas deve ser feita em um espírito revolucionário e não por despeito, por questões insignificantes e não políticas, não na forma de uma inquisição, com calúnias, acusações forjadas ou ataques pessoais vingativos. Todos esses tipos de exigências são estranhos e condenados por nosso partido, pois são todos inspirados por visões pequeno-burguesas.

Portanto, acho que devemos nos afastar dessas formas de exigir contas em geral que não produzem resultados, ou de fazer críticas e autocríticas obsoletas que não têm efeito, não educam politicamente os camaradas e não os ajudam a resolver os problemas de forma justa.

Para tornar o partido completamente revolucionário, todo comunista deve assumir e arcar com suas responsabilidades, cumprindo suas tarefas à risca e prestando contas à risca. Frequentemente, a prestação de contas não é feita adequadamente e não é exigida de forma correta, porque as tarefas de cada militante e, antes de tudo, suas tarefas políticas, não são compreendidas com clareza.

Vejamos, por exemplo, os militantes dos comitês do partido ou os militantes das secretarias das células e até mesmo os militantes das células. Costuma-se dizer que nem todos são mobilizados adequadamente nos vários assuntos do partido, e muitas vezes é feita a crítica de que o birô do comitê do partido, seus secretários ou o assistente da célula não organizam bem o trabalho com eles, e assim por diante. Essas críticas são objetivas e justas; na verdade, deveriam ser feitas com mais ênfase, porque o único trabalho mais ou menos organizado e planejado dos comitês do partido e de seus secretários é realizado com os assistentes dos comitês, com o pessoal do birô e, de vez em quando, em reuniões ocasionais, com os secretários das células. Visto e feito dessa forma, esse trabalho parece um oficialismo burocrático.

Mas esses camaradas não são os únicos culpados: há outros, também, que são criticados apenas levemente, ou nem são criticados, e quando chega a hora da prestação de contas e das eleições, eles não prestam contas, mas ainda assim são reeleitos. Estou me referindo, em primeiro lugar, aos militantes das plenárias dos comitês do partido e dos birôs das células. Eles são eleitos pelo partido para dirigir, organizar, mobilizar e lutar como revolucionários, e não apenas para esperar pelas duas ou três reuniões anuais do comitê do partido e pensar que, com isso, seu trabalho está concluído. Nessas reuniões, seu trabalho está apenas começando.

Eles podem dizer: “Bem, os secretários não nos convocam, não nos mobilizam”, e assim por diante. Pode ser que sim, mas nunca vimos esses camaradas chamarem os secretários à responsabilidade por isso ou, finalmente, destituí-los se não fizerem seu trabalho corretamente. Vamos supor que os birôs e os secretários sejam os culpados, mas raramente vemos os militantes dos comitês do partido usarem os direitos que o partido lhes concedeu de forma revolucionária. Raramente, ou nunca, alguém vai verificar, auxiliar, instruir e tomar medidas no local em células que não sejam a sua, ou visitar e auxiliar organizações econômicas que não sejam aquelas às quais está diretamente ligado, sem que tenha sido indicado pelo comitê para fazê-lo. Ele não mexe um dedo sem que o comitê o faça. Ele não moverá um dedo sem consultar e obter a permissão do secretário. Um militante do comitê do partido deve coordenar essas coisas com os secretários, deve exigir fatos do aparelho do partido e deve discutir com os secretários o que viu, o que fez e o que propõe que deve ser feito. Se ele não tiver nenhum problema, nenhuma iniciativa própria dentro de suas competências, isso não pode ser chamado de trabalho revolucionário, mas apenas de interesse nas tarefas sob a jurisdição de sua célula. Isso é uma simples preocupação com os interesses locais.

O exercício adequado de todas as prerrogativas e deveres por parte de todo comunista, seja ele da base ou eleito para os órgãos dirigentes do partido, não significa que ele viole as normas do partido às quais me referirei mais tarde; pelo contrário, ele luta para fortalecê-las. Se ele não exercer esses direitos, estará tolerando um método de trabalho que fortalece o espírito burocrático no trabalho dos aparatos do partido e leva a uma situação em que os indicados para os aparatos do partido se tornam todo-poderosos, surgem no palco como “infalíveis trabalhadores especializados do partido” e as pessoas dizem que “eles têm os assuntos da organização na ponta dos dedos”. Isso também se aplica a certos militantes de base do partido.

Não há dúvida de que deve haver organização das tarefas e divisão do trabalho entre os militantes na célula. Em alguns casos, isso é bem feito, em outros, nem tanto; isso deve ser melhorado, mas é inadmissível que qualquer comunista permaneça ocioso se nenhum trabalho específico for atribuído a ele. Quantas tarefas estão esperando para serem realizadas! Então, que tipo de revolucionário é esse comunista que fica esperando que alguém lhe dê uma tarefa para fazer? Não, esse comunista não pode ser chamado de revolucionário enérgico, ativo e com iniciativa. O partido não precisa de tais militantes; seus militantes devem entender que somente na luta revolucionária é que os militantes heroicos podem ser criados e construídos.

Portanto, todas as reuniões do partido, especialmente aquelas para prestação de contas e eleições, são uma grande escola para a revolução dos quadros do partido.

A prestação de contas e as eleições devem colocar em movimento também todos os trabalhadores das cooperativas que não são militantes do partido, e que igualmente não são, e não poderiam ser, indiferentes aos sucessos ou deficiências do trabalho, às tarefas que a organização do partido estabelecerá para o futuro, ou que serão eleitos para a direção da organização partidária. Portanto, ao se prepararem para as reuniões de prestação de contas e eleições, os militantes devem conversar com os trabalhadores, ouvir suas opiniões, reclamações, críticas e sugestões para estudá-las cuidadosamente, de modo que a opinião, não apenas dos militantes, mas também das massas que não militam no partido, sejam refletidas nas reuniões do partido. Uma preparação desse tipo ajudará a garantir que essas reuniões sejam conduzidas em um espírito revolucionário militante.

O ano passado foi o ano de grandes iniciativas criativas da classe operária, em consequência das quais muitas novas oficinas, lojas e fábricas foram construídas; foi o ano em que todos os camponeses das regiões montanhosas embarcaram no caminho da coletivização da agricultura; foi o ano de um maior fortalecimento do potencial de defesa do nosso país e de uma mobilização revolucionária de todos os cidadãos de nossa República Popular.

Esses sucessos são um incentivo, um grande encorajamento para todo comunista e todo trabalhador do nosso país. Eles fortalecem nossa confiança e convicção de que cumpriremos as tarefas de 1967, dos anos vindouros do 4º Plano Quinquenal, adotado pelo glorioso 5º Congresso do nosso partido, com o mesmo sucesso que cumprimos as tarefas do primeiro ano do plano quinquenal, ou até melhor.

Nosso partido nos ensina, aos militantes, que nunca devemos ficar tontos com o sucesso. Não devemos esconder as deficiências de nosso trabalho por trás de nossos sucessos. Sabemos que, apesar dos sucessos alcançados no grande trabalho realizado pelas células para mobilizar as massas, houve e ainda há defeitos que o partido deve lutar com determinação para eliminar.

O Comitê Central do Partido tem enfatizado constantemente que as células do partido devem ter mais iniciativa em seu trabalho. Porém, às vezes, essa questão não é compreendida adequadamente. Assim, existe a ideia de que a análise e a discussão das decisões dos comitês do partido nas células é um fardo para elas que inibe sua iniciativa. A análise e a discussão das decisões enviadas pelos órgãos superiores não devem ser consideradas algo supérfluo e desnecessário. Essa ideia seria errônea, pois isso significaria que não deveríamos informar o partido como um todo, não deveríamos ensiná-lo a trabalhar e a pensar, ou dar-lhe orientações e generalizações da experiência adquirida.

Não devemos esquecer nem por um momento que nosso partido se baseia no centralismo democrático. Isso quer dizer que a vida democrática, a atividade democrática de nosso partido, é conduzida sob uma direção centralizada, eleita da maneira mais democrática por todo o partido. Portanto, com base nesse centralismo democrático, não só as decisões importantes dos órgãos superiores do partido devem ser levadas ao conhecimento de todos, dos órgãos inferiores e do partido como um todo, como também os órgãos inferiores devem analisá-las mais profundamente e encontrar as melhores formas e meios para aplicá-las e colocá-las em prática.

Essas decisões vitais do partido não podem ser tomadas quando prevalece um espírito liberal e pequeno-burguês, quando existe no partido a perigosa atitude de “o que isso me importa?”. Não, em nosso partido marxista-leninista, em um partido proletário militante, não há espaço para a indisciplina liberal política e organizacional, para a democracia fictícia.

Nosso partido está dirigindo a grande luta proletária do povo e, para vencer todas as batalhas, impõe uma disciplina férrea que é tal no partido porque é consciente. Essas e outras normas do partido, sobre as quais falarei em breve, devem ser preservadas e fortalecidas, e não se deve pensar nem por um momento que, já que o partido está no poder, já que estamos exitosamente construindo o socialismo, podemos permitir qualquer relaxamento na implementação rigorosa das normas do partido. De forma alguma! Essas normas consolidam o partido, tornam-no uma vanguarda invencível.

A análise e a discussão de decisões ou sugestões sobre o trabalho, sobre formas de trabalho e tarefas enviadas por órgãos superiores são essenciais. Isso não limita os horizontes, não inibe a iniciativa das células. Porém, a questão é que tipo de assistência diferenciada é dada a elas, para que entendam e executem essas decisões de acordo com a realidade em que a célula específica vive e milita. Aqui temos um grande ponto fraco.

O campo de ação de toda célula é parecido, mas não é totalmente assim. Portanto, não podemos recomendar que a elaboração de uma decisão seja feita da mesma forma na cidade e no campo, na fábrica e na brigada de uma cooperativa, ou em uma escola. Não devemos insistir que toda célula deve lidar com todos os problemas que uma decisão pode gerar, de maneira uniforme.

Uma célula deve ser orientada, informada, para que tenha uma boa compreensão geral de toda a decisão e, em seguida, aprofundar-se nas partes que constituem problemas agudos e reais para ela... Os comitês devem perceber que o trabalho nas células do campo tem suas próprias características específicas, que muitas vezes, e especialmente em nossas condições concretas, são bem diferentes do trabalho nas células da cidade.

Esquecer ou ignorar as diferenças entre nossas cidades e nossas vilas, entre a vida e os costumes da cidade e os do campo, e usar o mesmo método de trabalho, os mesmos estilos tanto na cidade quanto no campo, de forma automática e estereotipada, está fadado a produzir resultados insatisfatórios. Os secretários e assistentes dos comitês do partido não prestam muita atenção a isso. Por exemplo, eles não levam devidamente em conta que a imprensa, por várias razões, não é entregue tão rapidamente no campo quanto na cidade, que o centro cultural em uma cooperativa não funciona e não é frequentado como o de uma fábrica na cidade, que os resquícios do passado na consciência do camponês são mais persistentes do que na consciência do operário, que o nível de consciência do camponês ainda é mais baixo do que o do morador da cidade. Então, o que os secretários e assistentes devem fazer? Há duas maneiras: seguir em frente como cavalos de carroça ou quebrar a cabeça para encontrar a saída mais adequada. É difícil emitir uma receita, porque, como eu disse, cada vilarejo ou grupo de vilarejos pode exigir métodos especiais de acordo com a situação e as circunstâncias. Mas uma receita é infalível e é o principal remédio para curar e colocar o trabalho em pé. Esse é o conhecimento completo, profundo e bem fundamentado da situação no campo, o conhecimento das pessoas, dos quadros da aldeia, um a um, o conhecimento de suas capacidades, suas inclinações, sua vontade e seus corações. A mesma coisa vale para as organizações da cidade também. Somente com base nisso pode haver iniciativa e ação própria na célula, e somente com base nisso os comitês do partido e os assistentes podem dar uma assistência qualificada. A eliminação dessa deficiência no método de trabalho dos comitês e das células ajudará todas as organizações a se tornarem mais revolucionárias, e a exercerem melhor a direção no trabalho de realização das grandes tarefas que enfrentam.

As células, ao se prepararem para suas reuniões de prestação de contas e eleições, devem considerar suas forças e fraquezas, com foco especial nas últimas.

As reuniões de prestação de contas e eleições do partido devem ser mais focadas. Atualmente, os comitês do partido abordam todos os tipos de problemas nessas reuniões, o que é uma tradição que deve ser eliminada, pois nossa experiência mostrou que essa abordagem não dá frutos e está ultrapassada. Em vez disso, os informes devem se restringir a uma ou duas pautas principais, como, digamos, produção, cultura e educação. Essa é a melhor maneira de identificar e abordar as fraquezas e deficiências do partido, e todo comunista deve prestar contas, fazer críticas ou autocríticas em relação a isso. A escolha dos problemas a serem abordados deve levar em consideração as características da célula, seu campo específico de atuação e suas fraquezas.

Nossa tarefa é fortalecer nosso partido de forma permanente, para que ele seja sempre militante, dinâmico, ativo, irreconciliável com suas deficiências e fraquezas. Para isso, é essencial trazer sangue novo, admitir novos militantes nas fileiras da classe operária e do campesinato cooperativo, junto aos elementos revolucionários mais destacados da intelectualidade. O Estatuto(1), adotado no 5º Congresso do Partido, define claramente as condições necessárias para a admissão no partido e as medidas que devem ser tomadas para a organização dos aspirantes. Uma das tarefas das células é explicar esses requisitos aos candidatos e candidatas. Se as diretrizes do partido forem bem compreendidas, ficará claro que, com os novos requisitos do Estatuto, as portas do partido não se fecham, mas que estão abertas para os melhores, para os revolucionários, mas fechadas para aqueles que não são dignos.

Por que alguns camaradas acreditam que as novas condições podem complicar a admissão de novos militantes no partido? Isso ocorre porque, até o momento, houve propostas de admissão por parte de militantes e células que careciam de critérios sólidos, resultando na admissão de pessoas no partido sem uma avaliação adequada. Atualmente, estabelecemos critérios robustos e implementamos avaliações diferenciadas. É necessário que as pessoas se adaptem a essas novas abordagens, e não há motivo para presumir que as portas do partido serão fechadas. Seria prejudicial tanto fechar as portas indiscriminadamente quanto mantê-las abertas para qualquer pessoa. No entanto, alguns seguem a diretriz do partido de maneira acrítica, sem reconhecer as distinções estabelecidas para diversas categorias, como operários, campesinos, intelectuais e funcionários dos departamentos. Se essas distinções e requisitos específicos para diferentes estratos não forem considerados, e se mineiros, cooperativistas, intelectuais e funcionários de escritório forem enviados indiscriminadamente para cumprir seu período de experiência como aspirantes a militantes, isso indica uma falta de compreensão da diretriz, o que é extremamente perigoso.

Vamos analisar a questão daqueles que sugerem a admissão de aspirantes a militantes no partido. As instruções do Comitê Central afirmam que é necessário “tomar uma posição” contra propostas irresponsáveis. É crucial compreender corretamente essa orientação. Embora as propostas devam ser feitas com responsabilidade, isso não implica que medidas punitivas devam ser automaticamente aplicadas por erros ou ofensas que um aspirante possa cometer ao longo de sua trajetória no partido. Caso contrário, ninguém se disporia a propor novos militantes. A abordagem adequada para essa questão deve considerar a dinâmica da dialética do desenvolvimento.

Vejamos a exigência do Estatuto de que o aspirante possa mudar de ocupação quando estiver cumprindo o período de experiência. Em princípio, isso pode ser feito, mas não deve se tornar uma regra, porque tal coisa não é do interesse do trabalho ou do aspirante.

Um aspirante pode ser transferido de seu próprio distrito, mas essa não deve ser a norma. Quando o aspirante é solteiro, a questão é mais simples. No entanto, considerando os diversos setores em cada distrito, com trabalhos desafiadores disponíveis, temos opções para alocar o aspirante. A avaliação de sua formação diante das dificuldades do trabalho deve ser feita em relação aos operários e cooperativistas. Devemos agir com prudência ao lidar com as aspirantes mulheres, especialmente aquelas casadas e com filhos, enquanto mantemos padrões mais rigorosos para funcionários dos escritórios e intelectuais. Assim, é crucial interpretar adequadamente as diretrizes do partido, e o processo de admissão de novos militantes na nova base, visando fortalecer o partido com novos membros, deve ser conduzido de forma contínua e cuidadosa, pois esta é uma questão vital para o partido.

Essas questões desempenham um papel crucial no aprimoramento do trabalho partidário, mas não são as únicas considerações relevantes para a campanha de prestação de contas e as eleições internas. O futuro revolucionário do nosso partido e dos órgãos estatais, assim como o fortalecimento simultâneo do partido e do Estado, estão interligados por uma série complexa de desafios. Gostaria de abordar dois problemas fundamentais com vocês:

Primeiro, sobre a estrita implementação e observação dos princípios e normas revolucionárias do partido; segundo, sobre a luta consistente e determinada que deve ser travada contra a burocracia.

Sobre a implementação das normas do Partido

Desde a sua fundação, nosso partido marxista-leninista tem dado prioridade ao centralismo democrático, à crítica e autocrítica, à democracia proletária, à análise crítica de problemas e eventos, ao sigilo eficiente, à disciplina consciente, à orientação das massas e à luta de classes, entre outros princípios fundamentais. A situação moral e política do partido, a elevação ideológica, o espírito revolucionário tanto no partido quanto entre o povo, além da execução precisa da linha do partido e o cumprimento dos planos, evidenciam os resultados positivos desses esforços.

No entanto, seria equivocado cair na autossatisfação e na miopia, declarando que tudo em nosso país é perfeito e feito sem falhas. A autossatisfação, a vertigem do sucesso, pode levar à inércia, minimizando erros, permitindo que se agravem e encobrindo-os com a noção de que “atingimos sucessos e agora está tudo indo bem”. Não devemos ignorar certas manifestações repreensíveis que possam ser consideradas acidentais.

É equivocado adotar uma postura de autossatisfação em relação às decisões acertadas. A noção de que aqueles que formulam tais decisões, com base na experiência do partido e do Estado, são infalíveis e acima de qualquer crítica, mantendo uma atitude idealista, mística e não-revolucionária, não está alinhada com os princípios marxista-leninistas e à dialética. Deve-se sempre partir do princípio de “confie e vigie”, amando e respeitando todos os que trabalham com dedicação na linha do partido com justeza e perseverança. No entanto, é crucial não hesitar em criticar e corrigir qualquer pessoa, independentemente de quem seja e sua posição, que cometa erros. Devemos estar dispostos a denunciar e desferir golpes severos e impiedosos em qualquer um que adote o caminho do inimigo, contrário aos interesses do partido, do povo e do socialismo.

Nossa principal prioridade deve ser persistir na revolução interna do partido com grande tenacidade. A transformação do partido só é possível por meio de um entendimento profundo, uma compreensão filosófica aprofundada e a aplicação rigorosa dos princípios marxista-leninistas que guiam o partido, assim como das normas leninistas que regem a vida dos militantes.

É crucial não abordar esse desafio de maneira formal ou mecânica, com o objetivo de evitar a aplicação simplista e sem vida desses princípios. Uma das tarefas fundamentais consiste em aprender e aplicar esses princípios e normas de maneira apropriada, enquanto simultaneamente identificamos as razões profundas pelas quais, em geral ou em casos específicos, essas normas não são compreendidas ou aplicadas corretamente em determinadas células ou por certos militantes.

Os membros do partido devem realizar regularmente uma análise crítica de seu trabalho, prescrevendo as medidas necessárias tanto para o partido como um todo quanto para cada militante. O remédio para aqueles que não compreendem ou aplicam adequadamente as normas, ou as violam, reside no estudo contínuo da teoria marxista-leninista e no engajamento na luta revolucionária, integrando-se à educação geral do partido nessas áreas.

Vamos dar uma olhada em algumas lições que a experiência do partido nos ensina.

Apesar dos avanços notáveis, observamos que nas células e comitês de nosso partido a vida não é tão dinâmica quanto deveria ser. Os debates e discussões não atingem o nível desejado, faltando uma troca efetiva de opiniões e pontos de vista divergentes que poderiam enriquecer o aprendizado dos camaradas, criando sínteses, resultando em conclusões e medidas apropriadas. Essa dinâmica é fundamental para o desenvolvimento pessoal de cada militante, promovendo vigilância e facilitando a execução eficaz das diretrizes, da linha e das tarefas partidárias.

Devemos dedicar atenção especial a esse problema para descobrir as verdadeiras razões que impedem que as células estejam em seu auge revolucionário? Com certeza! Sem dúvida! Ou devemos nos contentar com os resultados que alcançamos e não levar em conta o fato de que vários militantes não participam ativamente das discussões e debates? Devemos nos contentar em atribuir isso ao seu “baixo nível” ou considerar as falhas de um militante que está sendo criticado como sendo principalmente subjetivas e não nos aprofundar no assunto e chegar à conclusão de que, embora esse ou aquele comunista seja culpado por seu erro, nós, a célula, temos uma parcela de responsabilidade porque não o ajudamos? Ou, quando um militante ou um grupo de militantes não consegue realizar suas tarefas e cumprir os planos, é suficiente dizer que eles são os culpados, enquanto nós, a célula, nos isentamos de qualquer responsabilidade quando algo desagradável ocorre e nos solidarizamos com eles somente quando tudo vai bem? Não, de forma alguma!

Mas por que essas coisas acontecem nas células, por que essas coisas acontecem entre os militantes? É crucial explorar por que esses problemas persistem, apesar das medidas organizacionais e educacionais adotadas anteriormente, tanto de forma geral quanto da forma profunda. Esta não é a primeira vez que abordamos essas questões, mas é essencial reexaminá-las para encontrar soluções efetivas e contornar desafios persistentes.

Não devemos nos iludir ou cair na autocomplacência em relação a nenhuma questão. Não basta pensar que cumprimos nosso dever ao tomar medidas ou justificar resultados dizendo que “é inevitável que essas coisas aconteçam; é a dialética da vida e da luta”. Devemos rejeitar essas ideias e, em vez disso, aprofundar constantemente a análise das situações, fortalecendo e melhor organizando as medidas adotadas. Parece-me que é nisso que devemos insistir.

Reafirmo que a reunião da célula e dos comitês deve ser um evento de grande importância para os militantes. Para alcançar esse objetivo, é fundamental que todos, não apenas os secretários, se preparem minuciosamente. Isso não se resume apenas à elaboração de uma agenda bem estruturada, mas requer a preparação de todos os militantes, considerando os detalhes do problema que a célula levará para análise e a discussão coletiva. Seguindo esse procedimento, é impossível não ter discussões, debates, controvérsias, novas ideias (sejam certas ou erradas), críticas e autocríticas na célula. Esse é o tipo de célula e comitê que buscamos, devemos lutar por essa célula e comitê. Essa abordagem é a base de um bom começo, de uma educação eficaz, onde os militantes são moldados pelos princípios corretos do partido, elevando seu nível político, ideológico e técnico-organizacional. Os debates revolucionários na organização são cruciais para a organização do trabalho, a execução prática das tarefas e os esforços individuais e coletivos para elevar o nível técnico dos militantes e das massas sem partido.

Se não insistirmos na convocação de todos para prestar contas e na exigência persistente de disciplina na célula, onde mais essa prática será implementada? Se a crítica e a autocrítica não ocorrerem de acordo com as normas do partido na célula, onde mais podemos esperar que isso aconteça de maneira efetiva? Se o comunista se sentir inibido de expressar suas opiniões na célula, como poderá fazê-lo adequadamente nas reuniões com as massas? Se o comunista não for educado para compreender e aplicar a ditadura do proletariado e suas normas na vida, consciência e trabalho, surge a questão: Como ele transmitirá às massas a compreensão da ditadura do proletariado e suas normas políticas, ideológicas, éticas, organizacionais e repressivas?

Ensinamos as amplas massas a expressarem livremente suas opiniões, a criticarem falhas e pessoas responsáveis, visando sua educação e correção. No entanto, essa prática não pode ser efetivamente realizada pelas massas quando o partido como um todo, e o militante individualmente, não a compreendem nem a executam adequadamente.

A questão não é que nosso partido e nossos militantes não estejam familiarizados com essas normas ou não as apliquem na prática. O desafio reside em certo formalismo e automatismo, bem como em uma falta de compreensão profunda e na incapacidade de reconhecer os benefícios decorrentes da compreensão completa e da implementação adequada dessas normas, bem como os perigos que podem surgir caso contrário.

Considero que as normas fundamentais que regem a vida e a luta do partido, e consequentemente da célula e de cada militante, devem ser amplamente conhecidas, compreendidas em seus aspectos ideológicos e políticos. Não temos enfatizado isso tanto quanto deveríamos, nem da maneira necessária.

Tomemos como exemplo o Estatuto do partido. Este é o guia dos militantes, o documento fundamental que regula a vida partidária, sintetizando as principais orientações, direitos e deveres dos comunistas revolucionários. Conhecê-lo, compreendê-lo completamente e aplicá-lo na prática são requisitos fundamentais para ser considerado um bom militante. A violação dessas normas estatutárias sujeita o membro a punições, inclusive a expulsão do partido.

No entanto, é surpreendente observar que o Estatuto não é estudado nem utilizado como material básico tanto pelos militantes de base quanto pelos dirigentes. Alguns o leem e afirmam: “Concordamos. Conhecemos bem o conteúdo do Estatuto. Nos baseamos nele”. Embora possamos ter um conhecimento superficial, a ocorrência de erros e violações dos artigos do Estatuto indica que não os conhecemos profundamente. Por vezes, ignoramo-los completamente, deixando de desempenhar o papel necessário em nossa consciência para prevenir práticas inadequadas e fornecer inspiração constante para agir corretamente e de maneira revolucionária.

Desde a fundação do nosso partido, realizamos anualmente plenárias sobre o Estatuto. Esse esforço tem gerado resultados, e continua a fazê-lo. No entanto, é imperativo persistirmos na busca por razões subjacentes a esses resultados, bem como nos melhores métodos para garantir que cada comunista internalize o Estatuto em sua mente e coração, em cada passo que dá.

Vamos examinar a questão da participação inadequada de todos na discussão de vários problemas de organização. O problema aqui não é uma regra mecânica que obrigue todos os membros da célula a discutir todos os assuntos absolutamente. A preocupação principal deve ser por que alguns não participam da discussão.

A ausência de discussão ou a monotonia na discussão geralmente ocorrem quando o problema não é compreendido adequadamente, não é estudado e apresentado com argumentos sólidos. A falta de debate também pode ser atribuída à comunicação direta e tardia do problema, surpreendendo a organização e limitando a oportunidade de uma discussão profunda. Dessa maneira, o problema é apresentado apenas para ser resolvido, tornando-se uma tarefa enfadonha, enquanto as ideias do proponente são impostas de forma indireta. Isso permite que membros que falam com facilidade, mas frequentemente carecem de ideias substanciais, se destaquem.

É evidente como essas práticas têm consequências negativas para o trabalho, educação e relações entre a direção e a base. A preparação adequada do problema a ser discutido é essencial para energizar a organização. Aquele que domina o problema pode contribuir significativamente para a discussão, oferecendo propostas, críticas e previsões. Se todos abordarem os assuntos dessa maneira, boas e más opiniões se confrontarão, as melhores serão escolhidas, e estratégias para superar dificuldades serão planejadas. Durante esse processo, o verdadeiro valor de cada militante será reconhecido, refletindo o que entendemos como luta revolucionária na organização.

Quando alguém aspira ao partido e é admitido, assume direitos e deveres que é absolutamente essencial conhecer e cumprir com coragem. Não é coerente chamar a si mesmo de militante do nosso partido e, ao mesmo tempo, agir como um covarde. Um membro do partido pode ter conhecimento limitado em algumas áreas, e o partido sempre se encarregará de educá-lo de diversas maneiras. No entanto, o que ele sabe, o que aprendeu, deve ser expresso de acordo com seu entendimento, apresentado em discussões e, como comunista, deve estar aberto ao julgamento crítico revolucionário dos camaradas. Isso implica aceitar calmamente a crítica bolchevique e rejeitar corajosamente a crítica não bolchevique, reconhecendo honestamente os erros e avançando.

Alguns afirmam que “isso está certo, mas, infelizmente, há alguns que não se atrevem”, entre outros comentários. No entanto, se essas pessoas culpam o partido, suas normas ou o estímulo constante para agirem como revolucionários por suas próprias limitações, a culpa recai sobre elas mesmas, não no partido ou em suas regras. Se permitirem que alguém, a quem conferiram funções, enfraqueça a força coletiva do partido, demonstram uma falta de compreensão das normas partidárias. Existem também aqueles familiarizados apenas com o aspecto formal das normas partidárias, mas que internalizam normas pequeno-burguesas. Nesses casos, o coletivo do partido deve identificar e combater essas normas estranhas, além de educar os envolvidos.

Devemos analisar esse grande problema de todos os ângulos, pois há assistentes, responsáveis de departamentos e secretários que cometem erros, mas também há aqueles que não são assistentes nem responsáveis, mas que são intolerantes a críticas, disciplina ou prestação de contas, e consideram qualquer exigência ou regra que lhes seja imposta como um ataque pessoal. Conhecemos pessoas que falam de forma tão superficial que caluniam o assistente (assim como conhecemos assistentes arrogantes), mas quando a questão é levada à organização, ela é julgada de forma justa pelo coletivo, e é somente aí que a verdade vem à tona.

O único julgamento correto e completo vem da análise crítica feita pelo coletivo, que verifica e deve verificar cada caso. Isso é o que significa “controle pelas massas” e a “política de massas”. Todos, sem exceção, devem se submeter ao julgamento das massas sobre seu trabalho e conduta na sociedade. Os militantes devem se submeter a um controle duplo, o do partido e o das massas. Ninguém pode dizer que esse é um assunto pessoal, privado, quando ele está ligado à sociedade, às normas socialistas e às normas do partido. Ninguém deve se intrometer nos assuntos pessoais do outro, mas quando esse outro maltrata sua esposa, por exemplo, ou leva uma vida de luxo além de seus meios e renda, e assim por diante, então o coletivo tem todo o direito de criticá-lo e, se for constatado que as normas e leis estão sendo violadas, então outras medidas serão tomadas. Essa ação fortalece e não enfraquece nossa sociedade. Pelo contrário, ela enfraquece as visões pequeno-burguesas sobre a vida, sobre as normas da vida antiga que faziam do ser humano um escravo, sem personalidade, liberdade e iniciativa.

As eleições e a prestação de contas no partido desempenham um papel crucial no aprimoramento e na revolução tanto do partido quanto dos quadros. Qualquer formalismo presente nessas reuniões vitais e qualquer hesitação na aplicação das normas que regem a vida partidária deve ser eliminado sem demora. Durante esses encontros, a direção tem a obrigação de prestar contas, apresentando evidências concretas do cumprimento ou não de suas tarefas, evitando resumos gerais e críticas superficiais. Da mesma forma, cada militante deve seguir o mesmo padrão.

A eleição da direção deve ser conduzida com critérios sólidos, aderindo estritamente às regras estabelecidas, sem que ninguém imponha líderes à célula do partido. Os próprios membros devem indicar, selecionar, eleger democraticamente seus dirigentes e, também, destituí-los de forma democrática caso não atendam às expectativas.

Ao indicar aspirantes, observa-se um afastamento das normas revolucionárias que costumávamos aplicar. Atualmente, sob o pretexto de que os quadros são bem conhecidos, suas biografias não são solicitadas ou são solicitadas apenas formalmente. Esse padrão deve ser corrigido, independentemente do grau de reconhecimento do aspirante. O aspirante deve se apresentar aos camaradas da organização e apresentar sua biografia, evitando destacar apenas os méritos conhecidos pelas massas. É crucial que ele discuta concretamente sobre suas fraquezas no trabalho ou opiniões equivocadas, comprometendo-se a corrigi-las.

Essas normas devem ser mantidas e desenvolvidas adequadamente dentro do partido. Contudo, no que concerne àqueles nomeados para funções estatais, especialmente os principais quadros como diretores, assistentes de diretores, chefes de planejamento, contadores, contadores-chefes, entre outros, acredito que devemos aplicar normas mais ou menos equivalentes entre as massas. Embora os princípios e normas seguidos até agora para a nomeação desses quadros possam permanecer inalterados, é imperativo que a nova pessoa que assumirá a direção de uma organização econômica ou qualquer outra unidade seja devidamente apresentada. Não se trata apenas de uma formalidade; é crucial que o próprio nomeado se apresente às massas, compartilhando abertamente sua biografia. Dessa forma, as massas podem avaliá-lo e comunicar-lhe: “Escuta aqui, irmão, desempenhe bem suas responsabilidades, adote um comportamento exemplar, aplique as regras e leis corretamente. Exigiremos prestação de contas rigorosa, assim como esperamos que faça o mesmo conosco; ouça-nos, porque nós o ajudaremos se você fizer bem o seu trabalho. No entanto, lembre-se de que, se cometer erros, puxaremos suas orelhas e, se continuar errando, o jogaremos ao mar. Ninguém pode protegê-lo, pois o partido e o poder pertencem a nós, o proletariado está no comando, e quebraremos seu pescoço se agir de maneira prejudicial. Por outro lado, receberá nosso amor e respeito imenso se desempenhar bem suas funções”.

A aplicação decidida dessas normas demonstrará o sucesso do trabalho e a rápida correção daqueles que erram compulsivamente. Por que é crucial conhecer e aplicar corretamente as normas do partido, e por que insistimos tanto em fazer delas a base de nossa vida?

Nosso Partido do Trabalho da Albânia (PTA), como todo partido marxista-leninista genuíno, é um destacamento organizado da classe operária. Isso implica que apenas os indivíduos mais destacados, os mais revolucionários e indomáveis, estão no partido. Esses dirigentes não surgem do nada; eles se destacam nas fileiras do povo por suas virtudes e ações na luta. Os membros admitidos no partido provêm de diversas classes sociais, como a classe operária, os camponeses cooperativistas, funcionários de escritório, intelectuais e outros estratos.

Entretanto, nosso partido não é uma arena de classes onde cada classe tem seus representantes proporcionalmente ao seu número, defendendo interesses separados. No nosso partido, a classe operária, com sua ideologia marxista-leninista, detém a hegemonia, mesmo que a porcentagem de membros de origem ou de condição operária seja menor no momento, por razões conhecidas, do que a dos membros de origem camponesa.

O Partido do Trabalho da Albânia, como o destacamento organizado da classe operária em nosso país, não é uma arena onde a luta de classes ocorre no sentido clássico, mas sim um condutor dessa luta. Isso significa que o partido é monolítico, com uma unidade de pensamento e ação baseada no marxismo-leninismo; não tolera facções ou oposições antimarxistas, revisionistas, trotskistas, liberais, social-democratas e assim por diante. Definindo sua estratégia e tática com base na teoria marxista-leninista e nas condições objetivas do país, o partido considera suas peculiaridades e a época, analisadas à luz do materialismo histórico e dialético. As táticas do partido não podem se desviar desses princípios.

Com base nisso, o partido estabeleceu suas próprias normas para alcançar seu objetivo, que é o programa de construção completa do socialismo e da sociedade comunista. Isso só pode ser alcançado sob a direção do destacamento marxista-leninista organizado da classe trabalhadora, o partido comunista, que, em nosso caso, é o PTA.

A necessidade de uma organização beirando à perfeição, disciplina férrea e normas bolcheviques no partido é crucial, pois são o cimento que o mantém unido. O partido não é uma reunião desordenada de pessoas sem ideologia, critérios ou objetivos claros; ou com critérios opostos e objetivos variados, que se uniram em um estranho matrimonio. Não, o nosso partido foi fundado durante uma guerra terrível contra o fascismo, onde o destino do povo estava em jogo, de uma forma que humanidade jamais tinha visto antes. O partido, porquê estava imbuído do marxismo-leninismo e temperado nas batalhas, foi a espada afiada, brilhante, inquebrável e indomável nas mãos da classe trabalhadora e do povo albanês. Sob sua direção, a Guerra de Libertação Nacional foi vencida, a revolução foi realizada, e o socialismo está sendo edificado com sucesso. A nobre tarefa do partido será completa quando a sociedade comunista for estabelecida em nosso país e a revolução proletária triunfar internacionalmente.

Quantas lutas o partido teve de travar para alcançar o que alcançou! Lutou contra os fascistas alemães e italianos, lutou contra os Balli Kombëtar e a coalizão feudal-burguesa local; lutou contra os titoístas e seus inúmeros agentes dentro e fora das fileiras do partido, lutou contra as conspirações e agentes dos imperialistas; lutou contra os traidores khrushchevistas e seus agentes também dentro e fora das fileiras do partido; lutou contra a implacável coalizão fascista dos revisionistas modernos, dirigida pelos khrushchevistas.

Nosso partido emergiu vitorioso diante de todos esses desafios devido às razões mencionadas anteriormente, não por causa da quantidade de pessoas em nosso povo ou do número de militantes no partido. O que verdadeiramente importa no partido não é a quantidade, mas a qualidade do aço, e os militantes albaneses se tornaram verdadeiramente inquebráveis graças à defesa dos princípios marxista-leninistas.

Apesar das alegações de nossos inimigos de que a Albânia se sustenta e existe devido a outros, isso é claramente absurdo. Reconhecemos a solidariedade internacional do proletariado mundial, mas é crucial primeiro lutar e se defender, trabalhar corretamente, para só então buscar ajuda externa.

Enquanto na União Soviética e nos países de democracia popular ocorreram eventos que levaram à queda do regime socialista e à degeneração de seus partidos, isso não ocorreu entre nós pelas razões mencionadas acima. Essas razões continuam a ser nossa salvaguarda contra futuros desafios. A coalizão imperialista e revisionista persistente contra o PTA e a Albânia socialista existe, mas nós permanecemos firmes e sempre permaneceremos. Enfrentamos e vencemos, e continuaremos a enfrentar e vencer novamente. Essa será uma vitória recorrente. Portanto, a vitória pertencerá sempre a nós, ao nosso povo e ao nosso partido.

É imperativo que todos estudemos os materiais do partido desde sua fundação, pois neles encontraremos uma experiência monumental. Embora esses materiais possam não seguir as formas preferidas de dissertação filosófica, conter repetições desnecessárias e triviais, ou até mesmo incorreções, são a essência que forjou um partido e inspirou um povo pequeno, mas invencível, que permaneceu leal ao marxismo-leninismo e aos seus princípios.

Os revisionistas e reacionários modernos nos chamam de stalinistas achando que nos insultam. Ao contrário, eles nos glorificam com tal epíteto: é uma honra ser stalinista, porque, enquanto mantivermos tal posição, o inimigo jamais nos encontrará de joelhos. O inimigo não pôde nos conquistar e nunca nos conquistará enquanto permanecermos stalinistas.

Os registros do nosso partido destacam momentos de grande importância histórica que merecem menção. Em situações cruciais, agimos de maneira a evitar grandes dificuldades para o nosso povo, incluindo a possível perda total da independência conquistada com sangue da nossa classe.

Nosso partido tomou uma posição firme contra a coalizão do poder com a burguesia, mesmo os liberais. Essa decisão não se baseou apenas na experiência da União Soviética, mas também no conhecimento do passado por parte do partido e do povo. A experiência durante e após a guerra confirmou a natureza dos Balli Kombëtar, dos “democratas”, dos “democratas independentes” e outros, como Riza Dani, Shefqet Beja, e sua quadrilha.

Em momentos oportunos, o partido estendeu a mão a alguns desses elementos, apoiando até mesmo aqueles que se tornaram deputados. Essas ações foram táticas justas e necessárias, mas o partido não transformou isso em uma estratégia, nem adotou como linha política e ideológica.

Apesar das acusações de sectarismo e terrorismo por parte dos inimigos, nosso partido não errou. Agimos rapidamente contra aqueles que viraram suas armas contra nós, não agimos como terroristas, mas como revolucionários. A revolução proletária dirigida pelo partido marxista-leninista não tolera a presença de inimigos em suas fileiras. O sucesso contra os inimigos foi possível porque o partido era uma lâmina afiada na mão do povo.

Nosso partido sempre manteve suas fileiras claras, como é imperativo em um partido proletário que enfrenta inúmeros perigos em direção ao seu objetivo final. Mantivemos a clareza nesse aspecto vital, conscientes de que para derrotar nosso povo, os inimigos primeiro precisavam derrotar o partido. Por isso, enfrentamos uma luta contínua e coordenada dentro e fora de nossas fileiras.

Nosso partido esmagou todos os seus inimigos internos, desde Anastas Lulo(2) até Liri Belishova. Essa foi uma luta sistemática e revolucionária. O partido nunca permitiu que o trabalho dos inimigos se estabelecesse firmemente no partido, em nenhum momento deixou de usar os métodos de convencimento paciente e persuasão para com todos aqueles que o traíram e seguiram o caminho anti-partidário e anti-povo, mas quando o copo estava cheio e os fatos eram óbvios, ele os expulsou de suas fileiras sem hesitação e os que haviam conspirado foram entregues ao tribunal, que condenou alguns deles à morte. Nossos inimigos derramaram lágrimas por eles, enquanto o povo se alegrou por ter se livrado desses traidores.

Um partido marxista-leninista de respeito não pode tolerar a existência de duas linhas internas ou facções. A presença de facções ameaça a unidade marxista-leninista de pensamento e ação, o partido não pode e não deve tolerar sua existência, nem mesmo por um curto período, elas visam transformar o partido em algo semelhante a um partido social-democrata e o país socialista em um país capitalista.

Esses eventos históricos são cruciais para o partido, e todos devem estudar os materiais e decisões relacionados a eles. São lições vitais e um guia para nossas ações em todas as circunstâncias. A luta do nosso partido é uma escola revolucionária que ensina a manter suas fileiras sempre cristalinas. Embora o partido não seja uma arena de luta de classes, seus militantes, mesmo na vanguarda, podem trazer consigo resquícios não proletários que precisam ser depurados e combatidos. Essa forma de luta de classes interna é a que constantemente insistimos em travar contra esses vestígios dentro do partido.

Nessa grande luta, alguns militantes se cansam, outros sucumbem. É por isso que eles podem se tornar perigosos, portanto, o partido deve continuar educando seus quadros ideológica e politicamente, por meio do trabalho e da luta, para garantir que eles nunca sucumbam, mas sejam sempre revolucionários. Analisando essa questão por esse ângulo, o único ângulo marxista-leninista, pode-se ver como são importantes as normas marxista-leninistas que regem a vida, o trabalho e a luta do partido, do povo, dos militantes e dos patriotas sem partido.

Quanto mais profundamente a linha correta do partido for compreendida, quanto mais profundamente os princípios e as normas de sua vida forem entendidos, quanto mais correta e profundamente eles forem aplicados com coragem revolucionária, mais forte e inabalável será o nosso partido e, assim, promovendo com sucesso o avanço do socialismo.

É por isso que lutamos por essas coisas e continuaremos lutando por elas até o fim, com nosso heroico partido à frente, por nosso glorioso povo, pelo socialismo e pelo comunismo.

Ainda sobre a burocracia

Com base nas decisões históricas do 5º Congresso, na Carta Aberta do Comitê Central do Partido e no Apelo do Comitê Central e do Governo, que se destacaram no trabalho dos militantes e das massas, gerando resultados positivos na revolução de todo o nosso esforço, expresso algumas ideias adicionais sobre a contínua luta contra a burocracia e seus portadores.

Seria equivocado acreditar que a luta contra a burocracia chegou ao fim ou que devemos diminuir nossos esforços após a campanha empreendida e os resultados iniciais obtidos. É necessário compreender que essa luta será incessante, enquanto houver classes e a luta de classes.

Por que ela será contínua? Porque não se limita a tomar medidas técnicas, como alguns entendem, como reduzir quadros desnecessários, eliminar vínculos supérfluos nas estruturas estatais, administrativas, econômicas e culturais, ou simplificar a correspondência e a burocracia para definir mais claramente as competências e responsabilidades individuais e coletivas. Essas medidas desempenham e continuarão a desempenhar um papel positivo e militante contra a burocracia, mas isso não é suficiente. Isso representa um aspecto menor e permanece como um aspecto técnico do problema, que pode se tornar uma “medida burocrática” se o conteúdo não for compreendido politicamente e ideologicamente. Ou seja, é crucial compreender o que é burocracia, como ela surge, como cria conceitos, onde encontra suas fontes e que fatores objetivos e subjetivos a alimentam, compreendendo ideológica e politicamente esses aspectos.

Podemos ter reduzido o número de pessoas em uma instituição de cem para cinquenta, mas isso não nos livra da burocracia se os cinquentas restantes não possuírem uma compreensão profunda do que é burocracia e não lutarem como revolucionários. O mesmo se aplica à burocracia. Pode haver menos correspondência escrita, mas ela ainda pode manter o espírito burocrático. Devemos dar a devida importância às formas, pois desempenham seu papel, ajudando quando são eficazes e causando danos quando são inadequadas. No entanto, nunca devemos esquecer que o que realmente importa é a essência da questão e seu significado político-ideológico.

A burocracia, ao desenvolver formas concretas e assumir aspectos negativos, é alimentada por conceitos idealistas que se manifestam de maneiras diversas para favorecer o feudalismo, a burguesia e os capitalistas, visando dominar, oprimir e explorar as massas ao máximo. Nesse contexto, a burocracia representa uma mentalidade e ação contrárias aos interesses vitais do povo, tornando-se antipopular e inimiga do mesmo. Os conceitos subjacentes à burocracia e aos burocratas são idealistas, reacionários, contrarrevolucionários e antimarxistas. Diante disso, a burocracia e os burocratas emergem como os inimigos mais malignos astutos que um partido marxista-leninista deve combater de maneira contínua, persistente e incansável, buscando, acima de tudo, aniquilar seus fundamentos políticos e ideológicos. Simultaneamente, é imperativo desmantelar as estruturas organizacionais que eles estabelecem ou tentam manter de diversas formas.

A educação e a orientação das pessoas ocorrem de duas maneiras distintas no mundo. Nas sociedades onde a revolução triunfa, a educação é de natureza revolucionária, enquanto nos locais dominados pelo capital, assume uma forma burocrática. Na primeira, uma sociedade socialista, o poder pertence ao povo, com a ditadura do proletariado instaurada, e o partido marxista-leninista governa, implementando a linha do partido e das massas. Aqui, uma democracia autêntica é garantida para as amplas massas, enquanto a minoria reacionária, despojada de todo poder como opressora e inimiga das massas, é mantida sob pressão constante por meio da luta de classes e da ditadura do proletariado.

Em contrapartida, nos países onde predomina o capital, existe democracia para os capitalistas, opressores e exploradores, enquanto a maioria, as massas, enfrenta opressão. Nesses locais, prevalece a ditadura da burguesia, a ditadura do fascismo, caracterizada pela ordem burocrática.

Assim, surgem dois conceitos de direção: o burocrático, antipopular, e o popular e revolucionário. Estes conceitos se enfrentam numa luta de vida ou morte, onde, mesmo onde a revolução triunfa, a burocracia persiste, utilizando métodos enraizados em tradições passadas, pelos quais ainda pagamos o preço, especialmente nas mentalidades, preconceitos e visões de mundo das pessoas.

Os conceitos mentais subjacentes à burocracia, ou seja, sua ideologia idealista, simultaneamente representam os conceitos da minoria, sendo ideias subjetivistas que se desenvolvem nos indivíduos e formam a ideologia da classe minoritária que governa a maioria. Esses conceitos são impregnados na mente e consciência da maioria por meio de influências culturais, educacionais, políticas e de degeneração moral e política, tornando-se, assim, uma segunda natureza, um modo de vida em pensamento e ação.

Logo, após a vitória da revolução, não se deve presumir que todos se desvencilharão imediatamente desses pensamentos e preconceitos idealistas, subjetivistas e individualistas, e que esses elementos não terão impacto, não obstruirão o progresso das massas, não impedirão a evolução de seus conceitos e visão de mundo, e a consolidação rápida do socialismo. Tal perspectiva não é realista, objetiva ou revolucionária.

Embora tenhamos desmantelado as bases do antigo regime burocrático da burguesia feudal e do fascismo, estabelecendo a ditadura do proletariado e o regime dos conselhos populares, ainda persistem certas manifestações da antiga forma de administrar as coisas em nosso novo poder popular. Durante cerca de duas décadas, modernizamos e democratizamos continuamente o poder popular do nosso povo, aproximando-o das massas. Contudo, é imperativo continuar a luta para conferir ao nosso poder popular uma natureza democrática não apenas em termos de forma e estrutura, mas principalmente em seu conteúdo. Devemos esforçar-nos para que a essência democrática de nosso poder popular prevaleça, assegurando que seu caráter profundamente popular erradique elementos burocráticos remanescentes do passado ou ressurgidos em novas formas. Somente esse caráter democrático tem o poder de aprimorar estruturas e formas, e de criar leis que moldam a organização e orientação do Estado.

Para combater com êxito a burocracia e os burocratas, é crucial compreender integralmente e aplicar resolutamente as diretrizes do partido, especialmente aquelas relacionadas ao princípio de “o poder pertencer às massas”, aproximando-o “o mais possível das massas”, e garantindo “uma ampla democracia para as massas”, entre outras.

Alguns camaradas acreditam que compreendem e aplicam bem esses princípios, mas sua prática revela o contrário. A noção de que o poder popular é democrático apenas devido à realização de eleições é equivocada. As democracias burguesas também realizam eleições, e há debates durante esses processos. No entanto, os deputados nessas democracias, apesar de formalmente eleitos por meio de métodos fraudulentos, representam a burguesia e servem aos interesses dessa classe, visando encher os cofres dos capitalistas com os frutos do trabalho do povo. Esses deputados promulgam leis repressivas para manter e fortalecer um regime antipopular, antidemocrático e burocrático, caracterizado pela coerção, corrupção moral e política.

Portanto, nossas eleições diferem fundamentalmente das deles em princípio, conteúdo, objetivos e ações. Nossas eleições são essencialmente populares e revolucionárias. Os deputados dos nossos conselhos populares e da nossa Assembleia Popular são representantes do povo, conectados a ele, eleitos e passíveis de revogação pelo próprio povo. Eles promulgam leis revolucionárias no interesse do povo, e junto com o povo, aplicam essas leis, ordenanças e normas revolucionárias socialistas. A vontade das amplas massas do povo é soberana, podendo anular, corrigir ou emendar essas leis e decretos se considerarem inadequados, desatualizados ou incorretos.

O papel e os deveres dos nossos deputados na democracia popular vão além de meras visitas formais, e não se limitam a aplicar burocraticamente os decretos e decisões em seus locais de trabalho uma ou duas vezes por ano. Eles representam e militam em prol de uma vasta massa do povo, não apenas implementando, mas também contribuindo para a criação, decisão, discussão, crítica, proposição e emenda. A verdadeira luta contra os conceitos burocráticos requer uma compreensão profunda e a aplicação prática apropriada desses aspectos. Este é o grande campo de batalha entre revolucionários e burocratas, entre defensores das massas e burocratas, entre heróis e covardes, entre aqueles que buscam estreitar os laços do partido com as massas populares e aqueles que tentam alienar o partido do povo.

Os burocratas temem as massas, enquanto os revolucionários não. O medo é um atributo individual, não das massas. Embora o medo possa ser momentaneamente transmitido às massas, estas não podem ser intimidadas. A análise da experiência da Guerra de Libertação Nacional revela exemplos de indivíduos que inicialmente receavam participar da luta, mas eventualmente se uniram aos corajosos, superaram o medo e tornaram-se destemidos. Por outro lado, quando as massas estavam lutando heroicamente, havia indivíduos que se atemorizavam e abandonavam as fileiras, um comportamento determinado por causas subjetivas e não-revolucionárias, como visões de mundo burguesas, pequeno-burguesas, individualistas e covardes.

O burocrata é um covarde, porque sua visão de mundo é idealista, mística e individualista. Essa é a mola mestra de todos os males, como arrogância, servilismo, mentiras, enganação etc., todos eles para preservar a posição individual adquirida, para subir de posição, para lucrar de forma ilegal e fazer mil e uma coisas desonestas. É claro que uma falha desse tipo não pode escapar aos olhos das massas, não pode resistir à luta das massas, ao impulso revolucionário das massas, portanto, o burocrata fará de tudo para se esquivar de toda norma revolucionária, tentará tornar ineficazes as leis e os decretos revolucionários, a fim de irritar as massas, deixá-las insatisfeitas e, finalmente, indiferentes. Ele tentará transformar o aparato estatal em uma arma repressiva administrativa fechada, transformando-o em uma administração a serviço da burocracia para intimidar e oprimir as massas, em vez de um aparato a serviço do povo e contra a burocracia.

Devemos procurar e combater os burocratas perigosos que se esforçam para elevar a burocracia a um sistema ou para manter seu espírito vivo, principalmente no aparato governamental e no do partido, na administração de empresas e cooperativas econômicas e industriais, na direção de instituições educacionais e culturais.

O burocrata tem medo das massas, tem medo de trabalhar entre as massas e, quando é obrigado a ir entre as massas, quer ser investido de autoridade, tenta se impor às massas por meio de sua autoridade e das funções que possui. Com isso, ele distorce a essência revolucionária e democrática do Estado e de suas leis. Ele viola a democracia, suprime a crítica, enquanto supostamente defende “a justeza da diretriz” ou a lei e a autoridade do partido e do estado. Na verdade, ele faz o oposto. Ele degrada a autoridade do partido e do estado e, com seus sinistros objetivos secretos e, às vezes, abertos, ele afasta as massas do partido...

Surge a pergunta: Quanto vale a pele desses indivíduos em comparação com as grandes massas revolucionárias de trabalhadores entre os quais eles se comportam de maneira antipopular? Nem um centavo. Por que as massas não varrem essas pessoas ruins e inescrupulosas? Quem as protege, por que a demora em expô-las e em tomar medidas contra elas, quando as coisas ruins que elas fazem são conhecidas há muito tempo pelas massas e já foram apontadas muitas vezes, e ainda assim se permite que elas continuem? Sem dúvida, é a burocracia, a rotina, o formalismo e certos indivíduos dos aparatos que os protegem. Ninguém mais.

Esses funcionários burocráticos, que imaginam ser os verdadeiros defensores dos princípios e das leis, têm medo da voz das massas, de suas críticas. Nas reuniões que são realizadas às vezes, a situação criada não é muito revolucionária. Não se ouve o repicar de sinos, mas apenas “um único sino”, e quando se ouve algo que não está em harmonia com “o que foi decidido”, soa um alarme e são feitos esforços para colocar tudo dentro da “norma estabelecida”, que não é a verdadeira norma. Onde estão, então, os debates inflamados, a discussão de opiniões contrárias, a construção de sínteses que exigimos, onde estão as críticas construtivas para que possamos corrigir ideias imaturas e erradas? Nada disso pode existir em tais reuniões. De fato, a voz das massas não é ouvida ali e, gostem ou não, as massas não têm permissão para pensar, criticar, decidir ou propor. Assim, uma restrição, um regime de contingenciamento, formalismo e burocracia é estabelecido sob a bandeira das palavras de ordem do partido, sob a bandeira da aplicação das normas revolucionárias do partido e do poder popular.

Aqueles que entendem as orientações, diretrizes ou as leis de forma burocrática não podem executá-la de forma revolucionária. Para eles, a diretriz ou a lei é uma ordem vinda de cima e deve ser executada cegamente. Eles não se dão ao trabalho de analisar profundamente a origem da lei ou diretriz, as circunstâncias que levaram a direção a emiti-la. Como resultado dessa visão superficial e burocrática do problema, eles também aplicam as leis e diretrizes de forma burocrática.

Não é suficiente apenas explicar as orientações, leis ou diretrizes uma ou duas vezes, mas, a partir da análise política, ideológica e organizacional de seu conteúdo, ela deve se tornar uma poderosa força mobilizadora. A ideia de executar a diretriz sem contar com as massas, sem pensar e ver na prática se as massas a aprovam ou não, é infrutífera. A coisa certa a fazer é aceitar e incentivar as massas a expressarem suas opiniões a favor ou contra. Isso é problemático e o burocrata tem medo de problemas. Ele precisa salvaguardar “a boa opinião” que seus superiores criaram a seu respeito, precisa agradar seus superiores e fóruns e dizer a eles: “A diretriz que você emitiu é genial, impecável, adequada e popular”.

Como um partido marxista-leninista pode ter medo das massas, de sua voz e de suas críticas? Um partido que as teme não pode ser chamado de marxista-leninista. Entretanto, nunca é o partido que as teme, mas certos indivíduos, certos militantes do partido, certos funcionários do Estado, são os burocratas que temem as massas, aqueles que se escondem sob a autoridade do partido e do Estado para suprimir a voz das massas. Devemos esmagar esses indivíduos e eles devem ser esmagados de forma revolucionária pelo partido e pelas massas ao mesmo tempo.

Camaradas, trabalhadores, vamos permitir que essas pessoas, disfarçadas com o nome do partido ou de suas funções estatais, pisoteiem as leis de nossa revolução proletária, distorçam as normas revolucionárias vivificantes do partido, manchem a ditadura do proletariado com palavras bombásticas que escondem atos malignos? De forma alguma, pois assim teríamos selado a desgraça de nosso povo.

Camaradas, trabalhadores, vamos permitir que esse tipo de situação agrade a um punhado de pessoas e prejudique a grande causa do povo? De forma alguma! É possível imaginar que as massas populares dirigidas por nosso partido, que a classe trabalhadora e seu glorioso Partido do Trabalho da Albânia, possam ter medo de alguns indivíduos corruptos? Nem por um momento se poderia imaginar tal coisa.

No entanto, não se deve pensar que, como são poucos, não podem nos prejudicar e, portanto, não devemos colocá-los sob o jugo da ditadura para corrigi-los ou nos livrarmos deles. Nunca devemos nos esquecer da tragédia da União Soviética. Sob a direção do partido e da classe trabalhadora, as massas do povo devem estar sempre alertas em tudo, para defender a ditadura do proletariado, suas leis, sua ideologia, sua política e suas conquistas. Esse é o único caminho correto e sólido de salvação que nosso partido nos ensina e aconselha a todos, sem exceção, a seguir até o fim.

Há apenas dois caminhos: ou com o partido e o povo, ou contra eles. Portanto, nada deve ser permitido fora das leis e normas do partido e do povo, nada deve escapar ao olhar vigilante do partido e do povo, ninguém deve ser isento de prestar contas de seu trabalho ao partido e ao povo, e de colher o que plantou para o partido e para o povo.

Vamos substituir os atuais murais ridículos por murais revolucionários que contribuirão para a educação revolucionária. Abandonemos os conselhos editoriais compostos por escribas oportunistas que procuram “defender a dignidade e a autoridade dos diretores”, priorizando a si mesmos, e permitamos que todos expressem suas opiniões sobre o trabalho e as massas em letras grandes e sem medo.

Dizem: “Devemos preservar a autoridade dos quadros para evitar desacreditá-los”. Isso implica aceitar previamente que os quadros são infalíveis e que as massas erram em seus julgamentos. Essa perspectiva é um erro grave e não condiz com o pensamento marxista e revolucionário. Não há descredibilização de um quadro que desempenha bem seu papel; pelo contrário, ele é valorizado, amado e protegido. Criticar abertamente um quadro que comete um erro não viola normas nem causa danos. Por que, então, desencorajar as críticas vindas de baixo sob o pretexto de “proteger o prestígio dos quadros”? Essa abordagem prejudica o partido, diminui sua autoridade entre as massas, promove a corrupção e perpetua a presença de elementos inadequados, comprometendo a educação partidária.

Às vezes, hesitamos em agir contra quadros experientes que estão no partido há muito tempo, mesmo após cometerem erros. Isso é um grande equívoco. Devemos reconhecer que a eficiência de um quadro não está apenas ligada à sua habilidade, mas principalmente à sua visão política e ideológica do mundo.

Assim, a educação contínua dos quadros e do povo no espírito revolucionário é crucial. O sucesso na luta contra a burocracia e os burocratas depende da qualidade do trabalho nesse sentido. Uma análise minuciosa dos burocratas revela que muitos negligenciam o estudo adequado da teoria marxista-leninista e são vítimas do subjetivismo em seu trabalho. Demonstram sensibilidade excessiva às suas opiniões, exibindo megalomania em relação às massas e subserviência a seus superiores.

Os burocratas disfarçam sua ignorância com linguagem grandiloquente e frases impactantes. Utilizam o tempo que passaram em uma posição como capital pessoal, acreditando-se intocáveis e insubstituíveis, acham que criaram uma opinião adequada sobre sua “capacidade” ao seu redor e não veem perigo de serem rebaixados, transferidos etc. Essa mentalidade limita sua perspectiva, desviando-os do verdadeiro propósito de servir ao povo, enquanto focam exclusivamente em promoções pessoais e na busca de objetivos individuais.

Todo esse estado de espírito não-revolucionário entre eles cria uma “sensação de estabilidade no assento que ocupam”, uma “certeza de sua própria infalibilidade no trabalho” e da “perfeição de seu método e estilo de trabalho”. Esse cenário levou à formação desse estado de coisas, fazendo com que desenvolvam um modo de pensar e viver que se assemelha à mentalidade de uma nova burguesia dentro da nossa democracia popular. Essa situação é extremamente perigosa. Se não eliminarmos essas perspectivas do burocrata, ele as difundirá de sua posição de autoridade, contaminando outras pessoas com essas ideias.

Portanto, para além da educação ideológica e política dos quadros e das massas em geral, e das diversas formas de combate às manifestações da burocracia, considero crucial dedicarmo-nos a um estudo mais aprofundado e à implementação de uma circulação mais eficiente de quadros. Temos membros que permanecem estagnados no mesmo cargo há mais de dez ou quinze anos, e muitos deles adquiriram algumas das características anteriormente mencionadas de maneira indiscriminada. Substituí-los por indivíduos da base será vantajoso tanto para o partido quanto para o Estado, beneficiando também a base e as pessoas que transitam entre os níveis mais elevados e inferiores. Naturalmente, essas pessoas não ficarão muito entusiasmadas em ir, mas podemos ter certeza de que estamos fazendo a coisa certa, porque dessa forma combateremos as visões contrarrevolucionárias que se manifestaram nessas pessoas e contribuiremos para a cura desses problemas.

Um operário ou cooperativista enfrenta a mudança de emprego com menos preocupações. Eles não temem o trabalho ou a vida em geral, estando habituados às dificuldades e ganhando seu sustento em qualquer lugar com esforço. Por outro lado, intelectuais e funcionários de escritório podem encontrar dificuldades em mudar de emprego devido a várias razões. Primeiramente, porque cultivaram uma visão de superioridade relacionada à intelectualidade e ao oficialismo. Além disso, há considerações salariais e financeiras que complicam essa transição. Estes dois pontos de vista, que não são presentes entre operários e camponeses, devem ser combatidos entre os intelectuais e funcionários.

O conhecimento, a ciência e a sabedoria não são privilégios de uma elite com “cérebros especiais” ou “virtudes extraordinárias” capazes de ditar ordens e ensinamentos aos outros. É nas grandes massas populares que reside a capacidade de criar, construir e transformar o mundo e a sociedade. Ao realizar essas ações, elas dedicam todos os méritos, sem diminuir a importância de cada contribuição individual, ao serviço da sociedade como um todo. Portanto, o mérito verdadeiro pertence às massas que trabalham, pensam, criam, aplicam, refletem e continuam a criar.

Devemos combater a mentalidade daqueles com algum grau de conhecimento que o utilizam para subjugar as massas. Esse pensamento é tão burguês e reacionário quanto a mentalidade do “oficialismo”, escondendo más intenções, visões de mundo e práticas burocráticas antimarxistas e contrarrevolucionárias.

Enquanto o operário e o camponês reconhecem que sua renda está diretamente relacionada ao seu esforço e suor, o funcionário vincula seu salário tanto ao trabalho quanto ao cargo que ocupa. Sua decisão de descer à base, voluntariamente ou não, muitas vezes depende de ser rebaixado, redução salarial e da preservação de sua “posição”.

É evidente que não seria apropriado atribuir salários pessoais a indivíduos que mudam de posições mais elevadas para níveis mais baixos devido a razões de trabalho. No entanto, em prol do interesse coletivo, devemos agir com mais ousadia para reduzir as disparidades salariais entre trabalhadores e funcionários, assim como entre diversas categorias de funcionários. Esse é um caminho correto do ponto de vista marxista-leninista. Além disso, é fundamental que essa medida seja acompanhada pela promoção da abundância econômica.

O partido enfrenta, portanto, significativas tarefas para avançar ainda mais na revolução de seu trabalho. Os notáveis sucessos alcançados não devem obscurecer nossos olhos para as deficiências e fraquezas que persistem e que não podem ser negligenciadas. Seria prejudicial se não pudéssemos ir além, aplicando destemidamente a linha de massas, a verdadeira democracia das massas, aprofundando e aplicando adequadamente as normas do partido, como o centralismo democrático, a luta contra o burocratismo, a crítica e a autocrítica bolchevique, e a disciplina e moralidade proletárias, de maneira revolucionária até o fim.

O fortalecimento do partido seguirá esse curso correto, assegurando que nosso partido, o socialismo e nosso povo não enfrentem dores de cabeça, dores no coração ou dores no corpo. Possuímos todas as condições para tal, com um partido robusto, forjado na experiência revolucionária, composto por militantes corajosos e heroicos, e um povo maravilhoso intima e profundamente ligado com o partido.


Notas de rodapé:

(1) De acordo com esse Estatuto, o período de experiência para o aspirante ao partido foi prolongado de um ano, como era anteriormente, para dois a três anos, de acordo com a condição social, a natureza do trabalho e a preparação ideológica e política de cada aspirante. Essa é outra profunda medida adotada pelo partido, para que apenas as pessoas mais formadas prática e com as qualidades da classe operária sejam admitidas em suas fileiras. (retornar ao texto)

(2) Membro do antigo Grupo Comunista “Rinia” (Juventude). Tanto na reunião para a fusão dos grupos e a fundação do Partido Comunista da Albânia (PKSH) quanto posteriormente, ele adotou uma posição anticomunista, começou a sabotar a Guerra de Libertação Nacional Antifascista e foi condenado. (retornar ao texto)

Inclusão: 14/01/2024