Contra as demonstrações fracionadas

J. V. Stálin

13 de junho de 1917


Primeira publicação:Pravda” (“A Verdade”), n.° 81. 13 de junho de 1917. Assinado: K. Stálin.
Fonte: J. V. Stálin, Obras. Editorial Vitória, Rio de Janeiro, 1953, págs. 92-94.
Tradução: Editorial Vitória, da edição italiana G. V. Stálin - "Opere Complete", vol. 3 - Edizione Rinascita, Roma, 1951.
HTML: Fernando Araújo.
Direitos de Reprodução: licenciado sob uma Licença Creative Commons.


capa

Já faz alguns dias que o governo provisório decidiu expulsar os anarquistas da Vila Dúrnovo. Essa decisão, substancialmente injusta, levantou uma tempestade de indignação entre os operários. Não há dúvida de que os operários viram nessa decisão um atentado contra o direito de existência de determinadas organizações. Somos contra os anarquistas em matéria de princípio, mas os anarquistas, na medida em que são seguidos por uma parte, exígua embora, dos operários, têm o mesmo direito à existência que os mencheviques, por exemplo, e os social-revolucionários. Nesse sentido os operários tiveram razão em protestar contra os atentados do governo provisório. Tanto mais que, além dos anarquistas, também algumas fábricas e alguns sindicatos servem-se da vila.

Os leitores sabem que com o seu protesto os operários induziram o governo provisório a ceder e conservaram a vila.

Agora parece que na Vila Dúrnovo “se esteja organizando” uma nova ação dos operários. Comunicam-nos que na Vila Dúrnovo são realizadas reuniões dos representantes dos comitês de fábricas, chefiados pelos anarquistas, com o objetivo de organizar hoje uma demonstração. Se isso for verdade, declaramos que condenamos da maneira mais resoluta qualquer ação anárquica, fracionada. As demonstrações de distritos e regimentos isolados, guiadas por anarquistas que não compreendem nada da situação atual, as demonstrações organizadas a despeito da maioria dos distritos e dos regimentos, a despeito do Bureau dos Sindicatos e do Conselho Central dos Comitês de Fábrica, a despeito, enfim, do partido socialista do proletariado, essas demonstrações anárquicas julgamo-las funestas à causa da revolução operária.

Pode-se e deve-se defender o direito à existência das organizações, inclusive as anarquistas, quando se quer privá-las da sede, mas é inadmissível e criminoso da parte dos operários conscientes unirem-se aos anarquistas e empreenderem juntamente com eles ações precipitadas, condenadas desde o início ao insucesso.

Os camaradas operários e soldados devem refletir bem se são socialistas ou anarquistas, e se são socialistas devem decidir se podem marchar ao lado dos anarquistas em ações ostensivamente precipitadas, apesar das decisões do nosso Partido.

Camaradas! Com a nossa tentativa no sentido de organizar uma demonstração a 10 de junho conseguimos que o Comitê Executivo e o Congresso dos Soviets(1) reconhecessem a necessidade da demonstração. Provavelmente sabeis que o Congresso dos Soviets marcou uma demonstração geral para 18 de junho proclamando antecipadamente a liberdade de lançar palavras de ordem.

Nossa tarefa é agora a de conseguir que a demonstração de Petrogrado de 18 de junho seja feita com as nossas palavras de ordem revolucionárias.

Justamente por isso devemos cortar pela raiz qualquer ação anárquica, para prepararmo-nos com maior energia para a demonstração de 18 de junho.

Contra as ações fracionadas, pela demonstração geral de 18 de junho: este é o apelo que vos dirigimos.

Camaradas! O tempo é precioso, não deveis perder nem sequer um minuto! Que todas as fábricas, todos os distritos, todos os regimentos e todas as companhias preparem suas bandeiras com as palavras de ordem do proletariado revolucionário. Todos ao trabalho, camaradas, todos a preparar a demonstração de 18 de junho.

Contra as ações anárquicas, pela demonstração geral sob a bandeira do Partido do proletariado: este é o nosso apelo.


Notas de fim de tomo:

(1) O I Congresso dos Soviets dos Deputados Operários e Soldados de Toda a Rússia, preparado e convocado pelo Soviet de Petrogrado, realizou-se de 3 a 24 de junho de 1917. Os social-revolucionários (285 delegados) e os mencheviques (248 delegados), que estavam em maioria, influíram nas decisões do Congresso. Todavia os bolcheviques (105 delegados) denunciaram o caráter imperialista da guerra e a ruinosa política de conciliação com a burguesia. Lênin pronunciou dois discursos, sobre a atitude para com o governo provisório e sobre a guerra, opondo à linha conciliatória dos mencheviques e dos social-revolucionários a palavra de ordem da passagem de todo o poder aos soviets. (retornar ao texto)

Inclusão: 18/02/2024