Que aconteceu?

J. V. Stálin

22 de julho de 1917


Primeira publicação: “Rabótchi i Soldat” (“O Operário e o Soldado”), n.° 1. 22 de julho de 1917. Artigo não assinado.
Fonte: J. V. Stálin, Obras. Editorial Vitória, Rio de Janeiro, 1953, págs. 130-132.
Tradução: Editorial Vitória, da edição italiana G. V. Stálin - "Opere Complete", vol. 3 - Edizione Rinascita, Roma, 1951.
HTML: Fernando Araújo.
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Isso aconteceu a 3 e a 4 de julho. Os operários e os soldados marchavam juntos pelas ruas de Petrogrado gritando: “Todo o poder aos Soviets dos Deputados Operários e Soldados!”

Que desejavam então os operários e os soldados, que pediam?

Talvez a derrubada dos soviets?

Certamente que não!

Os operários e os soldados exigiam então que os soviets tomassem todo o poder em suas mãos, aliviando as duras condições de vida dos operários, dos camponeses, dos soldados e dos marinheiros.

Exigiam o fortalecimento dos soviets, e não seu enfraquecimento e sua destruição.

Queriam que os soviets, após tomarem o poder, liquidassem com os latifundiários, dando imediatamente a terra aos camponeses, sem deixar a coisa para as calendas gregas.

Queriam que os soviets, após tomarem o poder, rompessem com os capitalistas, criando melhores condições de trabalho e instituindo o controle operário sobre as fábricas e sobre as oficinas.

Queriam que os soviets, depois de serem apresentadas justas condições de paz, pusessem finalmente termo à dura guerra que arrebata milhões de jovens vidas.

Eis o que exigiam então os operários e os soldados.

Mas os líderes mencheviques e social-revolucionários do Comitê Executivo não quiseram tomar o caminho da revolução.

À aliança com os camponeses revolucionários, preferiram o entendimento com os latifundiários.

À aliança com os operários revolucionários, preferiram o entendimento com os capitalistas.

À aliança com os soldados e os marinheiros revolucionários, preferiram a aliança com os alunos da escola militar e os cossacos.

Após haverem perfidamente declarado inimigos da revolução os operários e os soldados bolcheviques, voltaram contra estes as próprias armas, para gáudio e conforto da contrarrevolução.

Cegos! Não perceberam que disparando contra os bolcheviques dispararam contra a revolução, preparando a vitória da contrarrevolução.

Justamente por isso os contrarrevolucionários, que até então se haviam conservado escondidos nas trevas, saíram das tocas.

Mas o rompimento da frente, iniciado mais ou menos naquele período, tendo demonstrado o caráter funesto da política dos defensistas, reacendeu ainda mais as esperanças da contrarrevolução.

E a contrarrevolução não deixou de explorar os “erros” dos mencheviques e dos social-revolucionários.

Os líderes da contrarrevolução, os senhores Miliukov, após haverem semeado medo e confusão, após haverem domesticado e agrupado em torno de si os mencheviques e os social-revolucionários, abriram as hostilidades contra a revolução. O empastelamento e a supressão dos jornais, o desarmamento dos operários e dos soldados, as prisões e os espancamentos, as mentiras e as calúnias, calúnias baixas e infames assacadas por espiões vendidos contra os líderes do nosso Partido: esses foram os frutos da política de conciliação.

As coisas chegaram a tal ponto que os cadetes, ganhando ousadia, apresentam um ultimátum, ameaçam e terrorizam, difamam e denigrem os soviets; os mencheviques e os social-revolucionários, apavorados, cedem uma posição após outra, e os valorosos ministros pulam fora como estilhas sob os golpes dos cadetes, desimpedindo o caminho para os homens de Miliukov, no interesse... da “salvação”... da revolução.

Depois disso é de se admirar que a contrarrevolução celebre sua vitória?

Essa é a situação atual.

Mas não se pode continuar por muito tempo assim.

A vitória da contrarrevolução é a vitória dos latifundiários. Mas os camponeses não podem mais viver sem terra. Por isso é inevitável uma luta enérgica contra os latifundiários.

A vitória da contrarrevolução é a vitória dos capitalistas. Mas os operários não podem se acalmar sem uma radical melhoria de suas condições de vida. Por isso, é inevitável uma luta enérgica contra os capitalistas.

A vitória da contrarrevolução significa a continuação da guerra, mas a guerra não pode continuar por muito tempo porque o país sufoca sob o seu peso.

Por isso, a vitória da contrarrevolução é precária, efêmera.

O futuro prepara uma nova revolução.

Somente a instauração do poder absoluto do povo pode dar aos camponeses a terra, pode organizar a vida econômica do país e garantir a paz tão necessária aos povos martirizados da Europa.


Inclusão: 18/02/2024