Todo o poder aos soviets!

J. V. Stálin

16 de setembro de 1917


Primeira publicação: “Rabótchi Put” (“O Caminho Operário”), n.° 13. 16 de setembro de 1917. Editorial.
Fonte: J. V. Stálin, Obras. Editorial Vitória, Rio de Janeiro, 1953, págs. 294-296.
Tradução: Editorial Vitória, da edição italiana G. V. Stálin - "Opere Complete", vol. 3 - Edizione Rinascita, Roma, 1951.
HTML: Fernando Araújo.
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A revolução está a caminho. Atacada com fuzilarias durante as jornadas de julho e “enterrada” na Conferência de Moscou, reergue a cabeça transpondo os velhos obstáculos e criando um novo poder. A primeira linha das trincheiras da contrarrevolução está expugnada. Após Kornílov, Kalédin está em retirada. No fogo da luta reanimam-se os soviets que estavam a ponto de sucumbir. Os soviets tomaram de novo o leme em suas mãos, guiando as massas revolucionárias.

Todo o poder aos soviets! Essa e a palavra de ordem do novo movimento.

O governo de Kerenski intervém na luta contra o novo movimento. Desde os primeiros dias da revolta de Kornílov, havia ameaçado dissolver os comitês revolucionários, chamando de “arbitrária” a luta contra a camarilha de Kornílov. A partir de então a luta contra os comitês intensificou-se continuamente, transformando-se nos últimos tempos em guerra aberta.

O Soviet de Simferópol prende o conhecido Riabuchinski como partícipe do complô de Kornílov. E o governo de Kerenski, como única resposta, ordena que “sejam tomadas medidas no sentido da libertação de Riabuchinski e da incriminação das pessoas que o submeteram a essa prisão ilegal” (Riétch).

Em Tachkent todo o poder passa ao Soviet e as antigas autoridades são destituídas. E o governo de Kerenski, como única resposta, “toma uma série de medidas que são mantidas por ora em segredo, porém que deverão fazer voltar à razão da maneira mais segura os expoentes do Soviet dos Deputados Operários e Soldados de Tachkent que perderam o senso das proporções” (Rússkie Viédomosti).

Os soviets exigem um inquérito severo e completo sobre as ações de Kornílov e dos seus adeptos. E o governo de Kerenski, como única resposta, “limita o inquérito a uma busca insignificante de pessoas, deixando inutilizadas algumas fontes muito importantes que dariam a possibilidade de qualificar o delito de Kornílov como traição à pátria e não só como rebelião (Nóvaia Jizn , relatório de Chubníkov).

Os soviets exigem o rompimento com a burguesia e em primeiro lugar com os cadetes. E o governo de Kerenski, como única resposta, trata com os Kíchkin e os Konoválov, convidando-os a entrar para o governo, proclamando a “independência” do governo, em relação aos soviets.

Todo o poder à burguesia imperialista! Essa é a palavra de ordem do governo de Kerenski.

Nenhuma dúvida é possível: encontramo-nos diante de dois poderes: o poder de Kerenski e do seu governo e o poder dos soviets e dos comitês.

O momento que atravessamos é caracterizado pela luta que se trava entre esses dois poderes.

Ou o poder do governo de Kerenski, e então tem-se a hegemonia dos latifundiários e dos capitalistas, tem-se a guerra e o esfacelamento.

Ou o poder dos soviets, e então tem-se a hegemonia dos operários e dos camponeses, a paz e a cessação do esfacelamento.

A própria vida coloca a questão nesses termos e não de outra maneira.

Durante todas as crises do poder a revolução apresentou essa questão. Todas as vezes os senhores conciliadores evitaram dar uma resposta direta e, agindo assim, entregaram o poder nas mãos dos inimigos. Os conciliadores, convocando a Conferência em vez do Congresso dos Soviets, queriam mais uma vez bater em retirada cedendo o poder à burguesia, mas enganaram-se nos cálculos. Chegou o tempo em que não é mais possível bater em retirada.

À questão colocada diretamente pela vida deve dar-se uma resposta clara e precisa.

Com os soviets ou contra eles!

Escolham os senhores conciliadores.


Inclusão: 18/02/2024