Dicionário político

Bento de Jesus Caraça

Retrato Bento de Jesus Caraça

(1901-1948): Matemático português, professor universitário, resistente antifascista, comunista revolucionário e militante do Partido Comunista Português. Em 1919 inicia carreira docente, não apenas como professor de Matemática, mas também como grande divulgador das modernidades científicas para as massas trabalhadoras. Esse seu engajamento nas questões sociais explicita-se com a sua participação ativa na fundação da Universidade Popular Portuguesa, uma entidade ligada ao partido comunista que desempenhou um importante papel na cultura portuguesa na primeira metade do século XX e da qual Bento de Jesus veio a se tornar presidente a partir de 1928. Em 1923, concluiu os, com distinção, seus estudos em Ciências Econômicas. Em 1924 foi nomeado 1º assistente; em 1927 professor extraordinário e em dezembro de 1929 professor catedrático das Matemáticas Superiores. Colaborador de diversos periódicos, tais como: a Revista do Instituto Superior de Comércio, a Revista da Economia, Técnica, Seara Nova, Vértice, o quinzenário O Globo, que fundou juntamente com Rodrigues Migueis; e nos semanários O Diabo e A Liberdade. Em 1940, foi um dos criadores da Gazeta de Matemática. Em 1941 cria a "Biblioteca Cosmos", para edição de livros de divulgação científica e cultural, a qual publicou 114 livros, com uma tiragem global de 793 500 exemplares. Colaborou também nas revistas Técnica, Gazeta de Matemática, Seara Nova, Vértice e Revista de Economia. Militante desde a juventude, intensificou sua atividade política com a subida do fascismo ao poder, quer a nível clandestino com a militância comunista, quer com a sua aberta participação na Liga Portuguesa contra a Guerra e o Fascismo e no Socorro Vermelho Internacional. Mais tarde participaria, também, em 1943, da fundação do Movimento Unificado Nacional AntiFascista, MUNAF, e em 1945 do Movimento da Unidade Democrática, MUD. Em 1946 é demitido do cargo de professor catedrático da Universidade Técnica de Lisboa, por haver assinado um manifesto contra a admissão de Portugal na ONU. Em Outubro, é preso pela P.I.D.E., ficando incomunicável numa esquadra durante cinco dias, até ser solto. Em Dezembro é preso de novo, no Aljube. Solto no dia seguinte. Em Janeiro de 1948, é preso pela terceira vez. Fica em prisão domiciliária por se encontrar já bastante doente.