Dicionário político

Francisco da Costa Gomes

Retrato Francisco da Costa Gomes

(1914-2001): militar e político português. Foi o décimo-quinto Presidente da República Portuguesa, o segundo após a Revolução dos Cravos. Estudou no Colégio Militar, em Lisboa, e na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, onde se licenciou em Ciências Matemáticas, em 1944.
Tendo-se alistado no Exército em 1931, serviu em várias unidades militares e progrediu rapidamente na carreira. Realizou comissões de serviço nas colónias portuguesas, tendo chefiado a expedição militar a Macau, em 1949, exercendo funções como subchefe e chefe do Estado-Maior naquela região. Prestou serviço no quartel-general do Supremo Comando Aliado do Atlântico, entre 1945 e 1946, monitorizou a formação das forças portuguesas a integrar na OTAN, em 1952, participando nas delegações de Portugal às reuniões daquela organização, entre 1956 e 1958. Em 1954 integrou a Divisão de Cooperação da SCALANT.
Nomeado Subsecretário de Estado do Exército, em 1958, envolve-se no Golpe Botelho Moniz, intentado pelo Ministro da Defesa, em 1961. Em 1962, exonerado do governo, é colocado na chefia do Distrito de Recrutamento e Mobilização de Beja. Termina o Curso de Altos Comandos em 1964. Já Brigadeiro, é nomeado segundo comandante e depois comandante da Região Militar de Moçambique, função que exerce de 1965 a 1969. Em 1970 torna-se comandante da Região Militar de Angola, onde procede à remodelação do comando-chefe e defende um entendimento militar com a UNITA, contra o MPLA e a FNLA.
A 5 de Setembro de 1972 é nomeado 7.º Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas de Portugal, em substituição do general Venâncio Deslandes. A 13 de Março de 1974, pouco antes do 25 de Abril, é exonerado do cargo, depois de se recusar a comparecer numa cerimónia pública de lealdade ao governo de Marcello Caetano, promovida por altas patentes militares (um grupo que ficaria conhecido como a "Brigada do Reumático").
Após o 25 de Abril, é um dos sete militares que compõem a Junta de Salvação Nacional. Entre o dia 29 de Abril de 1974 e o dia 13 de Julho de 1976, foi o 9.º Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas de Portugal. Por nomeação da Junta de Salvação Nacional, torna-se Presidente da República, após a renúncia de António de Spínola, em Setembro de 1974. Ocupou o cargo de Presidente da República até Junho de 1976, altura em que as primeiras eleições livres para a escolha do Chefe de Estado em Portugal ditaram a eleição de António Ramalho Eanes. O seu mandato ficará marcado como um período de radicalização do processo revolucionário, sob a influência do PCP e de partidos de extrema-esquerda. Apesar da ambiguidade que muitos vêem nas suas posições, reconhecem-lhe o mérito de ter evitado a guerra civil. Em 1982 foi elevado à patente de Marechal.