Dicionário político

Paul Arthur Müller-Lehning

Retrato Paul Arthur Müller-Lehning

(1899-2000): Nascido em Utrecht, Holanda. Estudou economia nas universidades de Rotterdam e Berlim. Desde jovem se interessou pelas idéias sindicais e anti-militares. Conheceu os anarquistas Rudolf Rocker, Emma Goldman e Alexander Berkman. Participou do Comitê de Defesa dos Anarquistas e Sociais Revolucionários, que estavam sendo perseguidos pelos bolcheviques na Rússia. Em 1922 ocupou o cargo de secretário do Bureau Anti-Militarista (IAMB), que havia sido fundado em Haia um ano antes.
Em 1922 se filiou à Associação Internacional dos Trabalhadores (IWA), participando juntamente com Augustin Souchy, Albert de Jong e Helmut Rüdiger entre 1927 e 1934 no serviço de imprensa da Comissão Internacional Anti-Militarista, órgão que surgiu após a união da comissão anti-militarista da IWA e do IAMB. Entre os anos 1932 e 1935 atuou no secretariado da IWA, juntamente com Rudolf Rocker e Alexander Shapiro.
Relacionando-se com os meios culturais e artísticos, em 1924, durante uma visita a Paris, descobriu novas correntes artísticas, como o cubismo, o construtivismo, o futurismo ou o expressionismo. Entre janeiro de 1927 e julho de 1929, publicou a revista i10, influenciada por movimentos de vanguarda. Colaboraram na revista artistas como Mondrian, Lissitsky, Kandinsky, Oud, Moholy-Nagy, Arp, Walter Gropius, Schwitters; os marxistas Otto Rühle, Henriëtte Roland-Holst, Ernst Bloch e Walter Benjamin; os arquitetos Le Corbusier e Gerrit Tietveld; o escritor Upton Sinclair e a feminista Helene Stocker; ou anarquistas como Rocker, Shapiro, Berkman, Nettlau e De Ligt. Foi publicada em francês, inglês, alemão e holandês. Embora dedicada quase exclusivamente a questões artísticas, a revista também esteve envolvida na campanha de libertação dos anarquistas ítalo-americanos Sacco e Vanzetti.
Foi um dos fundadores do Internationaal Instituut voor Sociale Geschiedenis (Instituto Internacional de História Social) em Amsterdã, onde foram reunidos arquivos do movimento operário e do movimento anarquista internacional. Especializar-se-ia em arquivos relativos ao anarquismo e à história da Europa Oriental. Em abril de 1939, com a Segunda Guerra Mundial, o Instituto foi obrigado a se mudar para Oxford, na Inglaterra, onde Lehning iria morar nos anos seguintes.
Em 1957 ele voltaria para a Alemanha. Continuou a colaborar com o Instituto de História Social de Amsterdã. Em 1999 ele recebeu o P.C. Hooftprijs, o mais importante prêmio literário holandês, por toda a sua obra.
No início foi influenciado pelo pacifismo anarquista do holandês Bart de Ligt e Clara Meijer-Weichmann, que foram influenciados pelas idéias do escritor russo Leo Tolstoy. Influenciado também pelas idéias do sindicalismo revolucionário, defendeu a proclamação da greve geral como meio de deter a guerra, bem como a necessidade de criar comitês de fábrica para assumir a produção. Ele acreditava que uma greve geral anti-militarista em todos os países em guerra levaria a uma revolução social.
Embora a maioria da IWA defendesse a criação de milícias armadas para defender a revolução e derrotar o fascismo, Lehning, juntamente com Albert de Jong, rejeitou essa idéia, defendendo outros métodos como greve, boicote, desobediência fiscal, resistência passiva e recusa de colaboração. A posição de Lehning e de Jong seria uma posição minoritária na organização.