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  Silva, Sebastião Gomes da
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(1941-1969): lavrador de Cachoeiras de Macacú. Nascido em 1º setembro de 1941 no Rio Grande do Norte. Migrou para o Estado do Rio de Janeiro em meados de 1961 com sua família: pais, irmãos, esposa  e filha, fixando-se na cidade de Cachoeiras de Macacú meses antes de eclodirem as lutas camponesas lideradas por Mariano Beser.
Inscritos no Programa de Colonização do governo federal, adquiriram quarenta alqueires de terra na localidade de Nova Ribeira, no distrito de  Papucaia. Com o advento do golpe e  crescente escalada da repressão e grilagem de terras, juntamente com familiares, incorporou-se à resistencia camponesa, vindo a integrar a organização COLINA/VAR em junho de 1968.
Descoberto o plano desta OPM, uma patrulha do Exército faz, em meados de 1969, uma incursão na propriedade de sua família em busca de subversivos e armas. Sebastião não opos resistência. Foi executado, sem chances de defesa sendo alvejado por cinco projéteis de fuzil, vindo a falecer no local. Na ocasião portava um revólver calibre 38. Segundo a versão do Exército Sebastião foi morto portando um fuzil automático, versão esta refutada, em documento assinado, pelo policial da localidade, o Soldado Trindade, que esteve no local do confronto e acompanhou a necropsia.
Seu corpo foi necropsiado no cemitério local, de Japuhyba, pelo único legista na região, Chamberlain Noé, seguindo o corpo para local ignorado. Segundo relatório do Exército seu corpo encontrava-se no necrotério do Hospital do Exército em 02 e junho de 1969 juntamente com o cadáver do ex-sargento Severino Viana Callou, também militante do COLINA/VAR.
O corpo de Sebastião Gomes nunca foi devolvido à família para receber sepultamento digno.
Passados 46 anos de sua morte, cai por terra a versão mentirosa do Exército ao surgir documento oficial do IML, datado e assinado em 15 de julho de 1969, dando sua morte em 12 de junho e determinando o seu sepultamento como indigente no dia 17/07/1969 na sepultura Y-334, do Cemitério do Maruí, Niterói.
Deixou viúva e dois filhos,  de 9 e 5 anos de idade.
Sebastião faz parte de uma estatística macabra, de uma dolorosa história familiar: pai e genro, Pedro Gomes e Joair Silva morreram em decorrencia de sequelas da tortura, além de cunhado, Daniel Nunes e dois irmãos menores, Josué G. Santos, de 15 e Jorge Gomes do Santos de apenas 12 anos, sequestrados pelo Exército em agosto de 1971, (durante a Operação Mesopotâmia, Lagoa Verde/Imperatriz-MA), desaparecidos políticos há 44 anos, totalizando seis vítimas de uma só família. O nome de SEBASTIÃO GOMES DA SILVA consta da listagem da Anistia Internacional desde 1977.

  Fontes: relatos orais de sobreviventes da família e testemunhas colhidos por Alberto Santos e CPDA/UFRRJ
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