Resposta ao "Sozial Demokrat"![N49]

J. Stálin

15 de Agosto de 1905


Primeira Edição: Artigo publicado, sem assinatura, no jornal Proletaríatis Brdzola (A Luta do Proletariado), n. 11, de 15 de agosto de 1905.
Fonte: Problemas - Revista Mensal de Cultura Política nº 38 - Jan-Fev de 1952.
Transcrição e HTML: Fernando A. S. Araújo.
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desenho Lenin

Devo, de início, desculpar-me com o leitor por haver tardado tanto na resposta. Não era possível fazer de outra forma: as circunstâncias me constrangeram a trabalhar em outra região, e fui forçado a adiar temporariamente minha resposta; bem sabeis que não dispomos de nós mesmos.

Devo fazer ainda uma observação: muitos consideram que o autor do folheto. Algumas palavras sobre as divergências no Partido seja o Comitê da União e não uma só pessoa. Devo declarar que sou eu o autor desse folheto. O Comlíê da União apenas o publicou.

Agora vamos ao assunto.

O adversário me acusa de "não ver o objeto da controvérsia", de "dissimular as questões"(1), como "se as questões de organização e não as programáticas é que fossem controvertidas" (pág. 2).

Basta um pouco de atenção para descobrir a falsidade de tudo ao quanto o autor afirma. O fato é que o meu folheto é uma resposta ao primeiro número do Sozial-Demokrat e já fora entregue à impressão quando saiu o segundo número. Que diz o autor no primeiro número? Apenas que a "maioria" estaria no caminho do idealismo e que sua posição seria "radicalmente contrária" ao marxismo. Não se tratava de questões de organização. Que me competia responder? Somente o que já respondi, e precisamente isto: a "maioria" se acha na posição do marxlsmo genuíno, e se a "minoria" não o compreendeu, isso significa que foi ela própria que se afastou dessa posição. Assim teria agido quem quer que entendesse alguma coisa de polêmica. Mas o autor insiste: por que, então, não tratais das questões de organização? Não tratei disso, egrégio senhor filósofo, porque até então não havieis pronunciado uma só palavra sobre tais questões. Não é possível responder à questões de que ainda não se tratou. É claro que o "dissimular as questões", "silenciar sobre o objeto da controvérsia, etc.", são expedientes do autor. Pelo contrário, tenho razões para suspeitar de que ele próprio tenha silenciado sobre algumas questões. Afirma ele que "controvertidas são as questões de organização", ao passo que existem entre nós também divergências táticas que têm muito mais importância do que as divergências sobre orgaganização. Mas o nosso "critico" não disse uma só palavra quanto a essas divergências no seu folheto. A isto é que se chama "dissimular as questões."

De que se fala em meu folheto?

A vida social moderna tem uma estrutura capitalista. Nela existem duas grandes classes: a burguesia e o proletariado, e entre elas há uma luta de morte. As condições de existência da burguesia obrigam-na a reforçar a ordem capitalista. As condições de existência do proletariado obrigam-no, ao contrário, a minar a ordem capitalista, a destrui-la. Em correspondência a essas duas classes também a consciência se elabora de dupla maneira: a burguesa e a socialista. Por isso o proletariado acolhe esta consciência, assimila-a e luta com forças redobradas contra a ordem capitalista. É óbvio que se não existisse o capitalismo e a luta de classe, não haveria também uma consciência socialista; mas trata-se agora de quem elabora, de quem tem a possibilidade de elaborar esta consciência socialista, isto é, o socialismo científico. Diz Kautsky, e eu repito seu pensamento, que a massa dos proletários, enquanto estes permanecerem proletários, não tem nem o tempo nem a possibilidade de elaborar esta consciência socialista.

"A consciência socialista moderna só pode nascer na base de profundos conhecimentos científicos"(2), diz Kautsky.

Detentores da ciência são os intelectuais, entre os quais se encontram, por exemplo, Marx, Engels e outros, que dispõem tanto de tempo quanto de possibilidades para colocar-se à vanguarda da ciência e elaborar a consciência socialista. É claro que a elaboração da consciência socialista é obra de poucos intelectuais social-democratas, que dispõem das possibilidades e do tempo necessários a esse objetivo.

Mas que importância tem, por si mesma, a consciência socialista, se ela não se difunde entre o proletariado? Permanece uma frase vazia e nada mais. As coisas andarão de modo completamente diverso se esta consciência se difundir no proletariado: o proletariado tornar-se-á consciente de sua situação e marchará a passos acelerados em direção à vida socialista. E eis que intervém a social democracia (e não só os intelectuais social-democratas) no sentido de levar a consciência socialista ao movimento operário. Kautsky refere-se a isto quando diz:

"a consciência socialista é algo trazido de fora para a luta de classe do proletariado."

Assim a consciência socialista é elaborada por poucos intelectuais social-democratas. Tal consciência é introduzida no movimento operário por toda a social-democracia que dá um caráter consciente à luta de classe do proletariado».(3)

Disso é que trata o meu folheto.

Esta é a posição do marxismo e, ao mesmo tempo, a da "maioria". Que contrapõe a isso o meu adversário?

Para falar a verdade, nada de substancial. Preocupa-se mais em lançar injúrias do que em esclarecer a questão. Ao que parece, já perdeu a cabeça! Não ousa apresentar abertamente as questões, não lhes dá uma resposta direta, mas, como um "guerreiro" desleal, procura fugir ao objeto da controvérsia, confunde hipocritamente as questões apresentadas com clareza e depois assegura a todos: esclareci de um só golpe todas as questões! Assim, por exemplo, o autor, não apresenta, em geral, a questão da elaboração da consciência socialista, não se decide a declarar abertamente com quem está de acordo em tal questão, se com Kautsky ou com os "economistas". Em verdade, no primeiro número do Sozial-Demokrat nosso crítico fez declarações bastante ousadas; falava então, claramente, na linguagem dos "economistas". Mas que fazer? Naquele momento ele era orientado de um modo, agora é de "outro", e em vez de criticar, deixa as questões de lado, talvez por estar convencido de seu erro; mas não se decide a reconhecê-lo abertamente. Nosso autor, em geral, fica entre dois fogos. Não sabe com quem marchar. Se marchar com os "economistas", deverá então romper com Kautsky e com o marxismo, o que não lhe convém; se romper com o economismo e marchar com Kautsky, deverá, então, inevitavelmente, subscrever aquilo que diz a "maioria", mas falta-lhe coragem para isso. Assim, continua entre dois fogos. Que resta ao nosso "crítico"? Aqui é melhor calar, decide ele, e de modo realmente vil deixa de parte a questão acima referida.

Que diz o autor sobre a contribuição da consciência? Aqui também ele revela a mesma hesitação e a mesma vilania. Altera a questão e declara com grande desenvoltura: Kautsky na realidade não diz que "os intelectuais levam, de fora, o socialismo para a classe operária" (pág. 7).

Multo bem, mas isso nós, bolcheviques, também não o dizemos, senhor "crítico"; por que tendes, então, necessidade de investir contra moinhos de vento? Como não conseguis compreender que, segundo nós, segundo os bolcheviques, é a social-democracia que leva a consciência socialista ao movimento operário e não apenas os intelectuais social-democratas? Por que pensais que no Partido Social-Democrata só existem intelectuais? Será possível que ignoreis que nas fileiras da social-democracia são muitíssimo mais numerosos os operários de vanguarda do que os intelectuais? Será que os operários social-democratas não podem levar a consciência socialista ao movimento operário?

O próprio autor, evidentemente, compreende que este seu "argumento" não é convincente e passa a outro "argumento."

"Kautsky — continua o nosso "crítico" — escreve: "Juntamente com o proletariado surge, por necessidade natural, a tendência socialista, tanto nos próprios proletários como naqueles que adotam o ponto de vista do proletariado; assim se explica o nascimento das "tendências socialistas." De onde se depreende — comenta o nosso "crítico" — que o socialismo "não é trazido de fora ao proletariado, mas, ao contrário, sai do proletariado e entra nos cérebros daqueles que adotam as concepções do proletariado." Resposta ao Comitê da União, (pág. 8).

Eis o que escreve o nosso "crítico", imaginando haver esclarecido a questão! Que siginificam as palavras de Kautsky? Apenas que a tendência socialista nasce, por si mesma, no proletariado. E isto é certamente verdade. Mas não estamos discutindo sobre a tendência socialista, e sim sobre a consciência socialista! Que há de comum entre uma e outra? Serão por acaso a mesma coisa tendência e consciência? O autor não é capaz de distinguir a "tendência socialista" da "consciência socialista?" Não demonstra ele pobreza de espirito quando das palavras de Kautsky tira a conclusão de que "o socialismo não é trazido de fora"? Que há de comum entre "nascimento da tendência socialista" e "contribuição da consciência socialista"? Não é o próprio Kautsky quem diz que "a consciência socialista é algo trazido de fora para a luta de classe do proletariado"?(4)

Evidentemente, o autor compreende ter caído numa posição falsa e por conseguinte se vê forçado a acrescentar:

"Do citado trecho de Kautsky deduz-se efetivamente que a consciência socialista é trazida, de fora, para a luta de classe" (vide Resposta ao Comitê da União, pág. 7).

Não se decide, entretanto, a reconhecer aberta e corajosamente esta verdade científica. Nosso menchevique dá provas, aí também, da mesma vilania e hesitação inicial perante a lógica.

Esta é a "resposta" dúbia que o senhor "crítico" dá às duas questões principais.

Que se pode dizer das pequenas questões restantes que derivam expontaneamente destas duas grandes questões? Será melhor que o próprio leitor compare meu folheto ao do nosso autor. E necessário abordar ainda uma questão apenas.

A dar-se fé ao autor, depreende-se, em nossa opinião, que "a cisão se teria verificado porque o Congresso... não elegeu como redatores Axelrod, Zasulitch e Starover..." (Resposta, pág. 13) e que, desse modo, "negamos a cisão, negamos o seu profundo valor de princípio e apresentamos toda a oposição como obra de três redatores "rebeldes" (Idem, pág. 16).

Aqui o autor confunde a questão novamente. O fato é que se apresentam duas questões: a causa da cisão e a forma por que surgiu a divergência.

À primeira questão respondo diretamente: "É conhecido, agora, o terreno no qual surgiram as divergências em nosso Partido. Como é evidente, manifestaram-se em nosso Partido duas tendências: a tendência da firmeza proletária, e a tendência da instabilidade própria aos intelectuais. A expressão desta última tendência é precisamente a "minoria" (pág. 46). Como se vê, explico as divergências pela existência de uma tendência intelectual e de uma tendência proletária em nosso Partido e não pelo comportamento de Martov e Axelrod. O comportamento de Martov e dos outros constitui apenas uma expressão da instabilidade própria aos intelectuais. Mas evidentemente, nosso menchevique não compreendeu esse trecho de meu folheto.

No que se refere à segunda questão, afirmei, efetivamente, e afirmarei sempre que os chefes da "minoria" derramaram suas lágrimas pelos "primeiros postos" e deram essa forma à luta no Partido. Mas é um fato que os chefes da «minoria» declararam o boicote ao Partido, pediram abertamente cargos no Comitê Central, no órgão central, no Conselho do Partido e ainda por cima declararam:

"Apresentamos estas condições como as únicas capazes de assegurar ao Partido a possibilidade de evitar um conflito que ameaça a própria existência do Partido" (Vide Comentário, pg. 26).

Que significa isso senão que a bandeira dos chefes da "minoria" não é uma batalha de idéias, mas "uma luta pelos cargos"? Como é sabido, ninguém lhes impediu de travar uma luta ideológica de princípios. Os bolcheviques não lhes disseram: "Criai um órgão separado e defendei vossas opiniões, o Partido pode oferecer-vos semelhante órgão" (Vide Comentário)? Por que não concordaram com esta proposta se de fato tinham no espírito os princípios e não os primeiros postos?

Tudo isso nós o exprimimos da seguinte maneira: os chefes mencheviques não têm caráter em política. Não vos ofendais, senhores, se chamamos as coisas pelo seu nome.

Os chefes da "minoria" de início não discordavam do marxismo e de Lênin sobre o fato de que a consciência socialista é trazida de fora ao operário (Vide o artigo programático da Iskra, n. 1). Mas, em seguida, começaram a hesitar e entraram em luta com Lênin, queimando aquilo diante do que ontem se inclinavam. Chamei a isso "passar de um lado para outro". Que isso também não vos ofenda, senhores mencheviques.

Ontem vos inclináveis perante os órgãos centrais, lançando-nos raios e trovões porque havíamos manifestado desconfiança no Comitê Central. E hoje minais não os órgãos centrais, mas até mesmo o centralismo, (Vide Primeira Conferência Pan-Russa): A isto é que eu chamo falta de princípios, e espero que vós, senhores mencheviques, não ficáreis irritados comigo por causa disso.

Se juntarmos todos esses traços: falta de caráter em política, a luta pelos postos, a instabilidade, a falta de princípios e outros semelhantes, teremos sua característica geral: uma instabilidade de intelectuais, de que sofrem antes de tudo os intelectuais. É claro que esta instabilidade de intelectuais é o terreno (a base) em que nasce a "luta pelos cargos", a "falta de princípios", etc. A instabilidade dos intelectuais é determinada, em verdade, pela sua posição social. Eis como explicamos a cisão no Partido. Oh!, nosso autor, compreendestes afinal a diferença existente entre a causa e a forma da cisão? Duvido.

Eis a posição absurda, e equívoca que assumiram o Sozial-Demokrat e seu estranho "crítico". Entretanto, esse "crítico" demonstra grande vivacidade em outro campo. No seu folheto de dezesseis páginas esse autor foi capaz de mentir oito vezes sobre os bolcheviques, de forma a provocar o riso. Não nos acreditais? Eis aí os fatos:

Primeira mentira. Segundo o autor, "Lênin quer reduzir o Partido, transformá-lo numa organização restrita de militantes profissionais" (pg. 2). Lênin, porém, diz que:

"Não se deve pensar que as organizações do Partido devam ser compostas apenas de revolucionários de profissão. Necessitamos das mais diversas organizacões, de todos os gêneros, graus e aspectos, a começar pelas extremamente restritas e clandestinas, acabando pelas mais amplas e livres" (Atas, pg. 240).

Segunda mentira. De acordo com as palavras do autor, Lênin "só quer admitir no Partido os membros do Comitê" (pg. 2). Lênin, porém, disse:

"Todos os grupos, círculos, sub-comitês, etc, devem ser considerados órgãos do Comitê ou secções filiadas ao Comitê. Alguns desses manifestam diretamente sua vontade de passar a fazer parte do Partido Operário Social-Democrata da Rússia, e, com a prévia aprovação do Comitê, dele passarão a fazer parte" (Vide Carta a um companheiro, pg. 17). (5)

Terceira mentira. Segundo o autor, "Lênin pede a instauração, no Partido, do predomínio dos intelectuais" (pg. 5). Lênin, porém, diz:

"Do Comitê deverão participar..., se possível, todos os principais dirigentes do movimento operário, tomados entre os próprios operários" (Vide Carta a um companheiro, pg. 7-8), isto é, não só em todas as demais organizações, mas no próprio Comitê, deve predominar a voz dos operários de vanguarda."

Quarta mentira. O autor diz que a citação transcrita na pâg. 12 de meu folheto: "a classe operária marcha espontaneamente para o socialismo", etc., "é inteiramente inventada" (pg. 6). Entretanto, eu simplesmente tomei e reproduzi esse trecho do Que Fazer?. Eis o que consta da página 20:

"A classe operária marcha espontaneamente para o socialismo, mas a ideologia burguesa, que é a mais difundida (e que ressuscita constantemente sob as mais diversas formas) se impõe, não obstante, espontaneamente, mais do que tudo ao operário."

Este trecho vem também transcrito na página 12 do meu folheto. A isso é que o nosso "critico" chama de "citação inventada"! Não sei a que atribuir esse fato, se à distração do autor ou se a sua charlatanice.

Quinta mentira. Segundo o autor, "Lênin jamais disse que os operários, "por necessidade natural" marcham para o socialismo" (pg. 7). Lênin, porém, disse que

"a classe operária tende espontaneamente para o socialismo"(6).

Sexta mentira. O autor me atribui a opinião segundo a qual, "o socialismo é trazido de fora à classe operária pelos intelectuais" (pg. 7). O que eu digo, entretanto, é que a social-democracia (e não os intelectuais social-democratas) introduz no movimento a consciência socialista (pg. 18).

Sétima mentira. Segundo o autor, Lênin diz que a ideologia socialista surgiu "de modo inteiramente independente do movimento operário" (pg. 9). Mas, sem dúvida, jamais semelhante idéia passou pela cabeça de Lênin. O que ele diz é que a ideologia socialista surgiu

"de modo totalmente independente do desenvolvimento espontâneo do movimento operário"(7).

Oitava mentira. O autor diz que minhas palavras, segundo as quais "Plekanov abandona a "minoria", não passam de malediscência." E, no entanto, minhas palavras tiveram confirmação. Plekanov já abandonou a "minoria"...(8)

Deixo de lado as pequenas mentiras com que, além dessas, o autor encheu fartamente o seu folheto.

Deve-se reconhecer, entretanto, que, apesar de tudo, o autor disse uma única verdade. Ele nos disse que

"quando qualquer organização começa a se ocupar de mexericos, seus dias estão contados." (pg. 15).

Como se vê, é uma pura verdade. A questão é apenas apurar quem faz esses mexericos: o Sozial-Demokrat, com seu estranho paladino, ou o Comitê da União? O leitor decidirá.

Uma questão ainda, e com ela concluiremos. Tomando ares de importância, o autor afirma:

"O Comitê da União censura-nos por termos repetido a opinião de Plekanov. Consideramos uma honra repetir Plekanov, Kautsky e outros marxistas tão afamados" (pg. 15).

Assim, considerais uma honra repetir Plekanov e Kautsky. Muito bem, senhores; escutai, então: Kautsky diz que

"a consciência socialista é um elemento introduzido na luta de classe do proletariado de fora e não uma coisa que nele surja espontaneamente" (Vide a citação de Kautsky em Que Fazer?, pg. 48).

O próprio Kautsky diz que

"cumpre à social-democracia levar ao proletariado a consciência de sua situação e de sua missão" (Idem).

Esperemos que o senhor crítico repita sempre as palavras de Kautsky, dissipando nossas dúvidas.

Passemos a Plekanov. Diz Plekanov:

"...Não compreendendo, em suma, porque consideram que o projeto de Lênin(9), uma vez aprovado, fecharia as portas de nosso Partido a muitos operários. Os operários que desejam entrar no Partido não terão medo de entrar na organização. A disciplina não os assusta. Muitos intelectuais é que terão medo de entrar, imbuídos até à medula de individualismo burguês. Mas isto constitui um benefício. Esses individualistas burgueses são também, habitualmente, os representantes de toda sorte de oportunismo. Devemos afastá-los de nós. O projeto de Lênin pode servir de barreira à invasão do Partido por esses oportunistas, e ainda que só por isso, devem votar pelo projeto todos os adversários do oportunismo" (Vide Atas, pg. 246).

Esperamos que vós, senhor «critico», arrancareis a máscara, repetindo, com retidão proletária, essas palavras de Plekanov.

Se não o fizerdes, isso significará que vossas declarações na imprensa são levianas e irresponsáveis.


Notas de rodapé:

(1) Vide Resposta ao Comitê da União, pág. 4. (nota do autor) (retornar ao texto)

(2) Vide o artigo de K. Kautsky em "Que Fazer", de V. I. Lênin, págs. 48-49, Ed. Vitória, 1946, Rio. (nota Revista Problemas) (retornar ao texto)

(3) Idem, idem. (nota Revista Problemas) (retornar ao texto)

(4) Idem, idem. (nota Revista Problemas) (retornar ao texto)

(5) Como se verifica, segundo Lênin, podem ser admitidas organizações ao Partido, não só pelo Comitê Central, mas também pelos comitês locais. (nota do autor) (retornar ao texto)

(6) V. I. Lênin, "Que Fazer?", pág. 52, Ed. Vitória. 1946, Rio. (nota Revista Problemas) (retornar ao texto)

(7) Idem, pag. 39. (nota Revista Problemas) (retornar ao texto)

(8)E, no entanto, êsae autor tem a audácia de nos acusar, no n. 5 do Sozial-Demokrat, de havermos deformado os fatos relativos ao III Congresso. (retornar ao texto)

(9) Trata-se das formulações de Lênin e de Martov do primeiro parágrafo do Estatuto do Partido. (retornar ao texto)

Notas de fim de tomo:

[N49] O artigo de Stálin "Resposta ao "Stozial-Demokrat", publicado no n.° 11 do Proletariatis Brdzola, teve uma notável repercussão no centro bolchevique do exterior. Num breve resumo do conteúdo essencial do artigo, Lênin escrevia no Proletari: "No artigo "Resposta ao "Sotzial-Demokrat" notamos que está otimamente colocada a questão da famosa "adução da consciência do exterior". O autor divide a questão em quatro partes distintas:

  1. A questão filosófica da relação da consciência com o ser: o ser determina a consciência. Correspondentemente à existência de duas classes, também a consciência possui uma dupla elaboração: burguesa e socialista. À situação do proletariado corresponde a consciência socialista.
  2. "Quem pode elaborar e quem elabora essa consciência socialista (socialismo científico)?".
    "A consciência socialista moderna pode surgir somente na base de um profundo conhecimento científico" (Kautsky), isto é, a sua elaboração "é obra de alguns intelectuais social-democratas que dispõem dos meios e do tempo indispensáveis para isso."
  3. Como penetra essa consciência no proletariado? "Aqui intervém a social-democracia (e não somente os intelectuais social-democratas) que traz ao movimento operário a consciência socialista."
  4. Que encontra a social-democracia no próprio proletariado, quando vai pregar-lhe o socialismo? Uma instintiva tendência para o socialismo. "Juntamente com o proletariado nasce por necessidade natural a tendência ao socialismo, seja nos próprios proletários como nos que se colocam do ponto de vista do proletariado; assim se explica o nascimento das tendências socialistas" (Kautsky).
    Um menchevique tira daí uma dedução engraçada: "Por conseguinte torna-se evidente que o socialismo não é trazido de fora ao proletariado, mas, pelo contrário, sai do proletariado e entra nas cabeças dos que adotam as concepções do proletariado!" (vide Proletari, n.° 22, de 11 (24) de outubro de 1905, sob o cabeçalho Do partido, pág. 6). (nota 49 das Obras de Stálin - Editorial Vitória) (retornar ao texto)
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Inclusão 19/12/2010
Última alteração 22/09/2011