Glossário do PREC

Serviço de Intercâmbio Politico e Cultural

1976


Publicação: Editorial SLEMES, Lisboa

Transcrição: Keith Gibbs.

HTML: Graham Seaman.

Nota: Este glossário originou como posfâcio ao livro Portugal — Um Guia para o Processo; os autores parecem ter sido prôximos do MES. A versão aqui presentada tem alguns pequenos acréscimos.


Glossário

ADFA (Associação dos Deficientes das Forças Armadas)
Criada depois do 25 de Abril para defesa dos mutilados da guerra colonial, tendo desenvolvido uma luta exemplar, que culminou no fim do Verão de 75 com a ocupação das portagens à volta de Lisboa, como forma de pressão sobre o VI Governo; mais tarde, militantes da ADFA foram expulsos violentamente de S. Bento pelo RCA.
ADU (Assembleia de Unidade)
Assembleia de representantes das diversas classes das unidades militares (oficiais, sargentos e praças), sob a presidência do comandante da unidade. Desapareceram após o 25 de Novembro.
AEPPA (Associação dos Ex-Presos Políticos Antifascistas)
Criada após o 25 de Abril, tem desenvolvido intensa actividade na denúncia dos crimes do fascismo e na exigência de um julgamento adequado da sinistra Pide-DGS, propondo a criação do Tribunal Humberto Delgado.
AIL (Associação dos Inquilinos Lisbonenses)
Prestigiosa colectividade de grandes tradições na defesa jurídica, social e política dos moradores pobres, contra a exploração imobiliária, pugnando pelas soluções cooperativistas.
ALA (Associação Livre de Agricultores)
Antecessora da CAP a nível distrital.
AMI (Agrupamento Militar de Intervenção)
Criado na sequência da posse do VI Governo Provisório com fins repressivos, uma vez que o COPCON não cumpria essa missão, colocando-se ao lado dos explorados. Nunca passou do RCA e de uma companhia de pára-quedistas, e a sua acção mais espectacular foi o ataque à bomba ao emissor da RR.
ANP (Acção Nacional Popular)
Partido único, antes do 25 de Abril, fundado por Marcelo Caetano, em substituição da moribunda União Nacional, de Salazar, herdando dela a incapacidade de actuação prática como dinamizadora da vida política e apoio do Governo. Nunca teve importância autónoma real, nem sequer como grupo de pressão.
AOC (Aliança Operária-Camponesa)
(ver PCP-ML) Frente eleitoral com uma prática provocatória, favorecendo a direita mais reaccionária.
AP (Assembleia Popular)
Órgão de Poder Popular de âmbito local, regional ou nacional, previsto no Documento-Guia de Aliança Povo-MFA. Ao nível local reuniam representantes de CM, CT, ADU e colectividades populares.
APODETI (Associação Popular e Democrática de Timor)
Movimento fantoche criado pelo imperialismo, defendendo a integração de Timor-Leste na Indonésia.
ASJ (Acção Socialista da Juventude)
Sector Juvenil do PRT, com alguma expressão ao nível do Ensino Secundário.
ASP (Acção Socialista Portuguesa)
(ver PS) Organização que antecedeu a formação do PS.
BASE-FUT (Frente Unitária de Trabalhadores)
Criada no final de 74 a partir dos movimentos operários cristãos especialmente do Centro de Cultura Operária. Defende o socialismo de base. Intervenção principal ao nível sindical Apoiou Otelo e faz parte do MUP.
BETP (Base-Escola de Tropas Pára-quedistas)
Até ao 25 de Novembro, base de tropas altamente operacionais. A sua disciplina militar permitiu a Spínola organizar o 11 de Março, tendo atacado o RALIS (então RAL 1). O aumento de consciência política dos seus soldados e sargentos fê-los exigir, a 25 de Novembro, a demissão de Morais e Silva, e foi esse o pretexto para o desencadear do golpe militar de direita.
BIP (Banco Intercontinental Português)
Banco típico da moderna fase do capitalismo português, formado com base em especulações financeiras que lhe permitiam ter um enorme peso nas decisões económicas sem que a isso correspondesse um nível de depósitos elevado. Vários dos seus administradores foram acusados, no final de 74, de sabotagem económica.
BNU (Banco Nacional Ultramarino)
Banco emissor para as colónias, com excepção de Angola, que dispunha de banco próprio — o Banco de Angola.
BR (Brigadas Revolucionárias)
Ligadas ideologicamente — e durante certo tempo organicamente — ao PRP. Desenvolveram durante o último período do regime fascista, intensa e eficaz actividade contra objectivos militares.
CA (Conselho ou Comissão de Aldeia)
Órgão de Poder Popular consignado no Documento-Guia de Aliança Povo-MFA. Muitos se constituiram durante o ano de 1975, expontaneamente ou em resultado das campanhas de dinamização.
CAP (Confederação dos Agricultores de Portugal)
Organização controlada por latifundiários para enquadramento dos agricultores, que aí são manipulados. Distinguiu-se a partir do Verão de 75 nos sucessivos ataques à Reforma Agrária, e colaborou no golpe de 25 de Novembro, montando barricadas em Rio Maior e arredores. Chegou a apresentar, já em 76, ultimatos ao governo para devolução das terras expropriadas, tendo tentado realizar comícios provocatórios no Alto Alentejo. Politicamente, apoia-se no PPD e no CDS.
CARP-ML (Comité de Apoio à Reconstrução do Partido Marxista Leninista)
(ver ORPC-ML). Grupo restrito, com base em militantes saídos do PCP em 1964, teve acção importante no reagrupamento de diversas facções M-L que conduziu à criação do PCP(R).
CBS (Comissões de Base Socialistas)
Organização formada após o 25 de Abril e dissolvida em 1975, no âmbito da esquerda revolucionária.
CCP (Comissão Coordenadora do Programa (do MFA))
Também conhecida por Comissão Política do MFA, foi o órgão que dirigiu o Movimento até ao 11 de Marco, controlando a actividade de Spínola e incentivando o processo de descolonização. Dela fizeram parte, entre outros, Vasco Lourenço, Vasco Gonçalves e Melo Antunes. Teve papel decisivo no 28 de Setembro e no 11 de Março, tendo sido, depois disso, integrada no CR.
CCOR-ML (Comités Comunistas Revolucionários Marxistas-Leninistas)
(ver ORPC-ML). Uma das facções do movimento M-L, que veio a confluir no PCP(R).
CDE (Comissão Democrática Eleitoral)
(ver MDP/CDE). Organização unitária de esquerda, participando nas eleições fascistas de 1969 e 1973. Em 1969, uma outra organização, o CEUD, agrupou elementos que depois vieram a integrar o PS.
CDR (Comités de Defesa da Revolução)
Surgiram a seguir a Maio de 75, organizados ao nível das grandes empresas da cintura industrial de Lisboa, como grupos mais ou menos fechados ligados ao PCP e ao MDP/CDE. Nunca tiveram papel de relevo, Propunham-se colaborar na defesa armada do processo revolucionário.
CDS (Centro Democrático Social)
Fundado em Junho de 1974, tem um programa de centro-direita e uma prática de direita, servindo de cobertura legal de organizações da extrema-direita (iELP, MDLP, FLA, FLAMA). A sua voz só começou a ser ouvida a seguir ao golpe do 25 de Novembro, tendo apoiado Eanes. Faz parte da União Europeia Democrata-Cristã. Dirigentes mais conhecidos: Freitas do Amaral, Amaro da Costa, Basílio Horta, Sá Machado. Percentagens obtidas nas eleições: 1975 — 7,6 %, — 16 deputados; 1976 — 15,9 %, — 41 deputados. Publicava o jornal %«Alternativa 76».
CEMA (Chefe do Estado-Maior da Armada)
Tem assento directo no CR. Lugar desempenhado pelo almirante Souto Cruz após o 25 de Novembro.
CEME (Chefe do Estado-Maior do Exército)
Tem assento directo no CR. Lugar desempenhado pelo general Rocha Vieira após a eleição de Ramalho Eanes para a PR. Este último ocupara o cargo após o 25 de Novembro.
CEMFA (Chefe do Estado-Maior da Força Aérea)
Com assento directo no CR. Desde o 11 de Março o lugar é desempenhado por Morais e Silva.
CEMGFA (Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas)
Lugar desempenhado pelo PR, simultaneamente com o de Presidente do CR
CENTROS POPULARES 25 DE ABRIL
Organização política de apoio ao MFA, fundada após o 25 de Abril por dirigentes da extinta FPLN e que foi dissolvida por não ter logrado qualquer expressão significante.
CERESD (Centro de Estudo e Reflexão Social-Democrata)
Lugar de encontro de alguns intelectuais e tecnocratas ligados ao PPD.
CERP (Cristãos em Reflexão Permanente)
Grupo de padres e leigos de Lisboa que, sem se implicarem no processo, emitiram alguns comunicados públicos.
CEUD (Comissão Eleitoral de Unidade Democrática)
Formação eleitoral oposicionista que disputou as eleições legislativas de 1969 nos círculos de Lisboa, Porto e Braga. A formação da CEUD visava sobretudo destacar a existência dos socialistas, demarcando-se do PCP. Não conseguiu eleger qualquer deputado.
CIAAC (Centro de Instrução de Artilharia Anti-Aérea de Cascais)
Unidade militar que nunca foi considerada progressista. Teve papel importante na defesa anti-aérea do COPCON durante o 11 de Março, mas recusou-se a fazê-lo no 25 de Novembro. Considerada como especialmente afecta ao grupo dos Nove.
CICAP (Centro de Instrução de Condução-Auto do Porto)
Na sequência de reivindicações dos seus soldados, Pires Veloso decide dissolvê-la. Isto desencadeou, a meados de Outubro de 1975, uma grave crise que culminou com a ocupação do RASP pelos seus soldados e os do CICAP e ainda os de outras unidades, mantendo-se operacionais durante vários dias. Uma solução de compromisso negociada por Fabião fará com que o processo acabe por morrer, embora, em muitos aspectos tenha sido exemplar como forma de luta dos militares no processo revolucionário.
CIDA-C (Centro de Informação e Documentação Anticolonial)
Fundado logo após o 25 de Abril e na sequência de trabalho clandestino durante o fascismo, tem desde aí desenvolvido intensa actividade de informação e esclarecimento da opinião pública e de apoio e colaboração aos movimentos de libertação das ex-colónias, tanto ao nível político, como no da cooperação nas tarefas da reconstrução nacional.
CIL (Cintura Industrial de Lisboa)
Zona envolvente da capital, onde se situam muitas das maiores unidades industriais do País. Abrange a periferia Norte, a margem Sul do Tejo, e a margem Norte até Vila Franca de Xira.
CIP (Confederação da Indústria Portuguesa)
Criada nos fins de Junho de 74, pretende representar grande parte dos empresários portugueses e tem, desde o início, desenvolvido intensa actividade a favor do capital, procurando denegrir a imagem de Portugal junto dos seus compradores estrangeiros. Simulando defender os interesses das PME, está no entanto subordinada ao grande capital.
CLARC (Comité de Luta para o Abaixamento das Rendas de Casa (Setúbal))
Organização que tem travado uma luta exemplar contra a especulação dos construtores e senhorios.
CLARP (Comité para a Libertação dos Antifascistas e Revolucionários Presos)
Organização unitária, criada após o 25 de Novembro, teve um importante papel depois de terem sido presos inúmeros oficiais progressistas e revolucionários. Realizou várias manifestações em Custóias, Caxias, Porto, Lisboa, etc. e assegurou a direcção das lutas contra a repressão.
CLOMP (Comité de Luta de Ocupantes e Moradores Pobres)
Abrangendo a área de Lisboa, tem desempenhado um papel importante na luta contra os despejos.
CM (Comissão de Moradores)
Órgão de Poder Popular. Consignado no Documento-Guia de Aliança Povo-MFA. Logo após o 25 de Abril formaram-se por todo o país às centenas, organizando o povo em luta por melhores condições de habitação.
CMLP (Comité Marxista-Leninista Português)
Primeira cisão anti-revisionista do PCP, em 1964, fundado depois da expulsão de Francisco Martins Rodrigues.
CNARPA (Comissão Nacional de Apoio aos Refugiados Políticos Antifascistas)
Formada após o 25 de Abril, para apoiar os refugiados que então começaram a afluir a Portugal, especialmente da América Latina.
CODICE (Comissão de Dinamização Central)
Órgão da 5.ª Divisão do EMGFA responsável pelas campanhas de dinamização.
COPCON (Comando Operacional do Continente)
Braço armado do MFA, até ao 25 de Novembro, comandado por Otelo. Colocou-se sempre ao lado dos trabalhadores e teve importante papel em ocupações de casas, de terras e no desmantelamento de redes terroristas. Derrotou Spínola em 28 de Setembro e 11 de Março. O chamado «Documento do COPCON» teve como redactores oficiais revolucionários que nele prestavam serviço. A sua sede era no Forte do Alto do Duque (Lisboa) e tinha capacidade de accionamento directo de diversas unidades operacionais espalhadas pelo país.
CPPC (Conselho Português para a Paz e Cooperação)
Organização dependente do Conselho Mundial da Paz, especializada no intercâmbio com os países de Leste, visando os objectivos da Conferência de Helsínquia.
CPS (Cristãos pelo Socialismo)
Organização filiada no Movimento Internacional CPS, fundado no Chile durante o regime de Unidade Popular, agrupando católicos e protestantes e preconizando a luta contra o imperialismo. Apoiou a luta dos trabalhadores da RR.
CR (Conselho da Revolução)
Órgão Supremo do MFA, criado na sequência do 11 de Março. Consignado na Constituição, mas com poderes muito reduzidos.
CRA (Cooperativa Reforma Agrária)
Organização afecta ao PCP, para apoio técnico e comercial às unidades Colectivas de Produção.
CRAMO (Comissões Revolucionárias e Autónomas de Moradores e Ocupantes)
Organizações criadas na zona de Lisboa, com fraca expressão popular.
CRARA (Comissão Revolucionária de Apoio à Reforma Agrária)
Comissão de apoio técnico à Reforma Agrária, impulsionada pelo PCP.
CRM (Conselho Revolucionário de Moradores (Porto))
Organização unitária de direcção do movimento popular de moradores, agrupando CM e em intíma ligação com o processo SAAL.
CRRA (Centro Regional da Reforma Agrária)
Delegações do IRA a nível distrital para execução descentralizada da Reforma Agrária sob a orientação dos Conselhos Regionais da RA.
CRT-CRTSM (Conselhos Revolucionários de Trabalhadores, Soldados e Marinheiros)
Impulsionados pelo PRP, de forte cunho partidário, pretendiam ser uma espécie de Sovietes nas fábricas e nos quartéis, mas nunca tiveram grande influência, embora chegassem a realizar dois congressos.
CT (Comissão de Trabalhadores)
Orgão de Poder Popular consignado no DG de Aliança Povo-MFA. Após o 25 de Abril, formaram-se aos milhares em quase todas as empresas, para defesa dos interesses dos trabalhadores.
CTT (Correios Telégrafos e Telefones)
Agora designados por CTP — Correios e Telecomunicações de Portugal. Greve importante desencadeada em Julho de 74, em que o PCP revelou claramente o seu carácter conciliador.
CUF (Companhia União Fabril)
O maior grupo económico português, controlado pela família Melo e nacionalizado em 75. Integra empresas de grande dimensão nos sectores metalúrgico, químico, têxtil e estaleiros navais.
DG (Documento-Guia do Projecto Aliança Povo-MFA)
Projecto de alternativa popular à democracia burguesa, aprovado em Assembleia do MFA.
DGMG (Depósito Geral de Material de Guerra)
Importante posição estratégica à entrada de Lisboa (Moscavide-Beirolas), onde estão concentradas grandes quantidades de armas e outro material. Esta unidade declarou-se em situação de auto-controle antes do 25 de Novembro, tendo sido ocupada por um destacamento da EPC durante o golpe.
DGS (Direcção Geral de Segurança)
(ver PIDE) Polícia política fascista distinguida pelos seus métodos de tortura e controlo integral na vida pública e privada dos portugueses. Dissolvida pelo povo em 26 de Abril de 1974. Sucessora da PVDE e da PIDE, criadas por Salazar.
ELP (Exército de Libertação Português (fascista))
Aparentemente com sede em Espanha, estão por apurar as suas ligações ao MDLP e aos atentados bombistas efectuados, tendo lutado em Angola contra o MPLA, integrado na coluna Sul-Africana que em 1975 invadiu aquele país.
EN (Emissora Nacional)
Emissora oficial. Designação anterior à nacionalização e centralização de todas as emissoras na RDP (com a excepção da RR).
EPA (Escola Prática de Artilharia (Vendas Novas))
Unidade Operacional no 25 de Abril e que deu importante colaboração na Reforma Agrária, de apoio aos movimentos dos trabalhadores rurais.
EPAM (Escola Prática de Administração Militar)
Em Lisboa, Lumiar, junto da RTP, cujas instalações normalmente protegia em períodos de crise. Progressista até ao 25 de Novembro.
EPC (Escola Prática de Cavalaria (Santarém))
Das unidades portuguesas com maior potencial de fogo, teve um importante papel durante o 25 de Abril e, posteriormente, em todos os períodos de crise, tendo-se colocado do lado das forças golpistas no 25 de Novembro.
EPE (Escola Prática de Engenharia)
Fazendo parte do chamado Polígono de Tancos, foi aí que decorreu a assembleia-fantoche que aniquilou o MFA, preparando as condições para o avanço da direita militar.
EPI (Escola Prática de Infantaria (Mafra))
Importante unidade afecta ao grupo dos Nove.
EPSM (Escola Prática do Serviço de Material (Sacavém))
De orientação progressista até ao 25 de Novembro, apoiou as organizações populares da zona.
FA (Força Aérea (também Forças Armadas))
Aviação militar portuguesa, também designada por FAFP.
FALINTIL (Forças Armadas da Libertação Nacional de Timor-Leste)
Criadas oficialmente no 20 de agosto de 1975, na altura da invasão da Indonésia em dezembro do mesmo ano contavam com aproximadamente 30.000 combatentes.
FAOJ (Fundo de Apoio aos Organismos Juvenis)
Organismo dependente do MEIC e com importante acção dinamizadora a nível regional.
FAP (Frente de Acção Popular)
Organização fundada em 1964, ligada ao CMLP, e que defendia a luta armada contra o fascismo. Extinguiu-se após feroz repressão.
FEC (Frente Eleitoral de Comunistas)
Frente eleitoral ligada à organização comunista OCMLP. Apresentou-se às eleições de 75, tendo obtido 32.519 votos (0,6%). Com implantação apenas em algumas regiões litorais do Norte, a maioria dos militantes veio a integrar-se na UDP. Publicou o Jornal «O Grito do Povo».
FEML (Federação dos Estudantes Marxistas-Leninistas)
Organização estudantil do MRPP.
FFAA (Forças Armadas)
Conjunto dos três ramos: Exército, Marinha e Força Aérea.
FFC (Força de Fuzileiros do Continente)
Unidade Operacional que desempenhou um importante papel no dia 25 de Abril e no apoio ao movimento popular durante todo o processo. Situada próximo da Base Naval do Alfeite e da Escola de Fuzileiros em Vale de Zebro, em plena zona industrial da margem Sul do Tejo.
FLA (Frente de Libertação dos Açores)
Organização separatista ilegal ao serviço do imperialismo norte-americano e com estreitas ligações ao PPD e ao CDS.
FLAMA (Frente de Libertação do Arquipélago da Madeira)
Organização ilegal separatista ao serviço do imperialismo norte-americano, igualmente com intimas ligações aos partidos da direita.
FLEC (Frente de Libertação do Enclave de Cabinda)
Movimento de Libertação fantoche, protegido por capitais europeus, que actuou contra o MPLA. Defende a independência de Cabinda, para que as explorações petrolíferas deste distrito angolano fiquem fora do controle nacional.
FMU (Frente Militar Unida)
Surgida pouco antes do 25 de Novembro. Aparentemente era constituída pelo grupo de oficiais que prepararam o golpe de direita.
FNLA (Frente Nacional de Libertação de Angola)
Movimento de Libertação fantoche de Angola, pago pelos USA, através do seu criado Mobutu (presidente do Zaire), e chefiado por Holden Roberto. Sucedeu à UPA, que organizou os massacres de 1961 e teve um governo fantoche no exílio, o GRAE. Com o apoio de mercenários, organizou o ELNA, seu braço armado, cujos elementos eram na grande maioria do exército zairense.
FPLN (Frente Patriótica de Libertação Nacional)
Frente antifascista com sede em Argel, que sofreu várias vicissitudes até ao seu desaparecimento em 25 de Abril. Reuniu elementos que hoje estão dispersos por várias organizações, nomeadamente PS, PCP e PRP. No seu âmbito foram criadas as BR, que depois se integraram no PRP.
FRELIMO (Frente de Libertação de Moçambique)
Movimento de Libertação de Moçambique, inicialmente chefiado por Mondlane (assassinado pela PIDE) e depois por Samora Machel. Vanguarda revolucionária do povo moçambicano, dirigiu toda a luta contra o colonialismo português, comandando, após a vitória, a luta da reconstrução nacional.
FRETILIN (Frente de Libertação de Timor Leste Independente)
Movimento de Libertação de Timor, que proclamou a independência do território após o colapso do colonialismo português e em resposta a um golpe da UDT. O seu valoroso exército, as FALINTIL, viu-se obrigado a recuar para as montanhas perante a invasão indonésia, lutando pela reconquista do solo pátrio.
FSP (Frente Socialista Popular)
Fundada em 9.1.75, com base no MSP, movimento autónomo do PS, que viu derrotadas as suas posições no I Congresso do PS. Muitos dos seus militantes provinham da actividade sindical ou de sectores de cristãos revolucionários, agrupados em torno da figura de Manuel Serra, que parecia exercer influência decisiva no seio da FSP. Fez parte da FUR e apoiou a candidatura de Otelo. De implantação muito reduzida, por incapacidade de definir uma linha revolucionária consequente, abandonou o MUP em Setembro de 1975. Dirigentes mais conhecidos: Manuel Serra, Rui Carneiro, Paulo Loureiro. Percentagens obtidas nas eleições: 1975 — 1,2 %, — 66.163 votos; 1976 — 0,8% — 41.954 votos. Publicou o jornal «Frente Socialista».
FUP (Frente Unitária Popular)
Nome pelo qual foi inicialmente designada a FUR.
FUR (Frente de Unidade Revolucionária)
Organização constituída em 25 de Agosto de 1975, com vista a uma direcção unificada do processo, que permitisse o seu avanço. Dela faziam parte o PCP (o qual foi expulso poucos dias depois), o MDP/CDE, MES, PRP, FSP, LCI, LUAR e 1º de MAIO, juntamente com as correntes progressistas e revolucionárias do MFA.
GAPS (Grupo Autónomo do PS)
Grupo constituído no interior do PS e dissolvido quando do I Congresso, tal como o MSP.
GDACI (Grupo de Detecção, Alerta, Controle e Intercepção)
Importante unidade da FA localizada em Monsanto (Lisboa), e que foi ocupada pelos pára-quedistas no 25 de Novembro.
GDPPS (Grupo de Defesa do Programa do PS)
A existência deste grupo, surgido em 76, a partir de alguns deputados da sua ala esquerda, tem sido desmentida pelo PS.
GDUP (Grupo Dinamizador de Unidade Popular)
Grupos de base de apoio à candidatura de Otelo, com um importante papel enquanto embriões do Movimento de Unidade Popular. Contituídos de Norte a Sul do País, integram elementos de vários partidos de esquerda, incluindo do PCP e do PS, e militantes apartidários.
GF (Guarda Fiscal)
Guarda das fronteiras e das alfândegas.
GIS (Grupo de Intervenção Socialista)
(Ver IS) Tem o estatuto de associação política. Formado em 75, a partir de algumas personalidades intelectuais saídas do MES, reunindo algumas dezenas de quadros superiores em grupo de pressão e influência política.
GNR (Guarda Nacional Republicana)
Polícia rural e força repressiva de reserva nas zonas urbanas. Distinguiu-se durante o fascismo na repressão de greves, manifestações populares e movimentações de camponeses, ganhando o ódio de povo português. Após o 25 de Abril falou-se na sua dissolução, mas depois do 25 de Novembro foi reconduzida ao seu papel anterior.
GP
Governo Provisório.
G3
Nome de espingarda automática utilizada pelas FA na guerra colonial e fabricadas na Fábrica de Material de Guerra de Braço de Prata. Após o 25 de Novembro, a PSP e a GNR foram equipadas também com esta arma.
GVAF (Grupos de Vigilância Anti-Fascista)
Surgidos a seguir ao 25 de Abril, unindo o povo contra os pides e os informadores ainda à solta e contra as manobras reaccionárias.
IARN (Instituto de Apoio ao Retorno de Nacionais)
Destinado a organizar o repatriamento dos colonos de Africa (inicialmente do Zaire e de Marrocos e mais tarde das ex-colónias). Casos graves de corrupção interna foram objecto de denúncia e originaram um inquérito.
INATEL (Instituto Nacional para Aproveitamento dos Tempos Livres dos Trabalhadores)
Sucessor da FNAT — Fundação Nacional para a Alegria no Trabalho, organização fascista. É legalmente controlada pela Intersindical.
INTER dos BAIRROS de LATA
Coordenadora da luta dos bairros de lata de Lisboa, com delegados das respectivas Comissões de Moradores.
INTERSINDICAL
Central Sindical única dos trabalhadores portugueses, fundada clandestinamente em 1970 por um núcleo de sindicatos cujas direcções tinham a confiança dos trabalhadores. Após o 25 de Abril o seu estreito controle pelo PCP abriu campo a críticas da direita.
IRA (Instituto de Reorganização Agrária)
Sucedeu à extinta Junta de Colonização Interna e tem a seu cargo a execução da Reforma Agrária.
IS (Intervenção Socialista, (Grupo de))
Tem o estatuto de associação política. Formado em 75, a partir de algumas personalidades intelectuais saídas do MES, reunindo algumas dezenas de quadros superiores em grupo de pressão e influência política.
JC (Juventude Centrista)
Ramo estudantil do CDS.
JS (Juventude Socialista)
Organização estudantil do PS.
JSD (Juventude Social-Democrata)
Organização estudantil do PPD.
JSN (Junta de Salvação Nacional)
Organismo supremo criado no 25 de Abril, composto por 7 oficiais generais ou superiores dos 3 ramos das FA. Extinto após o 11 de Março.
LCI (Liga Comunista Internacionalista)
Organização trotskista, ligada à maioria da IV Internacional, fundada em 1974 a partir de um grupo estudantil, que desenvolvia actividades mesmo antes do 25 de Abril. Fez parte da FUR, donde saíu a seguir ao 25 de Novembro. Defende a Frente Unica Operária, tendo apresentado, juntamente com o PRT, um candidato à PR, acabando por apoiar o candidato do PCP, Octávio Pato. Influência muito diminuta. Dirigentes mais conhecidos: João Cabral Fernandes, Heitor de Sousa e Castro, José Joaquim Ferreira Fernandes. Percentagens obtidas nas eleições: 1975 — 0,2 %, — 10.732 votos; 1976 — 0,3 %, — 16.235 votos. Publicou o jornal «Luta Proletária».
LCPR (Liga para a Construção do Partido Revolucionário)
Organização trotskista de nula expressão, afecta ao PS.
LP (Legião Portuguesa)
Organização para-militar e de informação fascista fundada em 1937. Possuía uma brigada de choque; em decadência já antes do 25 de Abril do ponto de vista operacional, excepto no capítulo da informação.
LUAR (Liga de União e Acção Revolucionária)
Criada em 1967 e desde então chefiada por Palma Inácio, que permanece o seu principal dirigente. Até à queda do fascismo organizou muitas acções armadas, com destaque para o assalto ao Banco de Portugal na Figueira da Foz. Define-se como da Esquerda Revolucionária. Pertenceu à FUR, donde saíu depois do 25 de Novembro. Parece ter-se desagregado com a cisão de grande parte dos militantes em torno de Pereira Marques. Anteriormente ao fracasso do seu I Congresso já tinha mostrado a impossibilidade de definir uma linha política. Publicou os jornais «Fronteira», iniciado no exílio, e «Luar», que desapareceu.
MAI (Ministério da Administração Interna)
Designação, após o 25 de Abril, do antigo Ministério do Interior. Superintende nas forças militarizadas.
MAP
Ministério da Agricultura e Pescas.
MAPA (Movimento de Autonomia do Povo Açoreano)
Organização clandestina separatista que antecedeu a FLA.
MARN (Movimento de Agricultores e Rendeiros do Norte)
Organização para o esclarecimento e defesa dos interesses dos pequenos camponeses, contrariando a manipulação destes pelos caciques reaccionários.
MCS (Ministério da Comunicação Social)
Sucedeu ao SNI e à SEIT do fascismo e deu lugar a um secretariado de Estado no I Governo Constitucional.
MDE/S (Movimento para o Desenvolvimento da Empresa/Sociedade)
Lançado a 21 de Agosto de 74, como uma espécie de «sindicato dos banqueiros», numa altura em que a burguesia tentava firmar o pé para manter o seu poder. Liderado por Champalimaud.
MDLP (Movimento Democrático de Libertação de Portugal)
Organização reaccionária fundada por Spínola no exílio. Ligações ao ELP e ao CDS e aos atentados bombistas que a direita desencadeou a seguir ao 11 de Março. Foi anunciada, a seguir às eleições de 1976, a sua dissolução.
MDM (Movimento Democrático das Mulheres)
Organização progressista com objectivos unitários, afecta ao MDP/CDE e influenciada pelo PCP.
MDP/CDE (Movimento Democrático Português)
Organização formada para as eleições de 1969, como frente legal da oposição anti-fascista. Teve um papel importante antes do 25 de Abril, continuando como movimento unitário até ao Outono de 74, quando se transformou em partido. É dominado pelo aparelho do PCP, perdendo militantes a partir de 75. Fez parte da FUR; não concorreu às eleições de 1976, tendo aconselhado o voto no PCP. A sua desagregação era manifesta. Dirigentes mais conhecidos: José Tengarrinha, Vítor Dias, Pereira Moura (já afastado), António Galhordas. Percentagem obtida em 1975: 4,1 %, — 5 deputados. Publicou o jornal «Unidade».
MEIC
Ministério da Educação e Investigação Científica.
MFP (Movimento Federalista Português)
Fundado após o 25 de Abril de 1974. Partido de fascistas ligados, quer à Cooperativa Cidadela, quer à Convergência Monárquica. Teve ligações com partidos semelhantes nas colónias, seguindo as ideias federalistas de Spínola. À 19 de Julho, ultrapassado na prática o federalismo, toma o nome de Partido do Progresso (PP). Dispunha de grande capacidade financeira e esteve implicado no 28 de Setembro, tendo desaparecido depois disso.
MIRN (Movimento Independente de Reconstrução Nacional)
Lançado por Kaulza de Arriaga após a sua saída da prisão, tem tentado uma aproximação com o CDS.
MLSTP (Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe)
Vanguarda do povo são-tomense, dirigiu a luta contra o colonialismo português e assumiu o poder após a independência.
MP (Mocidade Portuguesa)
Organização fascista da juventude, criada em 1936, destinada ao enquadramento total da juventude portuguesa, mas cuja influência (cada vez menos notória) se limitava ao sector escolarizado.
MPLA (Movimento Popular de Libertação de Angola)
Movimento de Libertação angolano que iniciou a luta armada contra o colonialismo português em 1961; prosseguiu-a no meio das maiores dificuldades até ao colapso deste e derrotou a conspiração imperialista internacional para a conquista de Angola, fundando em 11 de Novembro de 1975 a República Popular de Angola.
MRPP (Movimento Reorganizativo do Partido do Proletariado)
Fundado em 18 de Setembro de 1970 a partir de uma cisão no grupo estudantil EDE — Esquerda Democrática Estudantil. Define-se como marxista-léninista-maoista, mas a sua política tem sido a de uma seita provocatória apoiando declaradamente as forças de direita. Seguindo a sua lógica, acabou por se desmascarar completamente ao apoiar Eeanes. Está em manifesta desagregação. Tem como secretário-geral Arnaldo de Matos. Em 1975 foi impedido de participar nas eleições. Em 1976, obteve os seguintes resultados: 36.237 votos— 0,7%. Publica o jornal «Luta Popular».
MDS (Movimento Social-Democrata)
Formou-se a partir de uma cisão na ala esquerda do PPD, quando do último congresso deste partido. Principais dirigentes: Sá Borges, Mota Pinto.
MSP (Movimento Socialista Popular)
Grupo autónomo liderado por Manuel Serra, no interior do PS. Extinto no I Congresso do PS, origina a cisão que deu lugar à FSP.
MES (Movimento de Esquerda Socialista)
Formalizado em 1 de Maio de 74 a partir da luta coordenada desde 1970 de militantes operários, sindicalistas, anti-colonialistas e estudantis. Esteve presente em todos os momentos decisivos do processo revolucionário, participando nas conquistas do movimento popular — nacionalizações, controlo operário, reforma agrária — e impulsionando decisivamente a criação de órgãos de poder popular. Força animadora da FUR e da ofensiva de massas a seguir à Assembleia de Tancos, é uma componente fundamental na construção da alternativa revolucionária ao reformismo e à social-democracia, pelo poder popular e pelo comunismo. Apoiou Otelo e está na vanguarda do Movimento de Unidade Popular. Percentagens obtidas nas eleições: 1975 — 1 %, — 57 695 votos; 1976 — 0,6 % — 31 065 votos. Publica o jornal «Poder Popular».
MESA (Ministério do Equipamento Social e Ambiente)
Substituído, no I governo constitucional, pelo Ministério da Habitação, Urbanismo e Construção.
MFA (Movimento das Forças Armadas)
Nascido do Movimento dos Capitães, organizou o 25 de Abril e manteve a direcção do processo até à sua desagregação na Assembleia de Tancos e no 25 de Novembro.
MSU (Movimento Socialista Unificado)
Organização formada em 1976, a partir de dissidentes do MES, da LUAR e da FSP. Apoiou a candidatura de Otelo.
MT
Ministério do Trabalho.
MUC (Movimento Unificado Cooperativo)
Organização do PS para a intervenção na Reforma Agrária.
MUP (Movimento de Unidade Popular)
Organização política formada a partir do movimento unitário de apoio à candidatura de Otelo, integrada por partidos da esquerda revolucionária e por militantes independentes ou ligados a outros partidos.
MUTI (Movimento Unitário dos Trabalhadores Intelectuais)
Organização impulsionada e influenciada pelo PCP,
OCMLP (Organização Comunista Marxista-Leninista Portuguesa)
Criada em 1973 da fusão de elementos do CMLP e o grupo Comité Operário do Porto, que publicava o jornal O Grito do Povo. Editou o jornal «O Comunista». A FEC funcionava como a sua frente eleitoral.
ORFA (Organização Revolucionária das Forças Armadas)
Organização clandestina de soldados, cuja influência parece ter sido restrita.
ORPC-ML (Organização para a Reconstrução do Partido Comunista Marxista-Leninista)
Organização Marxista-Leninista que surgiu como consequência da superação das divergências entre o CARP-ML, os CCORML e a URML, as três organizações que em 16-12-74 fundaram a frente eleitoral UDP.
PAIGC (Partido Africano de Independência da Guiné e Cabo Verde)
Inicialmente chefiado por Amílcar Cabral, declarou a independência da Guiné-Bissau em 1973 e forçou Spínola a reconhecê-la pouco depois do 25 de Abril. Dirigiu desde 1963 a luta armada contra o colonialismo português, assumindo o poder após a independência dos dois novos países.
PAP (Plano de Acção Política)
Lançado no final de Junho de 75, foi o primeiro da dança de documentos desse Verão. Tratava-se, no essencial, de uma tentativa de conciliação no seio do MFA, rapidamente ultrapassada pelos acontecimentos. Todavia o VI GP ainda se referia ao PAP no seu programa.
PCP (Partido Comunista Português)
Fundado em 6-3-1921. Em 1930 passa à clandestinidade, desempenhando importante papel em todas as movimentações antifascistas até à década de 50. Sofre intensa repressão durante os anos de 36 a 39, sendo duramente atingido na sua organização. A partir de 41, sob a direcção de Cunhal, reorganiza-se, desenvolvendo intensa actividade no sector do operariado industrial e no proletariado alentejano. Em 1964 sofre uma cisão, tendo sido formado o CMLP (Comité Marxista-Leninista Português), donde saíram muitas organizações comunistas. Força principal da resistência contra o fascismo, é notória a sua linha revisionista que se revela claramente ao longo de todo o processo posterior ao 25 de Abril. Teve acção dominante no 28 de Setembro e no 11 de Março, enquanto combatia todas as organizações à sua esquerda. Na sequência do 25 de Novembro, lança a ilusória «maioria de esquerda» com o PS e uma campanha divisionista para a PR; apresentando um candidato partidário, Octávio Pato. Dirigentes mais conhecidos: Álvaro Cunhal, Octávio Pato, Aboim Inglês, Sérgio Vilarigues, Jaime Serra, Dias Lourenço. Percentagens obtidas nas eleições: 1975 — 12,5 % — 30 deputados; 1976 — 14,6 %, — 40 deputados. Publica o jornal «Avante».
PCP(ML) (Partido Comunista de Portugal (Marxista-Leninista))
Grupo com origem numa cisão do CMLP tem tido uma actuação contra-revolucionária e lançou em Maio de 1974 a AOC. Com o pretexto de denúncia do social-fascismo, tem tomado posições nitidamente anticomunistas e provocatórias. Agente em Portugal do Partido Comunista Chinês. Dirigentes mais conhecidos: Eduíno Vilar, Carlos Guinote, Ana Faria. Foram impedidos de participar nas eleições de 1975. Resultados em 1976: PCP(ML) — 0,3 % — 15 801 votos; AOC — 0,3 %, — 15 671 votos. Publica os jornais «A Voz do Trabalhador», que já desapareceu, «Unidade Popular» e «A Padeira de Aljubarrota».
PCP(ML) (Partido Comunista Português Marxista-Leninista)
ver PUP.
PCP(R) — Partido Comunista Português (Reconstruído)
Três organizações comunistas (OCMLP, ORPCML e CMLP) fundaram em finais de 1975 o PCP(R), que se autoproclama o partido da classe operária, herdeiro da tradição leninista do PCP, antes dos seus actuais desvios direitistas. Denuncia o PCP como social-fascista e defende a Revolução Democrática e Popular. A UDP funciona como a sua frente de massas. Apoia o Movimento de Unidade Popular de Otelo. Publica o jornal «A Bandeira Vermelha».
PCSD (Partido Cristão Social-Democrático)
Ver PDC.
PDC (Partido da Democracia Cristã)
Em 5 de Maio de 1974 surge um partido fascista, o PCSD. Pouco depois, uma cisão deste último conduz à formação do PDC, tendo o PCSD desaparecido da cena política. Não teve actuação de peso até que Sanches Osório se tornou seu secretário-geral (Janeiro de 1975). Apresentou-se às eleições de 75 em coligação com o CDS, mas a implicação de Osório no 11 de Março forçou a sua saída da corrida eleitoral. Dirigentes mais conhecidos: José de Melo, Beato de Oliveira, Silva Resende. Resultados eleitorais em 1976: 0,5% — 28226 votos. Publica o jornal «Democracia Cristã».
PIDE (Polícia Internacional e de Defesa do Estado)
Nome anterior da DGS, substituído por Marcelo Caetano na altura da «liberalização», sem que nada fosse alterado dos seus métodos assassinos.
PL (Partido Liberal)
Quer o PL quer o PSDP, quer o PTDP, quer ainda outros agrupamentos fascistas, foram surgindo durante os meses que se seguiram ao 25 de Abril. A sua implicação no 28 de Setembro e/ou a falta de projecto político efectivo, ditaram o seu desaparecimento.
PME (Pequenas e Médias Empresas)
Sector fundamental da economia portuguesa (em 1964, cerca de 65%, da produção industrial líquida). Foi por aí que o grande capital financeiro começou a desencadear a crise económica, estrangulando créditos e financiamentos. Objecto de legislação especial por parte de alguns governos provisórios.
PP (Partido do Progresso)
Ver MFP.
PPD (Partido Popular Democrático)
Fundado a seguir ao 25 de Abril por deputados da chamada «Ala Liberal» da Assembleia Nacional de Caetano (Sá Carneiro, Pinto Balsemão e Magalhães Mota). Pretende-se um partido social-democrata; é claramente de direita, anticomunista, ligado ao imperialismo. É o segundo partido em número de votos de 1975 e 1976, tendo ganho as eleições regionais dos Açores e da Madeira. Foi o primeiro partido a apoiar Eanes. Dirigentes mais conhecidos: Sá Carneiro, Magalhães Mota, Rui Machete, Rebelo de Sousa. Percentagens obtidas nas eleições: 1975 — 26,4 7, — 81 deputados; 1976 — 24 % — 73 deputados. Publica o jornal «Povo Livre». Em Setembro de 1976 toma a designação de Partido Social-Democrata.
PPM (Partido Popular Monárquico)
Agrupamento monárquico, oriundo da oposição monárquica a Salazar, participando em 1969 nas eleições, contra a ANP (CEM — Centro Eleitoral Monárquico). É contestado por outras correntes monárquicas de extrema-direita e tem uma linha política ambígua, aliando-se frequentemente ao CDS, ao PPD ou ao PS. Na fase mais acesa do processo revolucionário defendeu o «Comunalismo». Não apoiou Eanes. Dirigente mais conhecido: Ribeiro Teles. Percentagens obtidas nas eleições: 1975 — 0,6 %, — 31.809 votos; 1976 — 0,5 9%, — 28.163 votos.
PR
Presidente da República.
1.º DE MAIO
Organização Comunista marxista-leninista que publica no Porto um jornal com à mesma designação. Não aderiu à UDP e mantém-se independente do PCP(R).
PRP (Partido Revolucionário do Proletariado)
Organização formada em 1973, de uma cisão na FPLN, definindo-se como da Esquerda Revolucionária, dando fundamental importância à luta armada. Antes do 25 de Abril foi especialmente conhecido pela actividade das BR. Fez parte da FUR e apoiou, antes disso, os CRTSM. Não participou nas eleições, que classificava de burguesas. Apoiou a candidatura de Otelo e é uma das principais organizações no movimento de unidade popular. Principais dirigentes: Carlos Antunes, Isabel do Carmo, Pedro Goulart. Publicava o jornal «Revolução».
PRT (Partido Revolucionário dos Trabalhadores)
Formado em Fevereiro de 1975, de tendência trotskista (minoria da IV Internacional). Apresentou um candidato à presidência juntamente com a LCI, mas acabou por apoiar Pato. Reduzida influência. Dirigentes mais conhecidos: João Cardoso, António Sá Leal. Percentagem obtida nas eleições de 1976: 0,1%, — 5 182 votos.
PS (Partido Socialista)
Fundado em Abril de 1973, fora do país, a partir da ASP, organização criada em 64 e integrada na Internacional Socialista. Linha política heterogénea, de predominância social-democrata. Fortes ligações à social-democracia alemã, britânica e nórdica. Agrupa camadas sociais muito diversas, que vão desde o operariado (sobretudo no Norte) até quadros e empresários. Serviu de principal força da burguesia na ofensiva contra-revolucionária no Verão de 75. Vencedor das eleições em 75 e em 76, apresenta-se como o partido de maior clientela eleitoral; apoiou Eanes. Dirigentes mais conhecidos: Mário Soares, Manuel Alegre, Sottomayor Cardia, Lopes Cardoso, Salgado Zenha, António Macedo. Percentagens obtidas nas eleições: 1975 — 37,9%, — 116 deputados; 1976 — 35% — 107 deputados. Publica o jornal «Portugal Socialista».
PSDP (Partido Social-Democrata Português)
Ver PL.
PSP (Polícia de Segurança Pública)
Polícia urbana. Possui uma especializada brigada de choque.
PTDP (Partido Trabalhista Democrático Português)
Ver PL.
PUP (Partido de Unidade Popular)
Organização criada pelo PCP(ML) que editava o jornal «A Verdade» e que se autodissolveu numa perspectiva de unidade com outras organizações ML. Antes de se integrar no PCP(R), concorreu às eleições em 1975, tendo obtido 0,2% (12996 votos).
QG
Quartel General.
5.ª Divisão (do Estado-Maior General das Forças Armadas)
Departamento de propaganda, informação e dinamização política e cultural. Desempenhou um importante papel até à sua ocupação pelo RCA, a 27 de Agosto de 75, no seguimento da campanha promovida pelo «Grupo dos Nove» com o apoio de toda a direita. Durante os últimos meses apoiou declaradamente as posições de Vasco Gonçalves.
RAC (Regimento de Artilharia de Costa (Oeiras))
Deu apoio às organizações populares da zona.
RALIS (ex-RAL 1) (Regimento de Artilharia Ligeira de Lisboa)
Unidade progressista fundamental, que no 11 de Março foi a base da resistência ao golpe de Spínola. Atacada no 25 de Novembro pelo RCA.
RASP (Regimento de Artilharia da Serra do Pilar)
Ver CICAP.
RCA (Regimento de Comandos da Amadora)
Comandado por Jaime Neves, foi a ponta de lança de todas as acções de direita desencadeadas desde o 11 de Março, culminando no 25 de Novembro com o ataque e desmantelamento de todas as unidades progressistas da Região de Lisboa.
RCE (Regimento de Cavalaria de Estremoz)
Deslocado durante o 25 de Novembro para Setúbal em apoio do golpe desencadeado.
RCP (Rádio Clube Português)
A «Emissora da Liberdade» na qual se instalou em 25 de Abril o posto de comando do MFA e que desempenhou importante papel até ao 25 de Novembro. Foi integrada depois disso na RDP.
RDM (Regulamento de Disciplina Militar)
Baseado numa forte hierarquização e repressão, foi uma das bases para, a seguir ao 25 de Novembro, se «reestruturarem» as Forças Armadas.
RDP (Rádio-Difusão Portuguesa)
Empresa pública que engloba todos os emissores existentes, com excepção da RR, que pertence ao Episcopado Católico.
RE 1 (Regimento de Engenharia 1 (Pontinha, Lisboa))
Quartel General de Otelo no 25 de Abril, deu grande apoio às organizações populares da zona, promovendo a primeira Assembleia Popular em Portugal.
RIA (Regimento de Infantaria de Abrantes)
RIF (Regimento de Infantaria de Faro)
RIQ (Regimento de Infantaria de Queluz
Ex-RIOQ: Reg. Infantaria Operacional de Queluz.
RIS (Regimento de Infantaria de Setúbal)
RIVR-DC (Regimento de Infantaria de Vila Real)
Destacamento de Chaves — Unidade progressista do Norte.
RMC (Região Militar Centro)
RML (Região Militar de Lisboa)
RMN (Região Militar Norte)
RMS (Região Militar Sul)
RR (Rádio Renascença)
Na sequência das lutas reivindicativas dos seus trabalhadores face à administração reaccionária (Episcopado Católico), foi por eles ocupada e colocou-se ao serviço da revolução. A única forma de ser calada foi à bomba, mandada colocar pelo CR, ao AMI, em 7 de Novembro de 75. Posteriormente foi entregue à administração. A RR foi o pretexto para a tomada de posição pública do Episcopado contra a revolução, auto-organizando manifestações anunciadas e recomendadas dos púlpitos e dos altares em seu próprio apoio, pedindo a «restituição» (sic) do seu emissor. Voltou ao que era, depois de ter sido entregue ao Episcopado após o 25 de Novembro.
RTP (Rádio Televisão Portuguesa)
RTP (Regimento de Transmissões do Porto)
SAAL (Serviço Ambulatório de Apoio Local)
Dependente do MESA, para apoio às chamadas «zonas degradadas».
SCTCIL (Secretariado das Comissões de Trabalhadores da Cintura Industrial de Lisboa.)
Influenciado pelo PCP, teve importante acção nas manobras deste partido para pressionar o VI GP e o CR.
SDCI (Serviço de Detecção e Coordenação de Informações)
Organismo especializado do MFA, foi extinto com o 25 de Novembro.
SIPC (Serviço de Intercambio Politico e Cultural)
Os autores deste documento.
SEDES (Associação para o Desenvolvimento Económico e Social)
Organização de tecnocratas já existente antes do 25 de Abril, de ideologia capitalista avançada, funcionando como grupo de pressão.
SUV (Soldados Unidos Vencerão)
Organização unitária, surgida no Norte em consequência da contestação reaccionária a Corvacho, rapidamente se espalha por todo o país. Teve o seu ponto alto em Lisboa a 25 de Setembro, libertando depois dois camaradas presos na Trafaria por pertencerem aos SUV. Sofre forte repressão depois do 25 de Novembro, tendo sido expulsos das FFAA muitos dos seus elementos.
TAP (Transportes Aéreos Portugueses)
Companhia aérea, nacionalizada após o 25 de Abril. Foi teatro de lutas operárias exemplares, antes e depois desta data.
TLP (Telefones de Lisboa e Porto)
Empresa pública sucessora da APT — Anglo-Portuguese Telephone Co.
TUV (Trabalhadores Unidos Vencerão)
Organização unitária e revolucionária formada antes do 25 de Novembro na cintura industrial de Lisboa.
UCRP (União Comunista para a Reconstrução do Partido)
Sector da OCMLP que não aceitou a integração no PCP(R).
UDP (União Democrática Popular)
Em 16-12-74 foi fundada a UDP, frente eleitoral que se apresentou às eleições de 75, apoiada por três organizações comunistas (ver ORPC-ML). No fim de 75, fundado o PCP(R), a UDP começou a funcionar como frente de massas deste partido, tendo-se novamente apresentado às eleições de 76. A sua linha é a luta pela Democracia Popular, tendo apoiado a candidatura de Otelo e constituindo uma das forças mais importantes do Movimento de Unidade Popular. Dirigentes mais conhecidos: Acácio Barreiros, Raul Caixinhas, Filipe Faria. Resultados obtidos nas eleições: 1975 — 0,8%, (44 546 votos) — 1 deputado; 1976 — 1,7%, (91383 votos) — 1 deputado. Publica o jornal «A Voz do Povo».
UDT (União Democrática de Timor)
Organização de direita que deu um golpe militar apoiado por militares portugueses, logo combatido pela Fretilin. Aliou-se à Apodeti no apoio à ocupação indonésia.
UEC (União dos Estudantes Comunistas)
Organização estudantil do PCP.
UEDP (União dos Estudantes pela Democracia Popular)
Organização estudantil da UDP.
UJC (União da Juventude Comunista)
Organização juvenil do PCP.
UNEP (União Nacional dos Estudantes Portugueses)
Organização federativa que procura congregar todas as Associações de Estudantes.
UNITA (União Nacional para a Independência Total de Angola)
Movimento de Libertação fantoche de Angola chefiado por Savimbi e apoiado pelos colonos, baseado em divisões tribais. Foi encorajado pelo Governo de Caetano e derrotado pelo MPLA, apesar do apoio que lhe foi dado pela FNLA e ELP, além da África do Sul. As suas ligações com o exército colonial foram comprovadas publicamente.
UPM (União do Povo da Madeira)
Organização democrática de unidade antifascista.
URAP (União dos Resistentes Antifascistas Portugueses)
Organização influenciada pelo PCP, se bem que agrupe elementos independentes.
URML (União Revolucionária Marxista-Leninista
Ver ORPC-ML — Organização fundada em 1970 na clandestinidade, e que confluiu no PCP(R).
USP (União dos Sindicatos do Porto)

Inclusão: 25/04/2023