Resolução Política

Unidade Popular


7. Internacional


7.1. A corrida armamentista do imperialismo representa fundada ameaça à Paz Mundial

A disputa pelo controle dos mercados, a corrida sem limites dos impérios capitalistas em busca de vantagens financeiras, recursos estratégicos e minerais, do controle da acumulação e da circulação dos capitais, expandido em escala global pela natureza monopolista do imperialismo produz, crescentemente, mais tensões e crises e leva as grandes potências à desenfreada corrida armamentista. Nos dias correntes, essa corrida representa orçamentos bilionários em tecnologias e indústrias bélicas altamente sofisticadas para produção das chamadas armas hipersônicas nucleares.

Especialistas sustentam com base em dados públicos que os EUA possuem metade de todo arsenal de armamentos do mundo e o Brasil possui cerca de metade dos pressupostos armamentistas de toda a América Latina. Em matéria de orçamento militar os EUA vêm num crescente de gastos ao tempo em que, pela “crise”, faz cortes em áreas sociais. O 1° lugar no ranking mundial detona U$ 611,2 bilhões de dólares; 2° lugar, China, US$ 215,7 bilhões; 3° lugar, Rússia, U$ 69,2 bilhões; 4° lugar, Arábia Saudita, US$ 63,7 bilhões; 5° lugar, Índia, US$ 55,9 bilhões; 6° lugar, França, US$ 55,7 bilhões; 7° lugar, Reino Unido, US$ 48,3 bilhões; 8° lugar, Japão, US$ 46,1 bilhões; 9° lugar, Itália, US$ 27,9 bilhões; 10° lugar, Austrália, US$ 24,3 bilhões; e o 11° lugar, o Brasil, US$ 22,8 bilhões (dados de 2017 do Stockholm International Peace Research Institute).

Essa montanha de bilhões de dólares se somada e empregada devidamente a fins humanitários erradicaria a fome e elevaria as condições materiais e culturais de todos os habitantes dos cinco continentes da Terra. Contudo, é investimento bélico imperialista para fins hegemônicos, monopolistas e destrutivos para sofisticadíssimos armamentos nucleares capazes de superar em até seis vezes a velocidade do som.

Nessa direção a China já testou a aeronave hipersônica não tripulada “Xingkong 2” — seis vezes mais veloz que o som. A Força Aérea da Rússia equipa os caça a jato MIGs-13 e 25 de alta performance para destruir múltiplos alvos em altas altitudes (entre 50 e 28 mil metros) com precisão com mísseis hipersônicos “Kinjal” que atingem a velocidade de 24.140 km/h.

Que dizer do maior império e força militar, os Estados Unidos? Sabe-se que os orçamentos que precisam de aprovação do congresso não param de crescer, mas certamente desenvolvem pesquisas em todas as direções mortíferas como os HGV — assim chamados veículos não tripulados que retornam com trajetória não definida em direção a alvos — e HCM — os mísseis hipersônicos de cruzeiro com sistema de propulsão. Nesse sentido, a ficcional “Star Wars” dos cinemas é um fantasma que parece ganhar vida real na atual corrida armamentista das potências imperialistas.

7.2. Atualidade e vitalidade do socialismo para livrar o mundo das guerras imperialistas

Nas primeiras décadas do terceiro milênio a realidade global dos povos demonstra a necessidade de ultrapassar o sistema produtivo capitalista, responsável pelas contínuas crises, guerras sanguinárias, fome, miséria e degradação ecológica dos recursos naturais do planeta. Com mais de um bilhão de pessoas em condição de miséria e pobreza a presente corrida armamentista promovida pelas potências — Estados Unidos, União Euro- peia, Rússia e China — colocam em risco a paz mundial e expõem claramente o fracasso da anárquica produção capitalista e da ditadura da economia de mercado, da busca do lucro financeiro a qualquer custo, enfim, das políticas monopolistas e expansionistas do imperialismo e ressaltam a imperiosa necessidade histórica da revolução socialista.

Para se ter uma ideia, segundo pesquisas como “Retratos sobre a realidade Brasileira ” realizada pela CNI e em parceria com o Ibope, em 2014, as prioridades para os brasileiros eram a melhoria dos serviços de saúde (49%), combate à violência (31%) e melhoria na qualidade da educação (28%). No conjunto das experiências socialistas estas foram as prioridades. Uma das experiências mais emblemáticas é a cubana em que estas três áreas sociais são prioridade absoluta no país, alcançando índices de tamanho desenvolvimento que são reconhecidos até por instituições burguesas como Unicef e ONU.

7.3. A luta contra o capitalismo e contra o imperialismo são duas faces da mesma moeda

A lei geral da acumulação e concentração do capital leva ao surgimento dos monopólios. Para dar vazão à produção e conquistar novos mercados consumidores, bem como para se apoderar de matérias primas a um custo menor possível e, assim, conter a tendência à queda na taxa de lucros, os monopólios procuram estender sua exploração a outros países realizando uma verdadeira partilha do mundo.

A fusão do capital industrial com o capital bancário, resultando no surgimento do capital financeiro, permite à exploração capitalista ultrapassar os limites das fronteiras dos países por meio da exportação de capitais. Os diferentes grupos monopolistas esgotam a partilha do globo terrestre, o que conduz necessariamente a conflitos interimperialistas por uma nova repartição do mundo, inclusive fazendo uso das guerras imperialistas de rapina para alcançarem esse objetivo.

Ao verificar que o desenvolvimento do capitalismo produziu as características acima elencadas, Vladimir Lênin, em sua obra Imperialismo, fase superior do capitalismo, concluiu que o capitalismo tornou-se um modo de produção internacional.

De fato, o avanço do capital estrangeiro, o grau de integração com o capital financeiro transnacional e a presença das características do capitalismo em sua fase imperialista atuando na economia do país levam à inevitável conclusão de que a contradição com o imperialismo e a contradição com o capital são duas faces da mesma moeda.

A lei da acumulação e de concentração do capital produz conflitos entre os interesses de diferentes capitalistas ou grupos de capitalistas. Grupos com uma concentração maior de capital destroem os empreendimentos cujo volume de capital é menor. Entretanto, a natureza dos interesses desses diferentes grupos em conflito é idêntica e seus interesses estratégicos são os mesmos. O caminho a ser trilhado pelos diferentes grupos de capitalistas independente do volume de capital que controlam é o mesmo: a exploração do trabalho alheio.

Assim, apesar da aparente contradição entre os interesses de diferentes grupos de capitalistas, a exemplo do conflito que pode ocorrer entre os interesses de uma burguesia nacional e o capital transnacional imperialista, não há solução que interesse à classe trabalhadora em nível estratégico. Dito de outro modo, não há mais elementos das classes dominantes, dos ricos, que tenham projeto de desenvolvimento nacional que seja benéfico para o povo, a classe trabalhadora e os mais pobres. Nas últimas décadas toda a ação política da esquerda que desconsiderou esta realidade acabou por ser cooptada e/ou destruída por estas classes dominantes que carregam um ódio secular racista e elitista contra a classe trabalhadora.

Por outro lado, a acumulação e a concentração do capital, para além de produzir conflitos intercapitalistas, esmaga a classe trabalhadora com o peso do desemprego e dos baixos salários. O avanço do imperialismo rouba as riquezas dos países que poderiam atender às necessidades dos seus verdadeiros donos visando a aumentar o lucro por meio da redução das despesas com matérias primas.

Em suma, somente a classe trabalhadora pode levar a cabo uma luta consequente contra o imperialismo. E mais: lutando em favor dos seus interesses, a classe trabalhadora é levada à luta contra o imperialismo.

No entanto, os países do capitalismo central são os representantes dos maiores monopólios mundiais e utilizam todo seu poderio econômico, diplomático, cultural e militar para manter a dominação mundial a serviço desses monopólios. Quando seus interesses estão em jogo, passam por cima dos estados nacionais independentes desrespeitando a autodeterminação dos povos e a soberania nacional, como ocorrido no Iraque, na Síria e no Afeganistão. Promovem guerras de rapina para saquear recursos naturais e reforçar o domínio geopolítico mundial.

Cuba revolucionária e seu bravo povo pagam alto preço para ser uma nação independente e livre do Império do Norte. Sofrendo dezenas de atentados e invasões patrocinados por terroristas da CIA e do Departamento de Estado Americano, está submetida a um criminoso bloqueio comercial e econômico por mais de meio século. O povo venezuelano sofre ataques permanentes com sabotagens, guerra econômica, cerco diplomático e ameaça real de uma guerra imperialista.

Devemos, portanto, defender como nossa política internacionalista proletária o direito à autodeterminação dos povos e a soberania nacional e lutar contra a opressão imperialista aos países dependentes. Devemos lutar contra os EUA, maior potência militar do planeta, que é também a maior ameaça à paz mundial e, em face dos interesses geopolíticos, o principal inimigo das nações e povos do continente americano que lutam pela libertação e soberania contra a dominação e o jugo imperialista.

Sobre concentração de riqueza, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento — PNUD registra que 2,2 bilhões de habitantes da Terra — o que equivale a um terço da população mundial — encontra-se na linha da pobreza. Em 91 países, 1,5 bilhão de pessoas vivem em pobreza multidimensional extrema, sem atendimento às necessidades básicas de alimentação, saúde e escolaridade. E são desalentadoras as projeções futuras: mais de 1 bilhão de pessoas estão a caminho da pobreza.

No outro lado, o equivalente à riqueza de mais da metade da população pobre mundial está concentrada nas mãos de apenas oito sujeitos bilionários: Bill Gates, Amancio Ortega, Warren Buffet, Carlos Slim, Jeff Bezos, Mark Zuckerberg, Larry Ellison e Michael Bloomberg. Enquanto o lado da miséria aumenta, a gangorra dos bilionários sobe 20%: em 2017 somava 2.043 bilionários sendo 277 mulheres (Forbes).

No Brasil, a perversa concentração de riqueza apresenta índices ainda mais revoltantes. Há bilionários, sendo que apenas cinco sujeitos — Jorge Paulo Lemann, Joseph Safra, Marcel Herrmann Telles, Carlos Alberto Sicupira e Eduardo Saverin — concentram uma riqueza equivalente a de 100 milhões de brasileiros. Dados da pesquisa da Oxfam apontam que os 5% mais ricos ficam com a mesma fatia dos outros 95%. Em projeção, as mulheres terão igualdade econômica com os homens em 2047 e os negros com os brancos somente em 2089.


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Inclusão: 31/01/2020