Resumo da História do Partido do Trabalho da Albânia


Capítulo IV - Propagam-se as Organizações Comunistas. O Grupo Comunista Shkodre


capa

Os acontecimentos revolucionários dos anos 1935 e 1936 significaram um importante êxito do movimento comunista. Ao mesmo tempo reflectiram uma série de fraquezas na organização do movimento operário e anti-zoguista. A tarefa imediata que se impunha nestas circunstâncias era a ampliação do movimento comunista em todo o país, o estabelecimento de sólidos contactos entre as diferentes organizações e a coordenação da sua actividade.

Com este fim, o Grupo Comunista de Korcha criou em Dezembro de 1936 um novo comité directivo, encarregado de desenvolver a actividade em todas as regiões do país. Este comité pretendia converter-se no centro da direcção do movimento comunista da Albânia, o que não conseguiu. Criaram-se somente novas organizações do grupo de Korcha em Berat e Tirana, onde também se organizou a associação dos operários tipógrafos, A actividade desenvolvida pelo comité de Korcha em diversas regiões do país tinha um carácter superficial e descontínuo. O recrutamento de novos membros não se fazia na base de um bom conhecimento. Esta era a causa de se terem infiltrado nas fileiras da organização elementos antimarxistas que prejudicaram o movimento comunista.

Nessa época surgia em Shkodra um novo e importante foco do movimento comunista. A primeira organização comunista, fundada já em 1934, nessa cidade havia estendido a sua actividade. Criaram-se novas células e grupos de simpatizantes. O Grupo Comunista de Shkodra estendeu-se a Tirana. Elbansan, Gjirokastra, Korcha, etc. Para dirigir as organizações em 1937 formaram-se comités regionais em Shkodra e Tirana. O dirigente do grupo era Zef Mala, intelectual com pontos de vista pouco claros e com uma tremenda confusão política.

A actividade do Grupo entre as massas limitou-se aos círculos estudantis e artesãos e a alguns centros de trabalho. Conseguiram importantes êxitos criando a organização da juventude de Shkodra e Tirana e a organização da «associação operária dos carpinteiros» em Tirana.

O grupo de Shkodra não tinha uma linha política clara e determinada, uma forma precisa de organização, nem uma disciplina e uma clandestinidade sólida nas suas fileiras. As células constituídas geralmente por três membros, ocupavam-se fundamentalmente da sua própria preparação teórica. A literatura que se utilizava para este fim, e que incluia uma série de obras dos clássicos do marxismo-leninismo, serviu para difundir as ideias comunistas. Mas, assim como nos outros grupos, nas organizações do grupo de Shkodra também circulava literatura trotskista e anarquista.

No seu caminho de desenvolvimento, o movimento comunista albanês deparou com sérios obstáculos causados pelos trotskistas. Nos princípios de 1937 havia regressado à Albânia vindo de Atenas, Andrea Zisi (...) que pretendia ser o dirigente do chamado «Partido Comunista Albanês formado na Grécia e reconhecido, segundo ele, pelo Komintern. Na realidade, era o dirigente de um grupo trotskista criado em Atenas em 1936 conhecido pelo nome de Grupo «Zjani (Fogo). Andrea Zisi tinha como objectivo absorver todos os grupos comunista albaneses no seu «partido» de Zjani mas manifestou estar disposto a colaborar com ele com a condição de aceitar a plataforma do grupo. Entretanto A. Zisi estabeleceu contactos com o fraccionista Niko Xoxi concordando ambos numa linguagem comum. Os dois coordenaram a luta contra o Grupo Comunista de Korcha.

Por outro lado, Aristidh Qendro tinha começado em Tirana um trabalho de sapa contra o movimento comunista. Este sujeito, cuja militância no grupo de Korcha era só formal havia podido actuar sem se desmascarar por ausência de controlo por parte dos dirigentes do grupo. Em nome do grupo, tinha reunido em Tirana vários militantes os quais influenciava com os seus pontos de vista anti-marxistas. Em 1937 degeneraram totalmente num grupo trotskista.

Paralelamente, o Grupo Comunista de Shkodra realizou as primeiras tentativas de se vincular com o Grupo de Korcha. Na carta que enviou aos comunistas de Korcha em 1937 pedia que lhe desse, como grupo com mais experiência, ajuda no terreno da organização. Niko Xoxi sabotou a boa vontade que demonstrou o grupo de Korcha para ajudar o grupo de Shkodra. Apresentando-se como representante do grupo comunista de Korcha anunciou ao grupo de Shkodra a criação do «P. C. A.» na Grécia e a próxima chegada do seu C. Central à Albânia. Niko Xoxi acusou os dirigentes do grupo de Korcha e Ali Kelmendi de nacionalistas e cisionistas do movimento comunista. Os seus pontos de vista encontraram um terreno favorável entre os dirigentes do grupo de Shkodra, entre os quais prevalecia a confusão ideológica. De facto Zef Mala e Niko Xoxi converteram-se nos dirigentes principais do grupo. Assim se sabotou a aproximação e a colaboração entre os dois principais grupos comunistas.


Inclusão 22/05/2014