Imperialismo

Marx, Engels, Lênin, Stálin, etc.
compilação Calvino Filho


DIVISÃO E REDIVISÃO DO MUNDO
Desenvolvimento desigual


capa

No mundo do capitalismo não houve nem pode jamais haver nada uniforme nem harmônico, nem proporcional. Cada país tem ido desenvolvendo, com particular relevo, um ou outro aspecto ou traço, ou todo um grupo de traços inerentes ao capitalismo e ao movimento operário. O processo de desenvolvimento teve forma desigual.
Lênin — Obras Escogidas — T II — Pág. 591 — ELE — La Tercera Internacional e su lugar en la história.

A substituição da livre concorrência pela etapa monopolista se processou da seguinte forma: o desenvolvimento mais ou menos regular dos países capitalistas, considerados isoladamente, em que alguns deles se adiantavam e ultrapassavam outros, se transformou em desenvolvimento brusco, de caráter catastrófico, cheio de conflitos, de guerras, de choques armados e de cataclismos de âmbito mundial. Todas estas circunstâncias não podiam deixar de enfraquecer o capitalismo, o que fez surgir a possibilidade de rutura da cadeia imperialista no seu elo mais fraco.

As transformações essenciais que se operavam na vida econômica e política dos capitalistas, em relação com a passagem à etapa monopolista do capitalismo, modificaram as condições da luta de classe do proletariado pela sua libertação da escravidão capitalista. O jugo monstruoso dos monopólios e, em consequência, a tendência de uma reação feroz predominar sobre a arena política e social, a preparação de conflitos armados de âmbito mundial entre os principais Estados imperialistas, o crescimento das premissas para um assalto imediato contra as posições do capitalismo por parte da classe operária, exigiram desta última uma modificação fundamental de seus antigos métodos de luta, a sua substituição por novos métodos, mais decisivos, mais ativos e eficazes.
A Leontiev — Teoria Leninista do Imperialismo Desenvolvida pelo Camarada Stálin — in “Problemas” — Pág, 75 - N.° 22 — 6-1-1950 — Brasil.

A desigualdade do desenvolvimento econômico e político é uma lei absoluta do capitalismo. Do que se deduz que é possível que o socialismo comece triunfando somente nalguns países capitalistas, ou mesmo em um só país isoladamente. O proletariado triunfante desse país, depois de expropriar os capitalistas e de organizar a produção socialista dentro de suas fronteiras, se defrontará contra o resto do mundo, contra o mundo capitalista, atraindo para seu lado as classes oprimidas dos demais países.
Lênin — T. XVIII — Págs. 232-233 — “La Consigna de los Estados Unidos de Europa” — in Stálin— Cuestiones del Leninismo — Pág. 108 — ELE, 1941 — La Revolución de Octubre y la tatica de los comunistas — Cap. II.

Denunciando as manobras fraudulentas dos inimigos do leninismo que tentam “refutar” a lei da desigualdade do desenvolvimento, referindo-se ao nivelamento crescente da posição econômica dos países considerados isoladamente, o camarada Stálin demonstrou que tal nivelamento é com efeito uma das condições do reforçamento da desigualdade sob o imperialismo, que é...

"o pano de fundo e a base sobre os quais justamente é possível o reforço da ação da desigualdade do desenvolvimento sob o imperialismo.” (Stálin)
A Leontiev — Teoria Leninista do Imperialismo, desenvolvida pelo Camarada Stálin — in “Problemas” — Pág. 84 — N.° 27 — 6-1-1050 — Brasil.

Na época do imperialismo, a diferença no grau de desenvolvimento dos diversos países capitalistas é muito menor que antes, isto é, a nivelação é maior que antes do imperialismo. Mas disto não resulta uma atenuação da desigualdade do desenvolvimento nos diversos países, e sim, pelo contrário, a sua intensificação.

O fato de os países atrasados acelerarem seu desenvolvimento e se colocarem no nível dos mais adiantados faz com que se acentue a luta entre os países para se porem na frente e com que apareça a possibilidade para certos países de superar os outros e de desalojá-los dos mercados, criando assim condições favoráveis aos conflitos armados, ao enfraquecimento da frente mundial do capitalismo, à rutura dessa frente pelos proletários dos diversos países capitalistas...

Assim é que o nivelamento é uma das condições do reforço da desigualdade do desenvolvimento no período imperialista. (Stálin)

Antes da época do imperialismo, a desigualdade do desenvolvimento se expressava no fato de que certos países capitalistas se adiantavam aos outros por um desenvolvimento lento e prolongado Mas no período do imperialismo, tendo as forças produtivas alcançado um nível extremamente elevado, produziu-se um nivelamento dos países capitalistas avançados; a corrida entre os diferentes países para uma nova partilha do mundo é a condição de existência de cada país imperialista. Nestas condições, o desenvolvimento se produz por saltos: alguns países superam rapidamente outros, o que provoca inevitavelmente guerras imperialistas e o enfraquecimento recíproco dos países desta classe. Daí a possibilidade da rutura da cadeia imperialista por um dos seus elos e da vitória do socialismo num só país.

Nisto consiste o caráter específico da lei do desenvolvimento desigual do capitalismo em geral. No período do imperialismo

... a desigualdade do desenvolvimento capitalista chegou a ser um fator decisivo do capitalismo. (Stálin)

Esta lei do desenvolvimento desigual no período do imperialismo, descoberta por Lênin e desenvolvida por Stálin, é decisiva para os destinos do capitalismo.
Luis Segal — Princípios de Economia Política — Cap. XI (9) — Págs. 365-366 — EPU — 2.11 edição, 1947.

Um dos serviços prestados por Lênin foi que da análise do imperialismo como etapa monopolizadora do capitalismo, deduziu a lei da intensificação do desenvolvimento desigual do capitalismo na época do imperialismo Baseando-se na desigualdade do desenvolvimento do capitalismo, Lênin descobriu outra verdade que enriqueceu a ciência marxista, isto, a impossibilidade de uma vitória simultânea do socialismo em todos os países e a possibilidade de tal vitória em vários países ou em um só, separadamente. Como resultado desta tese de Lênin verificou-se, em primeiro lugar, que a classe operária, na vanguarda de todas as massas exploradas, pôde romper a cadeia imperialista em um dos seus elos — o mais fraco — e que esse elo pode bem ser representado por um país que, embora atrasado no seu desenvolvimento econômico, está sujeito aos mais devastadores efeitos dos transtornos internos e externos do sistema capitalista; em segundo lugar, que não obstante o atraso técnico e econômico da Rússia, era possível edificar nela o socialismo com o esforço dos próprios operários e camponeses soviéticos, mas com a condição de que a intervenção estrangeira não impedisse a realização dessa tarefa histórica de importância mundial.

O camarada Stálin defendeu essa tese de Lênin contra os agentes inimigos que trataram de intimidar os bolcheviques pelo atraso técnico e econômico da Rússia, pelas dificuldades para edificar o socialismo na Rússia e que prediziam o inevitável rompimento da aliança entre a classe operária e os camponeses e asseguravam que o jovem Estado Soviético não se poderia manter ante as forças do mundo capitalista ao seu redor. Stálin mostrou que o bando Trotski-Bukharin-Zinoviev estava trabalhando, com efeito, pela restauração do capitalismo e lutando para entregar o país soviético aos ladrões imperialistas estrangeiros para que o saqueassem. Aproveitando a experiência da edificação do socialismo na União Soviética, o camarada Stálin provou a verdade da tese de Lênin e, como chefe do Partido e do povo soviético, transformou-a em realidade, e fez dela a pedra angular da estratégia do proletariado mundial, da estratégia da revolução proletária. Ele elevou a uma enorme altura essa tese de Lênin, dela fazendo o ponto de partida de toda a política do Estado Socialista, a base para a vitória do Socialismo na histórica luta entre os dois mundos. Desenvolveu ainda mais essa tese de Lênin e chegou à conclusão de que é possível construir o comunismo na União Soviética, mesmo que exista ao seu redor um mundo capitalista. Mostrou que essa tese de Lênin é um motor que impulsiona o movimento de libertação da classe operária de todos os países, que é um meio poderoso de fortalecer o internacionalismo proletário; porque a revolução no país vitorioso não é uma conquista restrita, mas um apoio que serve para acelerar a vitória do proletariado em outros países. O camarada Stálin mostrou que a posição daqueles que negam a possibilidade da vitória do socialismo num país, é de traição ao internacionalismo proletário, porque:

"... entrava, e não liberta a iniciativa particularmente dos países que, em virtude de certas condições históricas, se acham com a possibilidade de abrir uma brecha na frente do capital; porque não estimula os diferentes países a empreender, por sua conta, uma ofensiva ativa contra o capital, mas, ao contrário, os condena a se manter passivamente na espectativa, à espera do momento de crise mundial; porque incentiva entre os proletários dos diferentes países, não o espírito de decisão revolucionária, mas a atitude hamletiana de dúvida diante da interrogação: “Que sucederia se os outros não nos apoiassem?” (Stálin)
D. Manuilski — O Camarada Stálin, Grande Teórico do Comunismo — in “Problemas” — Págs. 90-92 — N.° 23 — 12-1-1949 — Brasil.

Marx e Engels viveram e lutaram no período do capitalismo pré-monopolista, quando, a desigualdade do desenvolvimento era incomparavelmente mais fraca e tinha outro caráter diferente do da época do imperialismo. Por isso achavam que a revolução proletária não poderia vencer se não se declarasse simultaneamente em todos os países capitalistas mais desenvolvidos. Este ponto de vista de Marx e de Engels é absolutamente justo para o capitalismo pré-monopolista. Mas na época do imperialismo, as condições da vitória da revolução proletária mudaram radicalmente: a revolução proletária pode começar e o socialismo pode triunfar primeiro num só país, que não tem obrigatoriamente que ser o país capitalista mais desenvolvido.
Luis Segal — Princípios de Economia Política — Cap. XI — (9) — Págs. 360-81 — EPU — 2.ª ed., 1947.

Em regra geral, o capitalismo não pode desenvolver-se de maneira uniforme, precisamente porque com sua contradição entre a produção social e a apropriação capitalista, a anarquia, as crises, etc., que provêm desta contradição fundamental, determina essa desigualdade, que não pode diminuir, mas, pelo contrário, aumentar, porquanto o desenvolvimento do capitalismo é o desenvolvimento de sua contradição fundamental. A atenuação da desigualdade do desenvolvimento significaria o debilitamento da contradição fundamental do capitalismo. Este único fato basta para se compreender que se o imperialismo é a etapa suprema do capitalismo e a contradição capitalista fundamental alcança nessa época seu maior grau, a desigualdade do desenvolvimento não só não se atenua como, ao contrário, se intensifica até o extremo, à época imperialista. Mas isto não é tudo. Como o imperialismo não é simplesmente uma agravação da contradição fundamental do capitalismo, e sim uma etapa particular do mesmo, profundamente distinta do seu desenvolvimento anterior, não se produz simplesmente uma intensificação da desigualdade do desenvolvimento, e sim uma mudança do caráter mesmo desta desigualdade.
Luis Segal — Princípios de Economia Política — Cap. XI (9) — Pág. 364 — EPU — 2.a ed., 1947.

Na época da livre concorrência, o capitalismo era inegavelmente um fator de progresso. As forças produtivas cresciam.

Era igual e regular o seu crescimento? Absolutamente não. O desenvolvimento de toda sociedade capitalista está precisamente caracterizado por se processar por quedas e saltos. Na época da livre concorrência, estes saltos, esta desproporção, traduziam-se principalmente pela desigualdade de desenvolvimento dos diversos ramos da economia. A indústria mais lucrativa via, num dada momento, afluir os capitais, adquirindo, então, enorme importância em detrimento de outras indústrias abandonadas; mas, depois de algum tempo, os capitais a abandonavam, por sua vez, e dirigiam-se não menos febrilmente para uma outra indústria.

A desigualdade de desenvolvimento inerente ao capitalismo em todas as suas fases agrava-se na época do imperialismo e toma novas formas.

A desigualdade do desenvolvimento de países inteiros adquire, agora, em vez do desenvolvimento dos ramos de indústria, uma importância decisiva.

Não tendo entrado todos os países ao mesmo tempo na via do capitalismo e não sendo iguais as proporções do seu desenvolvimento, esta desigualdade de desenvolvimento, na verdade, já se fazia sentir antes.

Mas as relações internacionais eram relativamente fracas. Um país capitalista representava, em certo sentido, um sistema econômico nacional fechado. A desigualdade de desenvolvimento econômico de diferentes países não podia, nestas condições, ter tanta importância como a dos diferentes ramos de indústria num mesmo país.

Na época do imperialismo, pelo contrário, os diferentes países constituem uma economia mundial única e a desigualdade de seu movimento interior condiciona a desigualdade do desenvolvimento da economia mundial em seu conjunto e nas suas partes componentes.
Lapidus e Ostrovitianov — Pr. Ec. Pol. — Cap. XXVI — 5 137 — Págs. 631-632 — Calvino, 1844.

Estudando o imperialismo, sobretudo no período da guerra, Lênin descobriu a lei pela qual os países capitalistas, econômica e politicamente, se desenvolvem de um modo desigual, aos saltos. Segundo esta lei, o desenvolvimento das empresas, dos trustes, dos ramos industriais e dos diversos países não se processa de forma igual, não segue uma ordem preestabelecida, de modo que um truste, um ramo industrial ou um país marchem constantemente na frente e outros trustes e outros países sigam na sua retaguarda sucessivamente um atrás do outro, ao contrário, desenvolvem-se aos saltos, com interrupção no desenvolvimento de uns países e com saltos de avanço no desenvolvimento de outros. A tendência “inteiramente legítima” dos países que ficam para trás, para conservar suas antigas posições, e a tendência não menos “legítima” dos países que saltam para diante a fim de se apoderarem de novas posições, fazem com que as colisões armadas entre os países imperialistas sejam uma necessidade inelutável. Assim se deu, por exemplo, com a Alemanha, que faz meio século era, em comparação com a França e a Inglaterra, um país atrasado. O mesmo se pode dizer do Japão, em comparação com a Rússia. No entanto, é sabido que já nos princípios do século XX, a Alemanha e o Japão tinham dado um salto tão grande, que a primeira chegou a sobrepujar a França e começou a desalojar a Inglaterra do mercado mundial; e o segundo, a Rússia. Destas contradições, como é sabido, surgiu a recente guerra imperialista.

Esta lei parte de que:

1. “O capitalismo transformou-se num sistema universal de opressão colonial e de estrangulação financeira da imensa maioria da população do planeta por um punhado de países ‘adiantados’”. (Lênin, Prologo da edição francesa, de “O imperialismo, fase superior do capitalismo”).

2. “Esta ‘presa’ se reparte entre as três potências rapaces do poderio mundial, armadas até aos dentes (Estados Unidos, Inglaterra e Japão), que, por causa da partilha do mundo, arrastam à sua guerra todo o mundo” (Texto citado).

3. Ao agravarem-se as contradições dentro do sistema mundial de opressão financeira, ao tornarem-se inevitáveis os conflitos armados, a frente mundial do imperialismo se torna facilmente vulnerável para a revolução, e provável sua rutura por certos países em separado.

4. Esta rutura pode produzir-se com maior probabilidade naqueles lugares e países onde a cadeia da frente imperialista é mais débil, onde o imperialismo está menos fortificado e a revolução pode desenvolver-se com maior facilidade.

5. Por isso, é perfeitamente possível e provável o triunfo do socialismo num só país, mesmo no caso em que esse país esteja menos desenvolvido no sentido capitalista, mantendo-se o capitalismo em outros países, ainda que estejam mais desenvolvidos no sentido capitalista.

Tais são, em poucas palavras, as bases da teoria leninista da revolução proletária.
Stálin — Cuestiones del Leninismo — Págs. 107-108 — ELE, 1941 — La Revolución de Octubre y la tatica de los comunistas — Cap. lI.

O camarada Stálin fez uma exposição científica completa da lei de desigualdade do desenvolvimento do capitalismo. Definiu de modo detalhado seu conteúdo, e demonstrou que resultava dos seguintes fatos:

“1.º — O capitalismo antigo, pré-monopolista, degenerou e se transformou em capitalismo monopolista, em imperialismo.

“2.º — a partilha do mundo em esferas de influência dos grupos e potências imperialistas já se realizou.

“3.° — A evolução da economia mundial se processa num ambiente de lutas encarniçadas e mortais entre os grupos imperialistas pelos mercados, pelas matérias primas, num ambiente de alargamento das antigas esferas de influência.

“4.° — Essa evolução não se faz de maneira igual mas por saltos, pela expulsão do mercado das potências que chegaram primeiro e pelo avanço das novas potências.

“5.° — Tal evolução é determinada pela possibilidade, para certos grupos imperialistas, de desenvolver a técnica, o mais rapidamente possível, de reduzir o custo das mercadorias e monopolizar os mercados, em detrimento de outros grupos imperialistas.

“6.° — As transformações periódicas de um mundo já dividido se tornam assim absolutamente indispensáveis.

“7.° — Tais transformações não podem ocorrer senão pela violência, pela prova do poderio de tais ou quais grupos de forças imperialistas.

“8.° — Estas circunstâncias não podem deixar de levar à acentuação dos conflitos e a guerras gigantescas entre os grupos imperialistas.

“9.° — Tal situação conduz inevitavelmente ao enfraquecimento recíproco dos imperialistas e cria a possibilidade de uma rutura da frente imperialista em países separados.

“10.° — A possibilidade de uma rutura da frente imperialista em países separados não pode deixar de criar condições favoráveis à vitória do socialismo num só país. (Stálin)(1)
A. Leontiev — Teoria Leninista do Imperialismo, desenvolvida pelo Camarada Stálin — in “Problemas” — Págs. 84-85 — N.° 27 — 6-1950 — Brasil.

A lei da desigualdade do desenvolvimento significa, no período do imperialismo, o desenvolvimento por saltos de certos países em relação a outros no mercado mundial, novas partilhas periódicas do mundo já repartido por conflitos armados e guerras catastróficas, a agravação e o aprofundamento dos conflitos entre imperialistas, o enfraquecimento da “frente” do capitalismo mundial, a possibilidade da vitória do socialismo em países considerados isoladamente.
Stálin — Ainda o desvio social-democrata em nosso Partido — 1927 — in Lapidus e Ostrovitianov — Pr. Ec. Pol. — Cap. XXIV — § 156 — Pág. 737 — Calvino, 1944.

É indubitável que as vias do desenvolvimento da revolução mundial não são tão simples como podiam parecer antes da revolução num só país, enquanto não tinha aparecido o imperialismo desenvolvido, que é o “prelúdio da revolução socialista”. Tinha, com efeito, aparecido um fator novo: a lei do desenvolvimento desigual dos países capitalistas, que rege sob as condições do imperialismo desenvolvido e que estabelece o caráter inevitável dos conflitos armados, o debilitamento geral da frente mundial do capital e a possibilidade da vitória do socialismo em alguns países em separado. Fez sua aparição outro fator novo: o imenso País Soviético, situado entre o Ocidente e o Oriente, entre o centro da exploração financeira do mundo e o campo de opressão colonial, país cuja existência por si só revoluciona o mundo inteiro.
Stálin — Cuestiones del Leninismo — Pág. 127 ELE, 1941 — La Revolución de Octubre y la tatica de los comunistas — Cap. IV.

... O desenvolvimento da técnica contradiz a tese segundo a qual o capitalismo de monopólio se tornou um obstáculo ao desenvolvimento das forças produtivas?

Seria um erro crer que a tendência para a decomposição exclui o rápido desenvolvimento do capitalismo. Certos ramos da indústria, certas camada, da burguesia, certos países, manifestam, na época do imperialismo, com maior ou menor intensidade, uma ou outra destas tendências. O capitalismo, em seu conjunto, cresce com uma rapidez incomparavelmente maior que antes, mas este crescimento toma-se cada vez mais desigual, e esta desigualdade traduz-se em particular na estagnação dos países mais fortes em capital (Inglaterra). (Lênin)

Pode, portanto, haver um crescimento parcial das forças de produção, mas fazendo-se sentir paralelamente a estagnação e a decomposição, como mostrou Lênin, precisamente nos países capitalistas mais fortes.

A desigualdade de desenvolvimento do capitalismo patenteia a importância e a gravidade das contradições do regime e a ameaça que pesa sobre ele de uma possível conflagração.
Lapidus e Ostrovitianov — Pr. Ec. Pol. — Cap. XXVI § 137 — Págs. 634-635 — Calvino, 1944.

Àqueles que queiram fazer ouvidos moucos, dizemos: com vocês ou sem vocês, os povos que vocês não conseguem mais iludir, estão decididos a se entenderem; com vocês ou sem vocês, esta União imporá a Paz! (Yves Farge)
Le II Congres Mondial des Partisans de Ia Paix — Varsovie — 16/22-11-1950 — Descours de Yves Farge — Supl. “Temps Nouveaux” — N.° 48 — 29-11-1950 — Pág. 43 — Moscou, em francês.

Desigualdade do desenvolvimento das diferentes regiões industriais

Manifestação inteiramente característica da desigualdade do desenvolvimento industrial nas diferentes regiões dos países capitalistas é, depois da guerra, o deslocamento espasmódico da indústria algodoeira do norte para o sul dos Estados Unidos, por causa do preço barato da mão de obra e da proximidade das matérias primas.

Antes da guerra, os dois terços do total dos fusos dos Estados Unidos estavam no Norte.

Hoje, a situação inverteu-se em favor do Sul, como se pode constatar pelo quadro seguinte:

DESIGUALDADE DO DESENVOLVIMENTO DA INDÚSTRIA ALGODOEIRA NO NORTE E NO SUL DOS ESTADOS UNIDOS
ANNÉS NOMBRE TOTAL DE PROGRES (en place) NOMBRE TOTAL DE PROGRES (en ativité)
  États de la Nouvelle-Angleterre États du Sud TOTAL États-Unis États de la Nouvelle-Angleterre États du Sud TOTAL États-Unis
  En millions % du total En millions % du total En millions % du total En millions % du total En millions % du total En millions % du total
1911 17,0 55,2 11,7 38,0 30,8 100 16,5 97,1 11,1 94,9 29,5 96,8
1922 18,9 51,2 16,1 43,6 36,9 100 17,9 94,7 15,9 98,8 35,7 96,7
1932 11,4 36 19,1 60,3 31,7 100 8,6 75,4 17,6 92,1 27,3 89,1
1933 10,5 34 19,4 62,8 39,9 100 8,0 74,3 18,1 92,8 26,7 86,4
Voir Sources
Fonte: Statiscal Abstract of the United Stats, 1926 — Págs. 797-8; 1933 — Págs. 741-42; Kennedy, Profits and Loses in Textiles, N. Y., 1936 — Pág. 235.

 

A DESIGUALDADE DO DESENVOLVIMENTO CAPITALISTA NO ESTÁGIO IMPERIALISTA
Níveis comparados das indústrias essenciais dos principais países
Pays 1880 1900 1913 1929 1932 1936
Production de charbon (en millions de tonnes)  
Grande-Bretagne (charbon) 149,0 228,8 292,0 262,0 212,1 232,2
Allemagne 47,0 109,3 190,1 163,4 104,7 158,4*
États-Unis (charbon et lignite) 64,9 244,6 517,0 552,3 326,2 441,5
France (charbon et lignite) 19,4 33,4 40,8 53,8 46,3 45,2
Japon (charbon) 0,8 7,5 21,3 34,3 28,1 38,4
Production de fonte (en millions de tonnes)  
Grande-Bretagne 7,9 9,0 10,3 7,7 3,6 7,8
Allemagne 2,5 7,5 19,3 13,4 3,9 15,3**
États-Unis 3,8 18,8 31,0 43,3 8,9 31,5
France 1,7 2,7 5,2 10,4 5,35 6,2
Japon - 0,02 0,2 1,5 1,5 2,9
Production d'acier (en millions de tonnes)  
Grande-Bretagne 1,3 4,9 7,7 9,8 5,3 11,9
Allemagne 0,7 6,4 18,9 16,2 5,8 19,2***
États-Unis 1,2 10,2 31,3 57,3 13,9 42,7
France 0,4 1,6 4,7 9,7 5,6 6,7
Japon - - 0,2 2,3 2,4 5,0
Consommation de coin (en millions de quintaux)  
Grande-Bretagne 6,4 7,0 8,7 6,3 5,0 6,0
Allemagne 1,4 3,1 4,9 3,0 3,3 1,1***
États-Unis 4,2 8,2 13,5 16,0 11,6 15,5
France 0,9 1,6 2,7 3,6 2,4 2,5
Japon*** - 1,4 3,3 5,9 5,9 7,5
Fonte: Para 1889-1913, do Annuaire Statistique,Stat, genérale de la France, 1934, National Fereration of Iron and Steel Mannfactures, 1932; cifras a partir de 1929 do
International Cotton Statistick, e Statistical Yearbook of the League of Nations 1935-1936. Cottonm 29 de março de 1937: Monthly Bulletin of Statistics League of
Nations, nº 3, 1937

E. Varga et L. Mendelsohn — Données complementaires à l’imperialisme de Lénine — Pág. 227 — Editions Sociales, 1950.

Desigualdade do desenvolvimento Japão, dos Estados Unidos e da Grã-Bretanha

O rápido desenvolvimento do Japão, notado por Lênin, continuou depois da guerra, como se pode ver pelas cifras seguintes:

ANNÉES INDICE DE LA PRODUCTION INDUSTRIALLE (1913=100) PUISSANGE GLOBALE DES MOTEURS ELECTRONIQUES DÁNS L'INDUSTRIE (En millions de ch-vap.) VALLUS DES EXPORTATIONS (En millions de dollars)
  Japon États-Unis Grande-Bretagne Japon États-Unis Grande-Bretagne** Japon États-Unis Grande-Bretagne
1913 100 100 100 0,2* 8,8* 2,2 311 2.448 2.536
1925 222 151 87 1,8 26,1 7,6 910 4.819 3.734
1929 297 170 99 4,9 35,2 10,2 969 5.157 3.549
1936 450 150 115 - - - 463 2.416 1.297
Accroisment de 1913 a 1929 (en %) - - - 2.450 400 464 312 211 439
* 1914
** 1912, 1924, 1936
Le Japon reunit a mantenir ses exportations a un niveau relativement éleve durant la crise, grace a un dumping colossal basé sur la devaluation du yen: calculées en yen-papier sas exportations baisserent de 13,2p. 100 sealement de 1929 à 1933 (Un baisse beacoup plus important c'est produtite das les pricipaux pays capitalistes.) Calculées en yen or, ses exportations ent baizeé de 58. p. 109.
Veir souces.
Fonte: Vierleljahrsheft zur Konjunktarforschung, Die lndustriewirtschaft, número especial 31 — págs. 64-66; Monthly Bulletin of Statistics of the, League of Nations, Ns. 7-8, 1934. N.° 3, 1937; Statistics Yearbovk, S.D.N., 1927 — Pág. 128; 1928 — Pág. 128; 1932-1933 — Pág. 168; Financial and Economic Annual of Japan, 1916 — Pág. 57; 1923 — Pág. 89; Fourteenth Census of the U.S., 1920, v. 8; Manufactures, rapport général, pág. 122; Statistical Abstract of the U.S. 1931 — Pág. 815; 1933 — Pág. 694; H. BUTLER, The United Kingdom, Washington, 1930 - Pág. 127; The Economist, 11 de março de 1933.

E. Varga et L. Mendelsohn — Données complementaires à l’imperialisme de Lénine — Pág. 241 — Editions Sociales, 1950.

EXPORTAÇÃO DE PRODUTOS MANUFATURADOS (Em milhões de dólares)
PAYS Moyenne
1895-1899
Moyenne
1909-1913
Moyenne
1925-1929
1932 1933
Grande-Bretagne 980,5 1.750,3 2.788,6 966,3 1.003,6
Allemagne 566,6 1.277,8 1.913,6 1.064,0 1.136,7
États-Unis 383,5 704,3 1.228,6 480,7 309,4
France 185,0 597,0 2.114,8 624,2 681,4
Japon - 73,5 374,5 196,8 268,9
  INDICES (moyenne 1909-1913 = 100)
Grande-Bretagne 56,0 100 159,2 55,2 57,2
Allemagne 44,3 100 149,8 83,3 89,0
États-Unis 54,4 100 175,9 68,2 43,9
France 31,0 100 354,2 104,6 114,1
Japon - 100 509,5 267,7 365,9
Fonte: Estatísticas aduaneiras dos respectivos países.

E. Varga et L. Mendelsohn — Données complementaires à l’imperialisme de Lénlne — Pág. 939 — Editions Sociales, 1950.

... Se a Alemanha desenvolve seu comércio com as colônias inglesas mais rapidamente do que a própria Inglaterra, isso não prova senão uma coisa; é que o Imperialismo alemão é mais novo, mais forte, melhor organizado do que o imperialismo inglês, que lhe é superior; mas isso não prova de forma alguma a “supremacia” do comércio livre. Porque essa luta opõe não o comércio livre ao protecionismo, a dependência colonial, mas dois imperialismos rivais, dois monopólios, dois agrupamentos do capital financeiro. A supremacia do imperialismo alemão sobre o imperialismo inglês é mais forte do que a muralha das fronteiras coloniais ou das tarifas aduaneiras protetoras; tirar disso “argumento” em favor da liberdade do comércio e da “democracia pacífica” é uma tolice; é esquecer os traços e as propriedades essenciais do imperialismo; é substituir o marxismo pelo reformismo pequeno burguês.
Lênin — Obras Escogidas — T. I — Pág. 1055 — ELE, 1048 — El imperialismo, fase superior del capitalismo — Cap. IX.

No fim do século passado, os Estados Unidos já tinham tomado o lugar da Grã-Bretanha como primeiro país industrial, mas a diferença de potência industrial entre os Estados Unidos e a Grã-Bretanha, no fim do século passado, era relativamente fraca e era largamente compensada pela supremacia da Grã-Bretanha no comércio internacional, o crédito no mundo, os investimentos estrangeiros, a potência marítima e a potência colonial. Mas houve um novo salto no decurso do período entre 1900 e 1913. No começo/da guerra Imperialista, a produção de aço nos fiados Unidos era quatro vezes maior que a da Grã-Bretanha, a produção de ferro três vezes, o consumo de algodão 1,4 vezes, a extração de carvão 1,7 vezes. Nas vésperas da guerra, o valor da produção industrial dos Estados Unidos era muito mais elevado do que o da Grã-Bretanha. O potencial industrial dos Estados Unidos era muito mais forte do que o da Grã-Bretanha, mas esta última conservava firme o primeiro lugar no que concerne ao comércio internacional, os investimentos no estrangeiro e no mercado mundial de valores. Comparada com a da Grã-Bretanha, a marinha dos Estados Unidos era fraca. Mas a guerra e o após guerra operaram uma mudança radical nesta situação e é fato de importância decisiva no plano mundial.

Depois da guerra, os Estados Unidos tornaram-se grandes exportadores de capitais; destronaram Londres de sua posição de centro do mercado de valores. Rechaçaram a Grã-Bretanha para o segundo lugar no comércio exterior e seguiram-na de muito perto nos armamentos navais. Ao mesmo tempo, a supremacia industrial dos Estados Unidos aumentava ainda, e, como observamos acima, a diferença entre a rapidez do desenvolvimento da indústria dos dois países tornava-se muito maior.

Mas, embora ela tenha perdido completamente sua posição econômica de senhora e esteja ameaçada na sua supremacia naval, a Grã-Bretanha:

a) Conservou e até aumentou suas possessões coloniais, não só em valor absoluto, como ainda relativamente aos outros países;

b) Apesar da perda de grande parte de seus mercados, a proporção dos estabelecimentos industriais de que ela pode dispor para o mercado exterior é de cinco a seis vezes maior que a dos Estados Unidos, e isso é, devido, principalmente, ao seu imenso domínio colonial;

c) Seus investimentos na Ásia, na África, na. Austrália, assim como na Argentina, Brasil e Uruguai, excedem de muito os dos Estados Unidos.

Isto mostra que a diferença entre a potência econômica dos Estados unidos e a da Grã-Bretanha, e entre suas respectivas partes na exploração das colônias e dos mercados exteriores, aumentou de modo considerável. É precisamente esta a razão pela qual o antagonismo anglo-americano se tornou o antagonismo central do capitalismo moderno.

A segunda mudança decisiva nas relações de forças entre as potências imperialistas é devida ao crescimento excepcionalmente rápido do imperialismo japonês.

O ritmo de desenvolvimento mais rápido do Japão, em relação ao dos Estados Unidos, da Grã-Bretanha e das outras potências imperialistas, foi ainda mais notável no decurso dos últimos vinte anos. O que, em consequência, muito fortaleceu sua posição econômica (de modo absoluto e de modo relativo) e acelerou a tendência para o nivelamento entre ele próprio e os outros países imperialistas. Mas o Japão vem ainda muito longe atrás dos Estados Unidos e da Grã-Bretanha no que se refere à potência econômica, como testemunha o estado de sua indústria pesada e sua parte na produção e no comércio mundiais. Todavia, mesmo antes da conquista da Mandchúria, o Japão possuía duas vezes mais escravos coloniais do que os Estados Unidos.
E. Varga et L. Mendelsohn — Données complementaires a l'imperialisme de Lénine — Págs., 356-7 — Editions Sociales, 1950.

As razões fundamentais deste evidente aumento de desigualdade do desenvolvimento no decurso destes últimos vinte anos são as seguintes:

1. Durante a guerra mundial, as condições do desenvolvimento econômico foram muito diferentes segundo os países, provocando variações muito grandes no ritmo de sua evolução. O exemplo mais frisante é o desenvolvimento dos Estados Unidos e da Alemanha, de 1914 a 1918. Depois da guerra, a situação resultante dos tratados de paz favorecem o desenvolvimento econômico de certos países e entravou o de alguns outros.

2. O crescimento gigantesco dos monopólios, provocando uma evolução caótica do progresso técnico, reforçou rapidamente a desigualdade do desenvolvimento capitalista.

3. O surgimento da União Soviética, restringindo as possibilidades gerais de expansão do mundo capitalista, privando-o duma fonte importante de matérias primas e de um mercado para seus produtos, e impedindo-o de investir seus capitais ociosos, afetou os diversos países capitalistas em diferentes graus. A influência que a União Soviética exerce sobre o desenvolvimento político dos diversos países varia ainda mais.

4. Mas o fator decisivo da desigualdade crescente do desenvolvimento do capitalismo de após guerra é a decadência sempre maior desse sistema mesmo, decadência que é característica do período de crise geral do capitalismo. Num momento em que as possibilidades de aumento da produção se tinham reduzido muito, a concorrência entre as empresas, as indústrias e os países, para ampliar essas possibilidades à custa de seus rivais tornou-se cada vez mais forte.

De mais a mais, nessas condições, frequentemente, o desenvolvimento de um ramo não pode ficar assegurado senão retardando o de outro. Daí a diferença sempre maior no ritmo do desenvolvimento dos países e dos ramos industriais.
E. Varga et L. Mendelsohn — Données complementaires à l’imperialisme de Lénine — Págs. 353-354 — Editions Sociales, 1950.

Engendrada pela desigualdade de desenvolvimento do capitalismo nos diferentes países, a segunda guerra mundial conduziu a uma nova agravação dessa desigualdade. Das seis “grandes potências” imperialistas que eram: a Alemanha, o Japão, a Inglaterra, os Estados Unidos, a França e a Itália, três sofreram esmagadora derrota militar, enquanto que a França se enfraqueceu consideravelmente e perdeu de fato sua importância passada como grande potência. Só subsistiram as duas maiores potências imperialistas — os Estados Unidos e a Inglaterra, embora as posições desta última estejam fortemente abaladas.
Leontiev — Novo enfraquecimento do Sistema Capitalista — “Problemas” — N.° 24 — Janeiro-fevereiro de 1950 — Pág. 101 — Brasil.


Notas de rodapé:

(1) J. Stálin — XV.ª Conferência do Partido Comunista (b) da U.R.S.S. Obras completas — Pág. 314 — Tomo VIII — Ed. russa, Moscou. (retornar ao texto)

Inclusão: 14/06/2020