Imperialismo

Marx, Engels, Lênin, Stálin, etc.
compilação Calvino Filho

DATA


Fonte: Imperialismo tomo II - Calvino Filho, Editor, 1951, Rio de Janeiro, Brasil

Transcrição e HTML: Fernando Araújo.


Índice

capa

TOMO I

[original não disponível - procura-se]

TOMO II

À guisa de prefácio

INTRODUÇÃO

Distribuição de forças no Brasil

Escravização imperialista

Frente anti-imperialista

Comunistas e burgueses

Comunistas e ‘‘populistas’'

Desejos da burguesia

Vargas e o fim

CAPITAL FINANCEIRO

Origem

Exportação de capital

Causas

Importância

Consequências

Oligarquia financeira

Fusão com o Estado

DIVISÃO E REDIVISÃO DO MUNDO

Colônias

Países dependentes e semicoloniais

Desenvolvimento desigual do capitalismo

Luta econômica inter-imperialista


O único mal é a exploração do homem pelo homem; a única tarefa, instaurar uma ordem social em que não haja lugar para essa exploração; o único dever, contribuir para a luta em prol da nova ordem social; a única pauta para julgar a conduta humana, verificar se cada um contribui ou se sc opõe à causa do socialismo. ”
D. S. Mirski Lêninsua vida e sua obra — Cap. O leninismo — pág. 214 — Edit. Calvino, 1944.

Hoover tinha suas “contas pessoais” a ajustar com o Poder Soviético. Ainda antes da primeira guerra mundial, Hoover, à custa da especulação com o petróleo de Maikop, passou a possuir na Rússia propriedades de valor acima de um bilhão de dólares. A revolução expropriou as propriedades de Hoover, na Rússia, e destruiu os seus risonhos e caros projetos futuros de pilhagem. Não era, pois, de se admirar que, passado tempo, em agosto de 1931, Hoover, já presidente eleito dos Estados Unidos, dissesse uma vez numa palestra com o correspondente do “São Francisco News”:

Falando a verdade, o objetivo da minha vida é o aniquilamento da Rússia Soviética.
A. Berioskin — O imperialismo Americano é inimigo mortal do Estado Soviético — Bolchevik — N.° 3 — Fevereiro de 1951 — Pág. 40 — Moscou, em russo.

“Eu não entendo esta guerra. Nem eu nem ninguém de bom caráter. Só a podem entender os que enriquecem à sombra dela. Mas esses não têm nome. Ou, por outra, têm-no demasiado feio para que eu possa escrevê-lo. Os especuladores das guerras! Toda a ciência do mal é pouca para os fazer sofrer um dia.

E a desolação continua! Eu escrevi a desolação continua?! Santo Deus, a desolação começa! Porque avisto agora as primeiras filas de refugiados! Seguem o seu caminho indiferentes à poeira da estrada, aos carros que passam, às vozes que ouvem. Caminham como cegos, aos tropeções, incertos nos seus passos, caras sem estímulo, olhares sem fé, corações sem esperança. Homens velhos, mulheres velhas e crianças. Os homens novos partiram para a guerra. As mulheres novas seguiram, muitas delas, para outro destino infinitamente mais triste. As crianças seguem sem rir, sem brincar, silenciosas, habituadas a isto, vividas antes de começarem a viver: Suas carinhas infantis estão marcadas por uma maturidade irreal que choca imensamente. Desvio os olhos. Os soluços sacodem-me desordenadamente.

... Refaço-me, aos poucos, dessa dolorosa provação para, logo a seguir, cair noutra. Olho o espetáculo estranho de montes de crianças sozinhas que se deslocam e outras que estão paradas. Pergunto o que quer dizer aquilo! O soldado responde contra vontade. Rapidamente diz que são órfãos ...

...Mando parar o “jeep”. E, sem saber o que fazia, corro para um dos grupos. Não param. Mexo neles, tento fazer com que me olhem. Nada consigo. Deixam-me só e empurram-me ao passar. Desesperada, caminho para o grupo que está muito quieto, todas as crianças muito juntinhas. Meto-me no meio delas. Acaricio as pequeninas faces. Olhos parados voltam-se para mim sem nada exprimirem. Bocas que não respondem ao meu apelo. Mãozinhas que aperto sem que elas retribuam. Grito-lhes palavras de ternura. Aperto-os ao meu coração que parecia estalar. Tudo inútil. Elas estão tão habituadas a estar sós, a fugir sós, que não entendem minha ânsia do lhes ser útil. Provavelmente muitas delas viram morrer suas pobres mães. Endureceram os pequeninos corações e lá não sabem sentir, desejar ou chorar! Deus! Que horrorosa visão! Parai com isto, Santo Deus! Que penitência precisamos de fazer, nós, as mulheres do mundo inteiro para salvar os órfãos da Coreia.? Fala-nos! Manda que eu me arraste pelo caminho se isso pode estancar tanta amargura e refazer suas pequeninas almas, reajustá-los para a vida normal, sabê-los ensinar a rir novamente! Meu Deus, diz o que tenho a fazer!

...apesar de muito me ter comovido eu não sei, feliz ou infelizmente, fazer-vos ver, escrevendo, este outro lado da guerra: os órfãos! Todo o drama do ser indefeso. Toda a sua vida futura abafada pelo complexo do seu antigo medo e das recordações da sua infância falhada! Já pensaram no quanto deve ser trágico não poder recordar uma boneca ou um beijo das nossas mães? Estas crianças têm a lembrança, para sempre, do assovio das balas, das chamas vorazes, das lágrimas alucinadas de suas mães, do roncar dos aviões e dos estampidos brutais das bombas. — “Isto é o mais duro da guerra, miss” — diz o meu motorista. Meus olhos já estavam secos quando me levantei. Uma onda fria de profundo ódio tomou conta do meu coração, da minha alma e do meu cérebro. Desejaria ter à minha mercê um só dos responsáveis desta guerra. Toda a carga da minha “parabellum” seria pouca para o exterminar.”
FERNANDA REISSeul, cidade sem dono correspondência especial para o jornal “O Globo”, de 4-9-1951 — l.a pág. da 2.a secção — Rio de Janeiro — Brasil.

A paz parece muito bela no meio das selvagerias da guerra; mas a paz se torna quase odiável quando a guerra termina — BERNARD BARUCH — conhecido político e banqueiro norte-americano — do seu discurso no City College, N. Y., em 12 de outubro de 1946.

 

Inclusão: 14/06/2020