A exploração e opressão comuns enfrentadas por trabalhadores brancos e trabalhadores do Terceiro Mundo, especialmente nas grandes unidades industriais, constituem a base material para a construção da sua unidade na luta contra o capitalismo monopolista. No entanto, o simples facto de trabalhadores brancos e trabalhadores do Terceiro Mundo estarem empregados na mesma fábrica (ou até na mesma linha de montagem) não elimina a desigualdade entre eles, nem estabelece automaticamente um elevado grau de unidade. Na realidade, os trabalhadores do Terceiro Mundo encontram-se concentrados, sob uma forma de opressão de tipo de casta, nos trabalhos mais sujos, perigosos, mal remunerados e com menor antiguidade.
Tomando a percentagem de pessoas Negras na força de trabalho total como referência, verifica-se que estas estão sub-representadas nas categorias do trabalho administrativo e da classe média (trabalhadores profissionais e técnicos, empregados administrativos e de vendas, artesãos, chefias intermédias, dirigentes e proprietários). Pelo contrário, encontram-se largamente sobrerepresentadas entre os trabalhadores da produção, os trabalhadores agrícolas e não agrícolas, os trabalhadores dos serviços e, naturalmente, entre os trabalhadores domésticos (dos quais quase metade são pessoas Negras).
No caso das mulheres, a distribuição por categorias é diferente, mas o padrão geral mantém-se claramente: as mulheres negras estão concentradas nas categorias com salários mais baixos. Três em cada dez mulheres negras trabalham em funções profissionais, de gestão, técnicas, de vendas ou administrativas (a esmagadora maioria nestas duas últimas). Já seis em cada dez mulheres brancas estão nessas categorias, com uma percentagem significativamente mais elevada nos níveis profissional, técnico e de gestão. Quanto ao trabalho operário (blue-collar), a distribuição é mais equilibrada (17% das mulheres negras e 16% das mulheres brancas). Finalmente, mais de metade das mulheres Negras no mercado de trabalho estão empregadas em categorias de serviços, trabalho agrícola e não agrícola (uma grande parte no trabalho doméstico), enquanto apenas 20% das mulheres brancas se encontram nestas funções.
Este padrão manteve-se ao longo da última década, apesar do aumento significativo do número de profissionais e técnicos Negros e da diminuição visível do número de trabalhadores domésticos negros. Em resposta à luta do povo Negro, a burguesia viu-se forçada a abrir algumas vagas nas classes médias para pessoas Negras, tendo envidado todos os esforços para criar a aparência de que a sua situação estaria a melhorar. Contudo, a existência simbólica de dirigentes, gestores e rostos Negros em anúncios televisivos não passa de uma cortina de fumo que visa ocultar o facto de que, para a grande maioria da população Negra, trabalhar como um burro para o “patrão”, seja na fábrica, seja na casa dele (caso consiga trabalho), continua a ser a dura realidade.
O ditado popular “o último a ser contratado e o primeiro a ser despedido” continua a descrever com precisão a situação dos trabalhadores Negros. Como referido anteriormente, ao longo dos últimos 20 anos, a taxa de desemprego entre Negros tem sido, em geral, o dobro da taxa entre brancos. Em 1950, a taxa oficial de desemprego entre os Negros era de 9,0%, enquanto a taxa entre os brancos era de 4,9%. Em 1970, os valores eram 8,2% para os Negros e 4,5% para os brancos. Na verdade, entre 1969 e 1970, a taxa oficial de desemprego entre brancos cresceu proporcionalmente mais do que entre Negros. Isto deveu-se ao facto de muitos mais Negros — também mais frequentemente afetados pelo desemprego de longa duração — terem estado tanto tempo sem trabalho que deixaram de constar nas estatísticas oficiais de desempregados registados.
Isto levanta a questão de que a taxa oficial de desemprego subestima consideravelmente a dimensão real do desemprego, especialmente entre os Negros e os povos do Terceiro Mundo. (Estes dados referem-se a “Negros e outras minorias.”) No caso dos adolescentes Negros (dos 16 aos 19 anos), a taxa oficial de desemprego situa-se permanentemente em níveis comparáveis aos de uma depressão económica. Em 1960, um quarto dos adolescentes Negros encontrava-se desempregado; em 1970, este número aumentou para 30%. Mais uma vez, as taxas relativas aos adolescentes brancos, embora também elevadas, correspondiam apenas a metade da taxa entre os Negros — 13,4% em 1960 e 13,5% em 1970 (sem variações significativas). E, em muitas zonas de grande concentração da população Negra, a taxa geral de desemprego entre os Negros é claramente superior ao pico de desemprego verificado durante a Grande Depressão. O presidente da câmara de Gary, no Indiana, por exemplo, estimou recentemente que a taxa de desemprego nessa cidade de maioria Negra, importante centro de produção siderúrgica, ultrapassava, de facto, os 40%.
No caso das mulheres Negras, a taxa de desemprego é ainda mais elevada — 9,3%, comparativamente a 5,4% no caso das mulheres brancas. A maior diferença (excluindo o trabalho agrícola) encontra-se nas categorias de trabalho de escritório e vendas. Mais uma vez, a menor disparidade entre as taxas de desemprego de Negros e brancos — tanto entre homens como entre mulheres — verifica-se nos setores fabril e de trabalho não agrícola.
Contudo, estes dados estatísticos não revelam o quadro completo da situação precária da mão-de-obra Negra. Em 1959, apenas metade dos trabalhadores Negros do sexo masculino possuíam empregos a tempo inteiro, cinco dias por semana; dois terços dos trabalhadores brancos encontravam-se nessa situação. Em 1969, a situação registou alguma melhoria, mas a desigualdade neste domínio estava longe de ter sido eliminada. Nesse ano, 6 em cada 10 homens Negros tinham emprego a tempo inteiro ao longo de todo o ano, enquanto essa proporção subia para 7 em cada 10 no caso dos homens brancos. No que respeita às mulheres Negras, os últimos dez anos revelaram uma ligeira melhoria relativa no acesso a trabalho a tempo inteiro. Em 1959, 27% das trabalhadoras Negras tinham emprego a tempo inteiro, em comparação com 37% das mulheres brancas. Em 1969, os valores eram 39% para as mulheres Negras e 41% para as brancas. Mas, uma vez mais, estes dados não revelam o quadro completo.
A percentagem de mulheres Negras que são chefes de família é três vezes superior à das mulheres brancas — outro resultado da opressão específica vivida pelo povo Negro. Muitas mulheres Negras trabalham como empregadas domésticas, auferindo salários iguais ou inferiores ao salário mínimo. O número crescente de mulheres Negras que se juntam às fileiras da revolução é reflexo desta realidade, e ressoa com as palavras de uma escrava Negra anónima na Virgínia, em 1835, que foi ouvida a dizer que “desejava a Deus que a escravatura estivesse terminada de vez; estava cansada de servir os brancos” (citada por Herbert Aptheker em Negro Slave Revolts, p. 52).
Hoje em dia, a posição dos trabalhadores Negros — sobretudo face à crescente crise económica e aos despedimentos em massa — é ainda mais insegura do que a, já de si instável, posição dos trabalhadores brancos. Esta situação é particularmente evidente entre os operários Negros. Cerca de 30% dos empregos fabris atualmente ocupados por trabalhadores Negros foram conquistados apenas nos últimos dez anos — resultado da luta de massas do povo Negro. E, em todos os escalões etários, a percentagem de Negros fora da força de trabalho por motivo de incapacidade é superior à dos brancos. Este facto revela que os trabalhadores Negros não só enfrentam maiores níveis de desemprego, como, quando conseguem emprego, são geralmente colocados nas tarefas mais perigosas.
Mesmo nas indústrias onde os trabalhadores Negros estão mais concentrados, a sua presença verifica-se sobretudo nos postos de trabalho menos bem remunerados. Nas 9 indústrias com uma elevada proporção de trabalhadores Negros, estes representam 18% da força de trabalho total. Contudo, apenas 7% ocupam postos de trabalho com salários elevados, ao passo que 25% se encontram nas categorias com salários mais baixos. Nestas mesmas indústrias, considerando as empresas com mais de 100 trabalhadores, 12% dos trabalhadores Negros ocupam cargos bem remunerados, 22% encontram-se nas categorias intermédias, e 66% nos postos de trabalho com salários baixos.
Nas indústrias com níveis salariais mais elevados, os trabalhadores Negros continuam igualmente confinados aos empregos com salários mais baixos. Nas nove indústrias com os salários médios mais altos, os trabalhadores Negros representam pouco mais de 8% da força de trabalho total. No entanto, desses 750 mil trabalhadores Negros, apenas 30 mil (4%) ocupam categorias de salários mais elevados, enquanto um quarto do total, ou seja, 190 mil, está nas categorias com salários mais baixos. Na indústria de equipamentos de transporte (principalmente a indústria automóvel), onde o salário médio por hora era de 3,90 dólares em 1969, os trabalhadores Negros representavam 10% da força de trabalho total; mas constituíam 21% dos trabalhadores com salários baixos e apenas 1% dos que recebiam salários elevados. Este padrão repete-se nas indústrias do aço, transporte aéreo, produtos químicos, maquinaria elétrica e outras semelhantes.
A razão para esta concentração sistemática dos trabalhadores Negros nos empregos mais precários não reside na sua não sindicalização. Na verdade, a percentagem de trabalhadores Negros sindicalizados — tanto homens como mulheres — é superior à dos trabalhadores brancos: 35% dos homens Negros estão sindicalizados, contra 30% dos brancos; no caso das mulheres, 14% das Negras pertencem a sindicatos, em comparação com menos de 13% das brancas. O problema reside no facto de os sindicatos estarem controlados, a partir do topo, por dirigentes que auferem salários elevados, investem os fundos sindicais como capital privado (e, por vezes, tornam-se eles próprios capitalistas monopolistas). Estes dirigentes são leais aos interesses da classe capitalista, e não à classe trabalhadora.
Como parte integrante deste sistema, asseguram a manutenção da supremacia branca como um suporte essencial do capitalismo monopolista. Um reflexo disto é o facto de, apesar da presença significativa de membros Negros nas bases da maioria dos sindicatos industriais, a sua liderança — sobretudo ao nível das direções internacionais — incluir apenas um número simbólico de Negros. Muitos sindicatos de ofícios especializados continuam a sua tradição de impedir os Negros de aderir — excetuando alguns casos simbólicos — quanto mais da liderança. A luta para recuperar o controlo dos sindicatos destes traidores está intrinsecamente ligada à luta para erradicar a supremacia branca tanto dentro dos sindicatos como nas próprias indústrias. A organização dos trabalhadores Negros e dos trabalhadores do Terceiro Mundo para travar esta luta não enfraquece o movimento operário — pelo contrário, inspira-o e impulsiona-o avante.
Esta luta deve ser travada não apenas nas indústrias sindicalizadas, mas em toda a sociedade. Por exemplo, no emprego público federal — que supostamente está sujeito a diversas legislações anti discriminatórias — os trabalhadores Negros representavam 15% do total, em 1970. Contudo, ocupavam apenas 3% dos cargos superiores abrangidos pelo Ato de Classificação Federal, 4% dos postos superiores no Serviço Postal, e menos de 10% dos empregos manuais com remuneração superior a 8.000 dólares anuais.
A nível da sociedade em geral, o rendimento mediano da população Negra corresponde a cerca de 60% do rendimento mediano da população branca. Trata-se de um aumento significativo em relação ao período anterior à Segunda Guerra Mundial (em 1939, o valor era de apenas 41%), mas não houve qualquer progresso nos últimos vinte anos (em 1953, o rendimento mediano Negro era 59% do mediano branco). As estatísticas governamentais de 1969 indicam que menos de um quarto das famílias “Negras e de outras raças” tinham rendimentos anuais superiores a 10.000 dólares, enquanto cerca de metade das famílias brancas ultrapassavam esse patamar (o termo “brancos” inclui, neste inquérito, os mexicano-americanos). No extremo oposto, 20% das famílias “Negras e de outras raças” tinham rendimentos inferiores a 3.000 dólares, em contraste com 8% das famílias brancas.
No ano de 1970, quase um terço da população Negra (e “outras”) vivia abaixo do limiar oficial de “baixo rendimento” definido pelo governo (3.968 dólares de rendimento anual para uma família urbana de quatro pessoas, e menos 150 dólares para famílias rurais); um décimo da população branca vivia em situação oficial de pobreza.
Os Negros constituem aproximadamente 10% da população total, mas representam 30% da população com rendimentos abaixo do limiar de pobreza. Cerca de metade das famílias Negras chefiadas por mulheres viviam abaixo desse limiar, em comparação com um quarto das famílias brancas chefiadas por mulheres (recorde-se que a percentagem de famílias Negras chefiadas por mulheres é três vezes superior). A proporção de famílias Negras (e “outras”) obrigadas a recorrer ao apoio social é quatro vezes superior à verificada entre as famílias brancas.
Mesmo os dados sobre rendimento nominal não revelam a totalidade da situação. Se, por exemplo, um trabalhador Negro ocupa o mesmo posto e aufere o mesmo salário nominal que um trabalhador branco, é provável que o rendimento real do trabalhador Negro seja inferior em mais de mil dólares. Senhorios, comerciantes, empresas de crédito e outros parasitas extraem ainda mais recursos das comunidades Negras e das comunidades do Terceiro Mundo do que das comunidades da classe trabalhadora branca. A descrição feita por Marx e Engels há mais de cem anos aplica-se hoje de forma ainda mais vívida aos trabalhadores do Terceiro Mundo nos EUA:
Mal termina a exploração do operário pelo fabricante e este recebe o seu salário em numerário, eis que sobre ele se lançam outras frações da burguesia — o senhorio, o comerciante, o agiota, etc. (Karl Marx e Friedrich Engels, Manifesto Comunista, edição da Peking Foreign Language Press, Parte I: “Burgueses e Proletários”, p. 40.
Forçados a viver em guetos degradados, os Negros e outros povos do Terceiro Mundo são obrigados a pagar preços altamente inflacionados por alimentos, medicamentos, habitação e outros bens de primeira necessidade (na medida em que os conseguem adquirir), para já não falar dos chamados “luxos”. Quase dois terços das famílias brancas nos Estados Unidos são proprietárias das suas casas (ou, mais precisamente, estão a adquiri-las mediante empréstimos bancários com juros elevados); no caso das famílias Negras, pouco mais de dois quintos são proprietárias da sua habitação. (A renda paga pelos três quintos que não conseguem suportar a entrada para a compra de uma casa é, geralmente, ainda mais exorbitante do que as prestações da casa.)
A taxa de mortalidade infantil entre os Negros é quase o dobro da verificada entre os brancos: mais de 35 bebés Negros (com menos de 11 meses) em cada mil morrem anualmente; entre os brancos, a taxa situa-se ligeiramente acima dos 20 por mil. Três vezes mais mulheres Negras morrem durante o parto do que mulheres brancas. A esperança média de vida da população Negra é, no seu conjunto, cerca de cinco anos inferior à da população branca. Mais uma vez, este retrato aplica-se, de forma semelhante, a todos os povos do Terceiro Mundo; é a expressão, em termos de sofrimento humano, da posição de tipo “casta” que as nacionalidades oprimidas ocupam atualmente nos Estados Unidos.
E esta realidade não pode ser dissociada da longa e bárbara história de opressão nacional que caracterizou este país desde a sua fundação. Entre a população Negra, a maior concentração de famílias com baixos rendimentos encontra-se na população rural remanescente. Embora pouco mais de um quarto dos Negros viva em zonas não metropolitanas, estes representam quase metade das famílias negras abaixo do limiar de “baixo rendimento” definido pelo governo. O rendimento médio anual das famílias Negras urbanas (quer tenham sempre residido em áreas urbanas, quer tenham migrado de zonas rurais) é de aproximadamente 5100 dólares; o rendimento médio das famílias Negras rurais é sensivelmente metade: cerca de 2800 dólares.
O padrão de pobreza Negra rural é ainda mais acentuado no sul do país. Menos de metade da população Negra do sul reside ainda em zonas não metropolitanas, mas, dentro deste grupo, quase dois terços vivem abaixo da linha oficial de pobreza. A disparidade entre os rendimentos de brancos e Negros é mais acentuada precisamente no sul – tanto em áreas urbanas como rurais.
Ao mesmo tempo, o nível geral de rendimento, tanto da população Negra como da “não-branca”, é significativamente mais baixo no Sul do que em qualquer outra região. Apenas 41% das famílias brancas do Sul têm um rendimento anual superior a 10.000 dólares; no Norte e Oeste, esse valor sobe para 52% entre as famílias brancas. No caso da população Negra, apenas 14% das famílias no Sul auferem mais de 10.000 dólares por ano, enquanto no Norte e Oeste esse número atinge 33% — ou seja, a percentagem de Negros no Norte e Oeste com rendimentos superiores a 10.000 dólares anuais é inferior à percentagem de brancos do Sul com esse mesmo nível de rendimento.
Este é o resultado concreto da dominação do capital do Norte sobre o Sul, da manutenção do Sul como uma reserva regional atrasada ao serviço do capital do Norte e, como pedra angular de tudo isto, de toda a história de opressão da nação Negra — historicamente no Sul semifeudal das plantações e, hoje, em todo o país.
Uma outra forma, mais ilustrativa, de analisar esta realidade consiste em comparar o nível de progresso da população Negra com o da população branca, em termos de “atraso temporal”. Por exemplo, a taxa de mortalidade infantil Negra em 1960 era idêntica à da população branca em 1940 (um atraso de 20 anos). No que diz respeito à esperança média de vida, o atraso é de 28 anos (os Negros, em 1960, tinham a mesma esperança de vida que os brancos em 1932). Em termos de rendimento, o atraso é de 17 anos. Quanto aos anos de escolaridade completos, o atraso é de 20 anos; no que respeita à percentagem de pessoas com 25 anos ou mais com algum nível de ensino superior, o atraso é igualmente de 20 anos; e, para a faixa etária dos 20 aos 24 anos com algum nível de ensino superior, os Negros encontravam-se 35 anos atrás dos brancos. (Nota: estes dados baseiam-se num estudo de Rashi Fein, economista burguês, publicado em The American Negro, pela Beacon Press em 1965.)
A diferença entre os níveis de educação da população branca e Negra é frequentemente utilizada pela burguesia — e por elementos Negros ligados à classe dominante — para tentar alimentar ilusões entre as massas negras. Apregoam que a solução para todos os problemas não está na luta revolucionária, mas sim na educação burguesa.
A narrativa dominante é a de que, se os Negros “permanecerem na escola” e adquirirem educação, conseguirão superar a discriminação e a pobreza. (“Sem educação”, canta James Brown, “mais vale estar morto.”) É claro que a luta de massas deve ser travada para derrubar as barreiras ao acesso à educação para o povo Negro. No entanto, enquanto o poder político permanecer nas mãos da burguesia, a educação não poderá alterar de forma fundamental a condição dos Negros e dos demais povos do Terceiro Mundo.
O facto simples é o seguinte: quanto mais elevado o nível de educação, maior é a disparidade de rendimentos entre brancos e os povos do Terceiro Mundo.
A supremacia branca está enraizada na própria base do poder burguês nos Estados Unidos, tal como constitui um dos alicerces da dominação imperialista em todo o mundo. E, para reforçar a opressão de tipo “casta” imposta aos povos do Terceiro Mundo nos EUA, a classe dominante concentra o seu aparelho repressivo mais brutal nas comunidades do Terceiro Mundo. Assim, uma parte importante da luta de libertação Negra — e das lutas dos outros povos oprimidos do Terceiro Mundo — envolve a autodefesa armada, como resposta à violência reacionária do Estado imperialista com a violência revolucionária do povo.
Em última análise, só o derrube armado do capitalismo monopolista poderá abrir caminho para a eliminação total das desigualdades próprias da sociedade capitalista. E a derrocada do capitalismo monopolista norte-americano exige a articulação das lutas de libertação dos povos do Terceiro Mundo com a luta de todo o proletariado, com vista à eliminação da opressão de classe e da opressão nacional. Para que se possa alcançar a unidade do proletariado no cumprimento desta tarefa histórica, é imperativo que os trabalhadores brancos compreendam — que odeiem — e que combatam ativamente toda e qualquer manifestação de opressão nacional dirigida contra qualquer sector do povo Negro ou dos restantes povos do Terceiro Mundo.