Socialismo e Espiritismo

Léon Denis


Capítulo IV


capa

A rivalidade entre os partidos desperta, por vezes, paixões bastante violentas para obscurecer as mais altas inteligências e falsear os melhores julgamentos. Assim, convém não tocar as questões sociais senão com grande seriedade. É preciso aproximar-se do término de uma longa carreira, ter adquirido uma madura experiência dos homens e das coisas, ter se afastado por antecipação das contingências terrestres para disso falar com uma serena imparcialidade.

É um pouco o meu caso, é porque me propus a abordar essas questões com inteira franqueza. Recebi sobre esse assunto um certo número de cartas que apresentam as nuances mais variadas de opinião desde as aprovações mais calorosas até as críticas mais amargas. Não podendo responder a todas, envio aos seus autores, indistintamente amigos e adversários, aprovadores ou críticos, uma radiação do coração, um pensamento igualmente simpático. Eu, apenas, pediria a meus contraditores que prestassem muita atenção na Finalidade dos artigos que escrevo antes de julgar-me e de condenar-me.

Em todos os tempos, em todos os meios, a questão social foi objeto de preocupações de pensadores, filósofos, de homens políticos; deu nascimento a uma multidão de teorias e sistemas; caos confuso onde o pesquisador encontra dificilmente o fio de Ariadne que os impedirá de se desgarrarem.

Hoje, ainda os socialistas dividem-se em escolas diversas. Os alemães em número importante, prendem-se às teorias de Karl Marx, que se inspiram no materialismo brutal, preconizam as lutas de classes e sua conclusão, logicamente, desemboca em uma ditadura do proletariado, isto é, no bolchevismo. Ora, sabe-se o que este regime proporcionou à Rússia. Voltaremos mais tarde a tratar deste assunto.

Depois do sucesso das forças armadas alemãs em Sadova, logo após em Sedan, as teorias marxistas ganharam uma grande extensão. A Sozial Demokratie tinha se tornado bastante poderosa para impedir a grande guerra mas, apesar da promessa feita a Jaurès, ela não apenas votou os créditos militares, pedidos pelo Imperador em vista dessa Guerra, como tomou nela uma parte pérfida e cruel. Por este fato ela assumiu, diante da história, uma pesada e terrível responsabilidade.

Os socialistas franceses adotaram de preferência as doutrinas de Fourier e de Proudhon(1). Seu fim comum é a supressão do salariado em proveito de um novo regime de propriedade em sentido coletivo com a socialização dos meios de produção e de troca. Mas, desde o começo, vê-se passar nos modos de aplicação, tanto entre os unificados como em outros agrupamentos, divergências de opinião que se revelam e contradições que aparecem.

É aí, sobretudo, que lhe falta um ideal superior que religasse todos os esforços e vantagens e se fizessem sentir; pois não é o materialismo em voga nestes meios que é susceptível de inspirá-lo. Pelo contrário, os apetites se fazem à luz e o socialismo muitas vezes serve de trampolim a ambiciosos destituídos de brio que o utilizam para chegar a seus fins políticos, sem cuidar dos engajamentos tomados, o que muitas vezes contribui para o desacreditar na opinião geral.

Estamos, pois, em presença de duas grandes correntes opostas, uma germânica e russa, outra ocidental. A primeira, vimos, inspira-se num dogmatismo estreito e brutal, formado de teorias preconcebidas, sem relação com as necessidades sociais. Ele conduz retamente à dominação exclusiva de uma classe, aos terrorismos e ao nivelamento.

O Senhor Hesnard, em seu estudo muito documentado sobre “Les partis politiques alemands”, faz anotar que no Reischetag os socialistas, pouco inclinados a reconhecer o Tratado de Versailles e o direito da França às reparações de guerra, sustentaram todos os governos “que aludiram às obrigações, e não é exagerado pretender que todos os partidos políticos (alemães) tinham apenas um desejo: o de fazer fracassar a paz”.

A corrente ocidental, francesa e inglesa, é, todavia, organizadora, construtora. Ela se estende por todos os seus meios, sindicalismo, cooperativismo, participação, mutualidade, seguros sociais, proporcionando aos operários de toda a ordem uma parte crescente aos benefícios da produção e no regime da propriedade. Pretende essa organização de próximo em próximo criar uma vasta organização internacional que seria a sociedade das nações vivendo e agindo pacífica e mediadoras.

Seu erro é acreditar que se pode atingir o resultado somente através de medidas políticas e económicas. Esquece-se de que é preciso, acima de tudo, uma fé ardente, um ideal elevado capaz de fecundar todos os esforços; esquece-se de que é preciso o espírito de devotamento e sacrifício para fazer nascer o sentimento de altruísmo que é o cimento necessário a toda edificação social. Qualquer que seja o ponto de vista em que nos colocarmos, pode organizar-se a vida aqui em baixo sem saber qual é sua finalidade e suas leis, para quais horizontes ela nos conduz. Um conhecimento mais extenso da vida universal e da solidariedade que nos religa todos os seres, mostrará aos socialistas que é preciso elevar-se acima dos interesses de casta e de classe para realizar qualquer obra de maior vulto e mais durável.

Todos os partidos socialistas têm a ambição legítima de conquistar o poder e substituir-se aos governos “burgueses”. Pelos cartazes verborrágicos, prometem aos eleitores gerar empregos públicos com um espírito de ordem, de economia e de progresso. Mais, quase por toda à parte em que os administradores socialistas se instalaram pôde-se constatar uma recrudescência de processos arbitrários e de desordens nas finanças.

Neste mesmo momento, queixas se levantam em toda a Alemanha, queixas que um jornal popular, liberal resume nestes termos:

“a experiência socialista deu resultados lastimáveis. A política de Partido agita as paixões e provoca recriminações generalizadas. Os grupos do meio reprovam aos dirigentes exercer uma autoridade intercalasses e colocar os interesses de seu partido acima dos interesses do Estado: por exemplo, as nomeações que são feitas e que testemunham um verdadeiro nepotismo de favoritismo. O Ministro da Instrução Pública outorga até mesmo diplomas de doutor e usurpa, assim, um direito que não pertence senão às faculdades. Os protestos e os pedidos de controle, visando os atos dos socialistas, dirigidos em Berlim, são sofismados pelo chanceler”.

Poder-se-ia lembrar que na França, o fato das municipalidades tornadas socialistas em muitas de nossas grandes cidades, as finanças decaíram e mesmo em certos departamentos pela gestão do Conselho Geral.

Na Inglaterra, o caso Poplard está em todas as memórias. A administração da Câmara Municipal de Leicester não foi muito edificante. É verdade que o Ministério Trabalhista manifesta intenções muito louváveis e um ardente desejo de solucionar problemas difíceis que pesam sobre a situação da Europa.

É preciso também notar que a inexperiência dos socialistas, que não tiveram senão raramente a ocasião de adquirir o conhecimento dos processos e o manejamento dos interesses, é à parte das velhas classes dirigentes.

Está na tradição da raça anglo-saxônica cultivar a livre iniciativa individual e desenvolver as forças e a vontade de cada um. Os socialistas franceses, estes, esperam quase tudo do Estado. Qual é a teoria que responde melhor à grande lei da Evolução? A primeira assegura não apenas a riqueza e a prosperidade das nações, mas é também conforme ao princípio universal que conclama todos os seres para o melhor, para o bem, fazendo crescer sem cessar o “haver” pessoal e coletivo.

O encampamento de todas as coisas pelo Estado paralisa os esforços laboriosos, extingue a livre concorrência e o espírito de emulação. A nacionalização das Minas e das Estradas de Ferro se traduz quase sempre por um déficit; ela resulta na elevação das tarifas e, por isso acresce ainda mais as dificuldades da vida pública.

Na realidade, o Estatismo enfraquece o poder das Nações, sua livre expansão e sua afirmação diante do mundo. O Estado entre as mãos de um partido e de uma classe que se apoia sobre a força, sobre a violência, em proveito de uma única fração do país, como vimos acontecer na Rússia e na Hungria, leva aos piores excessos, destrói a obra dos séculos e conduz um país à ruína, à regressão, à barbárie.

Se há uma nação que tenha sofrido paixões políticas exageradas é bem a Rússia. As tempestades que nela ali exerceram são incalculáveis. Podemos lembrar as convulsões que este país teve que sofrer bem como as massas ali foram excitadas por ambiciosos cínicos que no fundo, bem sabiam que suas teorias eram falsas, mas que delas se serviram como de uma escada para atingir o poder.

O governo dos soviéticos havia proclamado solenemente a supressão do capital, da propriedade Individual, o nivelamento social, em uma palavra, o comunismo mais integral, mais rigoroso e eis que, cinco anos passados de miséria, de fome, de cruéis sofrimentos para o povo foi reduzido a fazer apelo aos capitalistas estrangeiros, a recorrer aos técnicos de todos os países a fim de reconstruir penosamente o que havia destruído. Não se poderia sonhar uma falibilidade mais completa e há aí uma grande lição para as democracias ocidentais.

Longe de nós o pensamento de criticar os comunistas de convicção sincera que desejariam estabelecer na Terra o regime social que reina, provavelmente nos mundos superiores, lá, onde todos trabalham para cada um e cada um por todos, no espírito de devotamento absoluto a uma causa comum. Este regime exige qualidades morais e sentimento de altruísmo que não existe senão em condições excepcionais em nosso mundo egoísta e atrasado.

Poder-se-ia fazer, das teorias comunistas, à parte aspirações generosas, mas seda fácil demonstrar que elas são prematuras e inaplicadas na sociedade atual. Fora preciso séculos de cultura moral e de educação popular para levar o espírito humano ao estado de perfeição necessária a uma tal ordem de coisas e daí a posse individual dos frutos do trabalho permanecerá o estimulante indispensável, o meio de emulação que assegura pôr em ação o equilíbrio das forças sociais.

Pelo momento, o comunismo, como dissemos precedentemente não é realizável senão no seio de grupos restritos, cuidadosamente recrutados, nos quais todos os membros são animados por uma fé intensa e espírito de sacrifício.

Não se poderia sonhar com estender-se a aplicação a nações inteiras, a milhões de homens nos quais as variedades de caracteres e de temperamentos fariam laboriosos e sábios os estúpidos, os preguiçosos, os imprevidentes e os debochados. Em todos os casos, não será através do crime e pelo sangue que se poderá fundar um regime de fraternidade, de solidariedade e de amor!

As instituições não são realmente vivas e fecundas senão quando os homens por uma vida interior verdadeira, sabem animá-la. Um comunismo sem ideal elevado não poderia ser construído sobre uma areia perpetuamente movediça. As tendências soviéticas parecem ser inseparáveis da doutrina materialista que só veem o horizonte limitado da vida presente e firmam toda perspectiva para o lado de lá, para a evolução superior. Disso resulta uma ausência de princípios morais, uma supressão de todo o freio contra o desregramento que explicam as paixões furiosas e mesmo as atrocidades que são levadas à conta do bolchevismo.(2)

Em resumo, o que caracteriza o movimento socialista oriental é a absoluta ausência de toda filosofia verdadeiramente humanitária e conciliatória, e as consequências funestas deste despojamento surge a todos os olhos não preconcebidos. Deste ponto de vista, a Rússia nos oferece uma lição dolorosa. Quanto à Alemanha, não temos elogios para as ideias que, há mais de um século nos vem deste lado. Seja seu militarismo brutal e devastador o ou o materialismo grosseiro de Buchner e Moleschott ou ainda aquelas mais refinadas porém não menos egoístas de Nitzche e sobretudo o socialismo de Karl Marx, homem ácido e odioso, cujo objetivo principal é a guerra de classes; tudo isto desprovido de generosidade e de grandeza e não leva senão à investida, ao esmagamento de uns pelos outros.

Lucien Desliniéres, conhecido pelos seus antecedentes socialistas, acaba de publicar um livro intitulado: “Livrai-nos do marxismo” do qual ele dá um resumo “no repertório politécnico” do 1° trimestre de 1924.

“Ao curso de uma permanência de cerca de um ano (1920-1921), na Rússia Soviética onde o marxismo é lei, constatei que ele tinha por efeito um desconhecimento absoluto pelos princípios fundamentais da economia socialista e, por conseguinte, uma inaptidão total quanto a todas as obras reconstrutivas.

“Uma vez essa convicção sedimentada em meu espírito não hesitei em romper com meu partido para proclamar a verdade. Daí meu livro: Seu interesse principal incide nos pontos seguintes o marxismo, pretendendo tudo inovar, permaneceu na orla das ciências económicas e sociais, que nelas tem a observação dos fatos e se recusam a pesquisa de ideias e, por isso, são estéreis”.

Antes de Karl Marx, o socialismo era profundamente simpático; graças a ele, é hoje execrado. A luta de classes é uma tática perniciosa que desviava do socialismo aqueles que seriam seus melhores elementos, sem lhe conceder a mínima força. A classe operária sozinha é incapaz de transformar a sociedade e dirigir o mundo novo.

O marxismo o responsável pelo malogro econômico da Revolução Russa.

“O socialismo deve rejeitar tudo quanto é demagogia e violência e se tornar um partido da justiça e da razão, em se criticando o regime atual, deve-se antes de tudo, apresentar as bases positivas de um regime melhor”.

Felizmente, todos os socialistas não são marxistas; Ramsay MacDonald(3) o chefe inconteste do Partido Trabalhista, 1° Ministro da Grã-Bretanha, refere-se enfaticamente a este propósito em seu discurso de Brighton fazendo um relatório do processo do materialismo.

Um despacho de Londres, com data de 7 de março, anuncia-nos que ele falou nestes termos em uma reunião do Conselho Nacional das Igrejas Livres:

“sou daqueles que tem fé no Estado Socialista, não me sinto envergonhado nem amedrontado por isso. Mas há dois socialismos: um é uma filosofia e um sistema de vida; o outro um meio eleitoral. A ideia de classes é um tóxico para o espirito social”.

A respeito da atmosfera de recolhimento moral do domingo britânico ele acrescenta

“que gostaria de ver um Estado de Sociedade mais conforme a esta atmosfera, melhor para a formação do caráter e da disciplina mútuos do que aquela do domingo francês característico da necessidade moderna de distrações”.

Compreende-se, sob sua forma cortês, o sentido crítico destas últimas palavras, visando o público francês; é que Ramsay MacDonald não ignora que nós socialistas perdemos de vista o ideal espiritualista dos homens de 89 e de 48. É preciso também confessar que muitos dentre eles, na hora atual, adotariam voluntariamente, a senha: detestar e possuir. A massa cega procura acima de tudo o dinheiro e seus prazeres; ela não tem outro deus que não seja o lucro e outra regra que não seja o apetite. O belo entusiasmo que reinava entre nós durante a guerra, em todas as classes, e produzia a admiração do mundo, essa união patriótica que salvou a França, foi afastada para dar lugar à debilidade de uma parte, e, de outra o desencadeamento da cobiça. Nas horas de decadência do império romano, a multidão gritava: “Pão e Circo!”. Em suma, chegamos em nosso país a essa situação e o que se passa em torno de nós seria o índice de uma ruína próxima?

Depois do grande exemplo de heroísmo e de uma união sagrada é triste oferecer ao mundo o espetáculo de nossas divisões. Ao invés de atiçar as más paixões e impelir a luta de classes, aprendamos todos a grande lei que regula o destino dos indivíduos e dos povos e faz tombar sobre eles as consequências das ações cometidas.

Temos todos necessidades uns dos outros. Um mal entendido profundo existe entre os diferentes meios sociais. Ora, toda demarcação entre eles é arbitrária. Entre os “burgueses”, muitos trabalham tanto quanto os operários. O homem que possui um capital e que o faz produzir, pode parecer desocupado, entretanto ele presta serviço ao seu país, pois que seu capital, frutificando, permite-lhe empreender obras novas. Se eles fracassam, a perda não atinge senão ele e não a coletividade. São as classes médias que têm mais a sofrer com a crise econômica, mais até mesmo que o trabalhador, cujo salário seguiu a mesma progressão do custo de vida. Certamente os pequenos negociantes se tornaram novos ricos, mas, quantos antigos burgueses, pequenos rendeiros, não se tornaram de novo pobres?

O trabalho é um dever social para todos os seres em vista da evolução. Esta não se acomoda na beatitude ociosa nem na passividade, ao contrário a atividade do ser se acresce na medida de sua elevação. Mas, a certa altura, o trabalho é puramente intelectual e sem fadiga. Sobre nosso planeta inferior, tudo necessita de esforço. Aqueles que vivem ociosos aproveitando-se do trabalho dos outros devem se lembrar que são levados a isso outros homens a necessitar de maior atividade no domínio da produção. Todos devem participar da obra social, seja intelectualmente seja materialmente. A união da inteligência e do trabalho é necessária para assegurar a obra humana.

As pretensões recentes do socialismo, em diversos meios, de dar a supremacia ao trabalho manual sobre a inteligência, leva fatalmente a um enfraquecimento desta. Disto resulta uma regressão geral, uma contradição das leis e das finalidades do Universo que eles ao contrário, concedem a supremacia ao espírito sobre a matéria. Eis porque o verdadeiro ponto de partida dos socialistas deveria ser a educação, o ensino. O progresso intelectual e moral realizando-se de início o ensinamento, em razão disso o progresso material seria inelutável consequência.

Toda tarefa da inteligência compreendida e realizada, enobrece aqueles que dela sentem a grandeza, e a causa socialista não poderia senão beneficiar-se, às suas reivindicações por vezes justificadas, se ela acrescentasse essa noção do ideal do espiritualismo que resume todas as aspirações generosas e as esperanças da Humanidade.


Notas de rodapé:

(1) Proudhon, Pierre Joseph (1809-1865) - Literato, economista e sociólogo francês; um dos precursores do anarquismo contemporâneo. Sonhava com a perpetuação da propriedade privada e criticava a propriedade capitalista do ponto de vista pequeno burguês. No “Manifesto do Partido Comunista”, Marx e Engels fazem notar o encarniçamento de Proudhon em conservar “...a sociedade atual, mas sem os elementos que a revolucionam e a decompõem”. Ou dito de outra maneira, sem o proletariado revolucionário. Proudhon era um adversário da luta de classes, da revolução proletária, da ditadura do proletariado. Segundo ele, um “banco popular” que dispensasse o crédito gratuito permitiria aos operários adquirir os meios de produção e converterem-se em artesãos. Igualmente reacionária era a ideia utópica de Proudhon relativa aos bancos de intercâmbio que assegurariam aos trabalhadores a colocação equitativa de seus produtos sem atentar contra a propriedade capitalista dos instrumentos e meios de produção. A negação anárquica do Estado não impediu Proudhon de coquetear com o governo de Napoleão III, com esperanças de realizar os seus planos com o apoio do regime bonapartista. As obras de Proudhon, inclusive a “Filosofia da Miséria” (1846), são próprias de um metafísico que aborda a sociedade de um ponto de vista da justiça eterna, abstrata, e dada de uma vez por todas.
A história da sociedade, considerada a maneira do idealismo absoluto (de resto notavelmente vulgarizada de Hegel, não é para ele mais do que a história das ideias e trata de apresentar em seu desenvolvimento dialético. Agora vem a dialética proudhoniana que não tem nada a ver com a dialética hegelíana. Para Proudhon, a unidade dos contrários é uma soma mecânica de lados (bons e maus). Dessa maneira ele propunha reformar o capitalismo eliminando seus lados maus e criando o bom capitalismo. Proudhon é um dos fundadores do anarquismo. A “Filosofia da Miséria” foi submetida a uma critica implacável em “A miséria da Filosofia”, obra de Marx). (retornar ao texto)

(2) Bolchevismo: Pensamento da ala radical do Partido Social Democrata Russo, chefiado por Lênin. A origem etimologia do termo bolchevique (Bolshintsvo) relaciona-se com a votação levada a efeito no segundo Congresso de Bruxelas em 1902, em que a ala radical obteve maioria sobre os moderados, denominados mencheviques (menshivtvo, minoria). Os bolcheviques recomendavam o emprego de práticas revolucionárias, o fim da colaboração dos partidos burgueses e uma organização centralizada do partido, na qual só se admitiriam revolucionários profissionais. As diferenças ideológicas aumentaram a tal ponto que durante o III Congresso e na Primeira Revolução Russa de 1905, que os bolcheviques romperam definitivamente com os mencheviques. Em 1912, formaram numa Conferência de Praga um partido próprio, o Partido Trabalhador Social Democrata da Rússia. A 7 de novembro de 1917, os bolcheviques apoderaram-se do governo pela insurreição armada e instauraram a Ditadura do Proletariado, esforçando-se para pôr em prática o programa integral do marxismo. Finalmente em 1918, o Partido Bolchevique, por proposta de Lênin adotou o nome de Partido Comunista Bolchevique, denominação que conservou até 1952, quando mudou para Partido Comunista da URSS (antiga União das Repúblicas Socialistas Soviéticas) - Nota do Tradutor. (retornar ao texto)

(3) MacDonald, James Ramsay - Político inglês (Lossiemouth, Escócia. Faleceu em alto-mar em 1937). Socialista na juventude, ingressou em 1884 no movimento trabalhista inglês. Em 1900, colaborou na organização do Partido Trabalhista (que lideraria de 1911 a 1914). Em 1916 foi eleito para uma cadeira do Parlamento, que só perderia em 1922. Nesse ano, voltou também a liderar o partido, Em janeiro de 1924, como Ministro das Relações Exteriores do primeiro gabinete trabalhista da Inglaterra, esforçou-se por uma aproximação com a URSS. Esse gabinete caiu em novembro de 1924, mas, em 1929, a vitória eleitoral de seu partido lhe restituiu o cargo. A grande depressão económica de 1929 levou-o a uma política severa; no ano seguinte o descontentamento gerado por essas restrições conduziu a uma cisão no próprio Partido. Em 1931, MacDonald formou um gabinete de coalizão com os conservadores e liberais. Esse governo, entre outras medidas, aboliu o padrão ouro e transformou as colónias inglesas em comunidades relativamente independentes. Em junho de 1935, MacDonald abandonou a direção do governo de coalizão e, em 1937, ocupou o posto de lorde presidente do Conselho no gabinete nacional chefiado por Stanley Baldwin. Morreu numa viagem à América do Sul. (retornar ao texto)

Inclusão 07/08/2018