Érico Czaczkes Sachs

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1922-1986
Obras disponíveis

Nasceu em Viena, em 1922. Filho único numa família judia, proveniente de Tchernowitz (fronteira da Áustria-Hungria com a Rússia até 1919), seu pai era membro destacado da Social-Democracia austríaca e sua mãe, nascida na Rússia, conhecia de perto o Partido Bolchevique, dada a circunstância de ter um irmão militante nas fileiras do partido russo. Em 1934, Erico acompanha a sua mãe, Sina Ida Czaczkes, numa viagem que representaria a sua primeira emigração: mudam-se para a Rússia... Instalados em Moscou, Erico passa a freqüentar a Escola Karl Liebknecht, onde permaneceria até 1938 [1937 - nota MIA]. Os quatro anos em Moscou marcaram decisivamente a sua formação intelectual. A escola era freqüentada principalmente por filhos de refugiados alemães, embora também abrigasse jovens de outras nacionalidades. Foi nesse período que Erico estudou pela primeira vez o marxismo, ao tempo em que obtinha informações da oposição a Stalin. Seus contatos com os militantes da Oposição valeram-lhe a expulsão da Rússia, em 1937.

De volta para a Áustria, Erico e sua mãe lá não permanecem mais que alguns meses: O clima de perseguições aos judeus tornava impraticável a sua permanência na Áustria.  Para Erico, com apenas dezesseis anos, já era a terceira vez em que se via obrigado a abandonar um país.  Foge da Áustria a pé, alcançando a Bélgica através de território alemão e daí chega até a França.  Em Paris, procura Thalheimer e Brandler, os líderes da Oposição Alemã.  Torna-se o mais jovem militante da KPO (Oposição Comunista Alemã) no exílio.  Morando com Thalheimer, além das discussões sistemáticas que mantem com o principal líder da Oposição Alemã, encontra-se com outras figuras destacadas do comunismo, como Víctor Serge, e com militantes do POUM.

Em 1939, Erico e sua mãe decidem emigrar para o Brasil. Em seus primeiros passos no ambiente brasileiro, aos poucos foi conhecendo a realidade do nosso movimento operário.  Trabalhando como gráfico, participou da organização dos gráficos paulistas.  Posteriormente – a partir do final da década de quarenta – foi jornalista, e seus artigos publicados no Correio da Manhã dão uma rica visão panorâmica do mundo no pós-guerra.  Progressivamente, sua influência intelectual foi se firmando junto a segmentos da esquerda brasileira.

Erico trouxe para o Brasil a tradição aberta por Rosa Luxemburgo e outros de que  cada nova revolução é uma fonte de novas experiências, mas não cabe acatar o stalinismo, o trotsquismo (nem o maoismo ou o castrismo) como métodos ou sistemas.

Durante a década de cinqüenta, exerceu, no Brasil, grande influência na preparação ideológica de uma corrente de pensamento, trabalho que culminou, em 1960, na convocatória para o 1º Congresso da Organização Revolucionária Marxista, Política Operária.

Em 1969, Erico foi preso pelo DOPS carioca.  Conseguindo fugir da prisão, refugia-se na Embaixada da Áustria [embaixada do México - nota MIA] e, em 1970, pela quarta vez em sua vida, tem que abandonar um país.  Mas desta vez trata-se do país que, voluntariamente, escolheu como seu.  Na sua volta ao Brasil, em 1980, integra-se no Partido dos Trabalhadores, no Rio de Janeiro. Durante a ditadura um dos pseudônimos utilizado por ele foi o de Ernesto Martins.

Erico morreu no Rio de Janeiro, em 9 de maio de 1986.  Seus últimos anos foram vividos em condições materiais extremamente precárias, virtualmente relegado ao isolamento e à miséria.  Velho comunista, mais de uma vez lembrara da célebre colocação de Rosa Luxemburgo sobre o “isolamento revolucionário”.  Para ele, a consciência do próprio isolamento era também a certeza do caráter circunstancial dessa situação, sobre a qual se projetava a convicção da vitória final que caberá à sua causa, à sua ideologia e à classe à qual aderiu.  A história do comunismo está repleta de exemplos como esse.

Leia mais no Dicionário Político

Obras disponíveis
1957 - nov O Comunismo Nacional nas Democracias Populares
1958 - jan O Movimento Revolucionário Brasileiro na Encruzilhada
1959 - dez Luiz Carlos Prestes e seus aliados
1960 - jul Convocatória para o 1º Congresso da POLOP
1962 - jan A Falsa Mudança
1963 O Crescimento do movimento operário e as tarefas da vanguarda
1963 - fev Coexistência Pacífica e Luta de Classes
1963 - out Política Operária e as divergências sino-soviéticas: Restabelecer os ensinamentos de Marx e Lênin
1963 - out Por uma frente dos trabalhadores da cidade e do campo
1966 - abr A propósito da constituinte
1967 Classes e Estado - Democracia e Ditadura (Subsídio para a discussão do Programa)
1967 - mai Formar a Vanguarda Proletária - A Linha Estratégica da Organização
1967 - mai Mais uma vez a pequena burguesia
1967 - jul Aonde Vamos?
1967 - out Depois do Congresso
1968 Luta Armada e Luta de Classes
1968 Partido Vanguarda e Classe
1968 - jun Nosso trabalho nos sindicatos
1970 Caminho e Caráter da Revolução Brasileira
1971 - abr Currículo
1971 - out Sobre a Avaliação da Situação da URSS
1974 - jul Carta de Longe
1975 Liquidar o passado para destruir o futuro?
1975 O Marxismo e Luta de Classes - Questõs de Estratégia e Tática
1975 - jan Palavras necessárias
1975 - set Nove teses
1975 - out Como aprender, com quem aprender - Sobre as considerações de Raul Villa a respeito da luta por "Direitos Democráticos" — coletânea
1975 - out Sobre o Fascismo, de August Thalheimer
1976 - fev Liquidação das conquistas democráticas
1976 - mar Carta a Theodor Bergmann
1976 - abr "Entre Jena e Leipzig" e "O Fascismo, A Pequena-Burguesia e a Classe Operária, de August Thalheimer
1977 A crise que se avizinha... a crise pela qual passamos
1977 - mai Meias-verdades não resolvem
1978 Carta aos companheiros
1979 Apontamentos
1980 - mar A cisão no campo socialista
1980 - mar Subsídios para uma análise da situação internacional
1981 Linha sindical até que ponto?
1981 Qual é a Herança da Revolução Russa
1981 Superar o impasse
1981 - jan O sindicato livre será uma conquista das bases operárias
1981 - out De que tipo de organização necessitamos?
1982 - fev Sindicalismo hoje
1982 - jun Que podemos esperar das eleições?
1982 - jul A crise do socialismo polonês
1983 O PT e o Partido Revolucionário
1985 Os trabalhadores e a Constituinte
1985 - fev Andar com os Próprios Pés
  Carta a um "Revolucionário que se preza"
  O PSB e a fase atual da luta de classes
  Érico Sachs/Ernesto Martins - Um militante revolucionário entre a Europa e o Brasil

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Abriu o arquivo: 04/12/2012
Última atualização: 28/12/2023